segunda-feira, 21 de julho de 2014

Rádio pública e política: depoimentos sobre a Rádio Difusora de Alagoas

Falei no texto de maio sobre a minha primeira publicação em revistas científicas, hoje é a vez de tratar sobre a primeira publicação em livro que, na verdade, foi também o meu primeiro artigo propriamente dito, lá em 2009, que para certa surpresa viria a ser publicado num ebook após o evento em que participamos.

Em 2008, apresentei um artigo do núcleo de estudos em que fazia parte num evento em Aracaju, escrito em várias mãos porque fazia parte de uma pesquisa sobre os grupos de mídia alagoanos. Além de termos nos dividido em pequenos grupos naquele momento inicial para análise por mídia, o artigo foi feito por outra pessoa, que juntou nossas informações, e eu fiz apenas revisar e apresentar.

No ano seguinte eu estava estagiando na Rádio Difusora de Alagoas, a pioneira no Estado e parte do espectro público-estatal de comunicação. Uma amiga, colega da universidade, que estava naquele momento na TV Educativa, do mesmo complexo, chamou-me para escrever um artigo sobre a rádio, onde ela tinha estagiado meses antes, se não me falha a memória.

Como fazia naqueles tempos de caça às oportunidades, topei. A proposta era escrevermos sobre a história da Difusora e enviarmos o trabalho para o Encontro Nacional de História da Mídia. Um primeiro problema era que a avaliação seria por resumo. 10 linhas mais título e palavras-chave. Ainda hoje uma das piores coisas é ter de enviar a proposta antes, ainda que com resumo expandido seja um pouco melhor. Como fazer isso com um trabalho que estava a ser feito? Pedimos algumas pessoas para revisar o que propúnhamos e enviamos.

Com a proposta aceita, partimos para a segunda etapa. O objetivo era contar a história da rádio a partir de depoimentos de quem vivenciou boa parte da história dela. Tínhamos contato diário com um técnico que ainda estava trabalhando, conseguimos o de uma radialista que é um dos grandes nomes do radialismo alagoano, e só não conseguimos acertar o terceiro nome, mas havia um livro publicado por ele com parte da história.

Dividimos em partes, com cada um fazendo determinada análise e juntando depois. Lembro que não sabia por onde começar, pela falta de experiência em produção acadêmica, que era refletida até mesmo na dificuldade de se conseguir referências bibliográficas. Para dizer a verdade, o "costume" vai sendo adquirido conforme os artigos vão passando e ainda assim novos objetos de estudo podem exigir mais.

O evento foi bem diferente. Estávamos terminando a graduação e caímos no grupo de Mídia Sonora do Encontro que já tinha certo histórico, especialmente pela participação em outros eventos, caso do congresso da Intercom. Diga-se de passagem, um dos grupos de pesquisa mais organizados do país em termos de projetos coletivos e publicações. No grupo só tínhamos nós dois e outra moça do Pará de estudantes, então não tinha como não ser meio intimidador.

No final das contas deu tudo certo. Recebemos algumas contribuições e já durante o GP soubemos que o texto seria publicado num ebook, como foi confirmado posteriormente, o que foi muito bom para aquele estágio que nos encontrávamos.

De vez em quando eu busco ver se algum artigo vem sendo aproveitado como referência para outros trabalhos, algo meio narcista, é verdade, mas também para saber como determinada ideia está sendo apropriada, e percebi que este foi utilizado como referência de outros pesquisadores alagoanos em artigo recente. Uma das dificuldades que tivemos na época do artigo foi a falta de referências sobre o espectro público-estatal alagoano e felizmente pudemos colaborar para termos mais dados para pesquisas futuras - ah, minha monografia foi sobre a TVE.

Segue abaixo o resumo do artigo cujo livro pode ser lido/baixado no site da editoria da PUC-RS:http://www.pucrs.br/edipucrs/midiasonora.pdf

Resumo

A partir da iniciativa de compreender a complexa relação entre comunicação pública e política, Alagoas apresenta-se como um ambiente ideal para tal estudo, devido ao seu histórico de coronelismo político transposto para os meios de comunicação. Pioneira no Estado, a Rádio Difusora de Alagoas (AM 960khz) sempre foi de propriedade “pública” e traz em seus 61 anos fatos políticos marcantes, com personagens importantes para a formação da sociedade local. Este artigo tem como objetivo resgatar parte da história da emissora – desde a sua criação, para difundir os resultados do jogo-do-bicho, até os dias atuais –, através dos depoimentos de radialistas, jornalistas e artistas que fizeram a história do rádio alagoano, de forma a questionar, acima de tudo, o papel social de uma rádio pública.

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