sexta-feira, 8 de junho de 2012

[En busca de El Dorado] Hace mucho frio!

Último dia de evento na Universidad Nacional de Quilmes e um gostinho de morar, estudar e trabalhar aqui na Argentina só aumentou. Sinceramente, o nível crítico de grande parte das discussões feitas pelo pessoal do grupo de pesquisa daqui, que também estuda via Economia Política da Comunicação, é excepcional. Muitos novos pesquisadores com um interesse muito grande em desvelar as relações de poder no setor comunicacional a partir de variados objetos de pesquisa.

Além disso, por menor que seja, a UNQ permite que se coloque cartazes de cunho político no hall principal. Hoje, a faixa sobre as Ilhas Malvinas deu lugar a uma série de cartazes sobre a manifestação política que ocorrerá amanhã no Centro, dentre outras coisas, por melhorias trabalhistas. É de arrepiar só de pensar no alto nível de mobilização social - de qualquer setor político - daqui, algo que ainda retornarei a falar ao longo do texto.

No evento acabou-se tendo a confirmação de que nosotros brasileños entendemos bem mais o castellano que os hispanos entendem o português. O legal desse evento - ao contrário da ALAIC, por exemplo - foi que os organizadores argentinos, professores Guillermo Mastrini e Martín Becerra, pediu para que nós brasileiros falássemos em português, independente de sabermos ou não o espanhol, de forma que eles também pudessem se acostumar.

Apesar disso - ainda também que estivesse num "comboio" -, deu para praticar o espanhol. Além de falar com um ou outro nos intervalos do evento, principalmente com o estudante de graduação que pesquisa futebol, aproveitei para almoçar hoje cercado por argentinos, duas mulheres e um homem. Ele morou em São Paulo no início da década de 1990 por alguns anos e chegou a passar algumas férias anuais no Brasil, de forma que conhecia Maceió (!!!!), Recife e Salvador, dentre outros lugares. Una chica tenia ido a Porto Seguro. Enquanto a outra foi ao Rio de Janeiro e passou pelas praias pernambucanas, prometendo volta.

Óbvio que com menos de um semestre de aulas de Espanhol não dá para sair falando tudo, há coisas que tenho dúvida na hora, às vezes perguntando como se diz tal coisa, ou um portunhol em algumas frases, porém, estou muito melhor que no ano passado, quando encontrei quatro colombianas em São Paulo e um casal argentino em Recife.

Daqui só uma pesquisadora, que acabou apresentando uma interessante comparação entre a implantação da TV Digital no Brasil e na Argentina, falava bem português. Ela passou cinco meses no Rio de Janeiro, voltando em fevereiro deste ano, e já conseguia falar bem - inclusive, com um pouco do sotaque carioca...

Enfim, depois do evento, resolvemos dar uma volta pelo Centro de Buenos Aires, onde pude adquirir a mais nova camisa da minha coleção de campeões dos locais visitados: Club Atlético Boca Juniors. Ao contrário de Montevidéu, o centro da capital tem várias lojas e bancas com réplicas de camisas, seja da Seleção argentina ou dos clubes. Assim, gastei apenas 90 pesos argentinos, algo equivalente a 45 reais nela.

Quando passamos perto da Plaza de Mayo, encontramos com algumas senhoras, de classe média, batendo panelas e seguimos em direção à praça/Casa Rosada para vermos mais um cacerolazo. Aqui, como apontei no início deste texto, direita, centro, esquerda e demais grupos com diferentes posições político-ideológicas vão às ruas protestar.

Hoje foi o dia do pessoal da classe média (para cima) ocupar a Plaza de Mayo com faixas, panelas, com pulos e até o hino da Argentina pedindo uma "atenção maior" da presidenta Cristina com os ricos, para que ela faça um "governo para todos" e criticando a corrupção - típica peronista - em seu governo.

Seguimos caminhada em direção a Puerto Madero, região de amplo desenvolvimento, com grande passagem da "elite" do país. Paramos no meio do caminho para comer empanadas, que são muito boas, e ficamos no restaurante por um tempo, sendo atendidos por una mesera que se soube traduzir-nos o que tínhamos dúvida por conta da língua.

De lá, após uma "difícil decisão", enfrentamos a noite gélida de Buenos Aires e seguimos a Puerto Madero, de forma a vermos a Puente de la Mujer e os bares, bancos e prédios (espigões) a região rica da cidade. Após um passeio de cerca de quatro horas, e com alguns companheiros com partes do corpo semi-paralisadas, retornamos ao hotel. Eu, pelo menos, estou com uma grande expectativa para amanhã. La Bombonera nos espera!

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