quarta-feira, 30 de abril de 2008

COLUNA

CRÍTICA DA MÍDIA




Valeu o tremor
Foi necessário um tremor de terra de 5,2 graus na escala Richter - sentido principalmente na maior metrópole brasileira - para a mídia nacional mudar o foco, temporariamente, de um assunto que serve como exemplo-mor de sensacionalismo: o caso Isabella Nardoni.


São Paulo: este foi o estado responsável pelos fenômenos quase inéditos em territórios verde-amarelos. É claro que o assassinato brutal da menina de cinco anos chocou o país, mas a forma pela qual isso está sendo utilizado pela mídia é demasiadamente grave. Ao expor vidas e detalhes particulares de pessoas como espetáculo, mudou até a sua forma de noticiar.

Enquanto estávamos acostumados a esquecer rápido vários assuntos graves, aprendemos com este episódio a ler, ouvir e falar sobre um único tema e, com isso, esquecer todos os outros, relegados ao ostracismo. Nem a velha e péssima política alagoana foi citada através da quadrilha pluripartidária e ideológica desvendada pela Operação Taturana!

Até a alteração de foco foram 22 dias ininterruptos e vários programas, de todos os gêneros, tendo o caso Isabella como tema principal. Porém, nada como um dos maiores tremores de terra da história deste país − o maior ocorreu no Ceará na década de 1970, que atingiu 6 graus na escala Richter.

O telejornal "Bom dia Brasil", TV Globo, ilustra essa mudança. Após passar uma semana contando os dias da morte, ele começava assim: “10 dias da morte da menina Isabella e...”; e passou para, no dia 21 de abril: “Um tremor assusta São Paulo,...”. Ufa! Alguns telespectadores nem agüentam ver só isso, não necessita ser crítico da mídia para estar cansado.

O domingo da reconstituição do crime, 29 de abril, foi entrecortado por cenas de tal fato na maioria dos canais televisivos do país, qunado não representou a programação inteira - caso da Record News. Isso só para ficar no maior meio de comunicação.

Pois é, a trégua não durou muito. Pelo menos pudemos respirar. Esperemos que a natureza continue nos salvando do sensacionalismo, especificamente através de uma ética do ser humano, o que será difícil de ocorrer neste mundo individualista.


ATRAPALHOU O tremor “atrapalhou” até o “melhor capítulo” da novela Duas Caras, segundo o autor Aguinaldo Silva. Só não precisava reclamar de um fator natural. Começam a achar que mandam em tudo, mas na natureza não.

LIDERANÇA? Desde que assumiu a liderança na audiência, e lá se vão mais de trinta anos, a TV Globo nunca foi tão ameaçada quanto agora. Os montes de dinheiro dos bispos da Record serviram para a melhoria na estrutura física e na contratação de pessoas que passaram pelo "Plim-plim", além da repetição dos formatos de programas e telejornais. Só muda o nome da emissora, mas o conteúdo líder continua o mesmo.

POLÍTICA Exemplo de influência política nos jornais alagoanos: a passagem do prefeito de Maceió na Polícia Federal. Eis as manchetes: “Prefeito vai à PF e conta tudo” (O Jornal) e “Almeida depõe à PF e é indiciado na Taturana" (Gazeta de Alagoas).

CQC Desde a sua estréia em março, muitos elogios para o resumo crítico/cômico do Custe o Que Custar, da Band. Baseado em original argentino, os populares, políticos e demais famosos ainda não se acostumaram com as novas perguntas para as mesmas coisas.

CQC 2 Inclusive, o repórter Danilo Gentille foi expulso da Câmara dos Deputados após fazer perguntas desconsertantes aos nobres (sic) deputados federais. Como provado na edição seguinte, nem na ditadura víamos tal atitude.

CQC 3 Um dos destaques críticos do programa é o quadro “Proteste Já”, do repórter e apresentador Rafinha Bastos. Nada passa da sua denúncia irônica, nem mesmo os casos mais ridículos e graves que acabam sendo banalizados.


Um comentário:

  1. Gostei da coluna. Só tem alguns errinhos de digitação. Depois tu acerta. (Sou chato né?!) hehe
    Eu tenho uma criticazinha para fazer ao CQC. É que eles foram para um salão de arte em São Paulo e começaram a ridicularizar com as peças expostas, favorecendo a máxima do senso comum de que aquelas obras de arte é tudo besteira e de que qualquer um pode fazer uns risquinhos num quadro. Sacou? Um programa com pessoas tão sagazes não pode fazer prevalecer a mediocridade com relação à arte. E eu fiquei bem tocado pois tu sabe que de arte eu gosto né?
    Mas o programa é bom mesmo e agora eu espero próxima segunda para assistir.
    um abraço meu caro!

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