domingo, 17 de junho de 2012

[Em busca do El Dorado] O contemporâneo cult do Saturno de José

tempos que eu não saía de um show de uma banda que até então não desconhecia com uma agradibilíssima surpresa. Uma sensação de "o que esses caras estão fazendo aqui, um lugar sem palco, com pouco público?". 

Na época da graduação, pude ver colegas se juntarem para um única apresentação no "Samba Sim", o que me fez buscar de forma voraz tudo o possível sobre samba, de Cartola e Noel Rosa a Tereza Cristina e as Velhas Guardas da Portela e da Mangueira. Depois, vi um desses meus colegas formar um grupo, o "Malacada", em que pude acompanhar algumas apresentações - como o sensacional tributo a Paulinho da Viola, no Teatro Linda Mascarenhas.

O colega da vez é do grupo de pesquisa, que atua há algum tempo conosco no nosso Núcleo de Estudo, como costumo dizer, um "achado" sem tamanho enquanto pesquisador. Foi na nossa última reunião, na quinta-feira, que ele fez o convite para acompanharmos a apresentação da "Saturno de José" em Canoas, fechando um campeonato de skate realizado num skatebar da cidade. 

De pronto, afirmei que provavelmente iria. Converso com ele de vez em quando sobre músicas e nós temos muita coisa em comum. Basta dizer que ele acha Tom Zé um gênio. Então, mesmo não sabendo necessariamente o "estilo" da banda, por nunca ter ouvido antes - apesar do convívio rotineiro -, sabia que só devia ser coisa muito boa.

Na sexta-feira é que eu fui catar algumas coisas, achando o making of da gravação do EP, que deve ser lançado em agosto deste ano. Não havia muita música, mas já era muito animador. Afinal, quem me conhece sabe que não sou muito de sair de casa, se tivesse uma impressão não muito legal à primeira vista, até o céu nublado serviria de desculpa - por mais que eu esteja cheio de trabalhos a fazer, com prova no Espanhol na segunda...
Após ter me achado em Canoas, afinal eu sou péssimo de localização geográfica, cheguei no skatebar e acabei encontrando dois estudantes de Comunicação da Unisinos ali, pretendiam fazer um trabalho de rádio para um concurso nacional e acabou que não deu certo. Disse para eles que estava ali para acompanhar a "banda de um colega de grupo" e eles foram ficando.

A moça ainda me perguntou qual era o estilo da banda e eu respondi que não sabia. Depois, fiz essa pergunta ao meu colega e ele me disse que não gosta de rótulos, pois tocam samba, algo mais parado ou mais movimentado, enfim, não tem algo claro.

O evento estava programado para começar às 10h, mas só teve início às 13h. Eu, que cheguei às 17h, porque foi a hora que me disseram que começariam os shows, fiquei lá com o pessoal da graduação, tentando ajudá-los na pauta que eles queriam fazer e propondo outras coisas, como a cobertura do evento, já que estavam por ali. Só não sabíamos que ia demorar tanto. Como nós vimos baterias de skate, ouvimos o locutor gritar OOOOOOOOOOOLLLLLLLLLL e coisas do tipo.

Eu até que gosto de skate, por mais que a rampa fosse pequena e, óbvio, não dar para esperar um Bob Burnquist, Mineirinho ou Tony Hawk por ali. Os meus companheiros nem tanto. Na verdade, eu estava ali mais para ver o show que para ver skate, mas me surpreendi com a organização do evento - apesar do atraso. Afinal, eles colocaram uma câmera na pista e as imagens podiam ser vistas do lado de fora; tinham locutor e até um DJ tocando hip hop a noite inteira.

Lá pelas 21h é que o show foi começar, após o final de todas as baterias possíveis e imagináveis. Um amigo, também do nosso Núcleo, chegou depois e ainda teve que conversar algum tempo conosco até começar o show. Mas como valeu a pena ter esperado!

Foram realmente variados ritmos, de sambão no melhor estilo Monobloco, ao baião e músicas mais suaves, mas com uma boa pegada de percussão e bateria. Além dos instrumentos de sopro que dão um toque especial às canções, todas elas de autoria própria, mas que fazem qualquer um, ao menos, balançar a cabeça quase que automaticamente.

O ainda mais curioso é a circulação entre os cinco integrantes da "Saturno de José". Pelo que me disseram depois, a banda foi formada depois de um racha de outras duas, em que "sobraram" dois guitarristas e dois bateristas, então é por isso que eles têm que trocar de lugar ao longo do show. Só o meu colega tocou teclado, bateria, pandeiro, contra-baixo, apito e um outro instrumento de sopro que não conheço o nome.

No final, acabei definindo o estilo como "contemporâneo cult", produzido pelos "herdeiros" de Los Hermanos, mesmo que não seja assumida uma influência direta, e que muito me lembrou Móveis Colonias de Acaju pela pegada e a multiplicidade de ritmos.

Por conta do problema de captação de áudio do meu celular, até captei imagens, mas o som não ficou tão legal. Porém, quem quiser conferir "Saturno de José", há apresentação marcada para o domingo que vem (24) para o "Rock na Praça", em Esteio. Eles estão terminando um EP, que deve ficar pronto em agosto e ser distribuído livremente pela internet.

Saturno de José
Integrantes: Daniel de Bem, Gibran Vargas, Hiozer Rezoi, Ivan Lemos, Tiago Sudatti


Nenhum comentário:

Postar um comentário