terça-feira, 19 de agosto de 2014

Próxima parada: Sertão!

"Meu nome é Anderson, tomei posse como professor assistente. Sou jornalista formado em Comunicação Social aqui pela UFAL e fiz o meu mestrado em Comunicação na Unisinos, no Rio Grande do Sul. Lembro do dia 06 de janeiro de 2011, quando colei grau, naquelas colagens coletivas, e tomei um bom tempo do professor Eurico [reitor] para falar sobre os problemas do COS. Falamos sobre o problema maior em resolvê-los e ele me disse que eu estava indo para uma ótima universidade e, quem sabe, talvez voltasse como professor. Fui, voltei a Alagoas antes do que eu imaginava e hoje estou aqui. Tive que correr atrás das coisas porque não tive quem pudesse indicar os caminhos que eu gostaria de seguir, corri muito. Ah, sou de Maceió, ainda que esteja indo para Santana do Ipanema, é uma volta. Por conta disso, o meu sentimento hoje é um misto de orgulho e responsabilidade. Orgulho por poder voltar agora sobre um outro patamar para esta universidade e responsabilidade por também querer oferecer aos colegas estudantes possibilidades que eu tive, com menos dificuldades..."

Eu vinha pensando a um tempo, especialmente nos últimos dias sobre o que falar caso a palavra fosse dada a quem tomava posse hoje. Inclusive se trataria novamente de algo que tratei 3 anos antes. Mas sem os problemas e as correrias daquela época eu não estaria neste momento oficialmente como professor de universidade federal, professor justamente da UFAL. Meus caminhos poderiam ter se facilitados, minha possível volta poderia ter sido amortecida, entretanto, nas dificuldades daqueles tempos é que aprendi a adorar a pesquisa, independente de financiamento e até de orientação; a observar e aprender tanto com os bons e ótimos exemplos quanto com os ruins. Além disso, no nível de exigência que costumo ter comigo, evitar repetir certas coisas e aprimorar outras.

Por mais que eu também tenha pensado bastante sobre como seria este texto e desde o final do concurso, lá em abril, a possibilidade de assumir já estivesse presente, um histórico cheio de pedras no caminho - por exemplo, um exame demorar 10 dias quando o normal seriam 2 -, especialmente nos últimos 2 anos e 1 mês, só poderia acreditar quando estivesse tudo assinado e mesmo assinado ainda é inacreditável.

Inclusive eu tinha pensado em citar o Fabiano e sua família de Vidas Secas - donde surgiu o nome para o meu cachorro -, o Severino de Morte e Vida Severina, Vicente e Conceição de O Quinze e Riobaldo (Tatarana) de Grande Sertão: Veredas. Afinal, estou indo para o Campus Sertão, Santana do Ipanema.

Mas os 2 anos preponderam, período em que, com exceção da dissertação e de algumas coisas derivadas dela, parecia que estava no fundo de um poço sem fundo. Foram tantas coisas que, confesso, chegou um momento que faltava forças para seguir tentando no que seria normal para a minha formação. Até mesmo porque uma das coisas que pensava que seria tranquila virou um baque sem precedentes, muito desanimadora e, o principal, fechando praticamente todas as alternativas pensadas como "o pior possível".

E foi pior, o misto de orgulho com necessidade fizeram-me percorrer outros caminhos. Pouco mais de 4 meses em que as pesquisas ficaram de lado, crises de garganta enormes vieram e até mesmo o futebol foi colocado para escanteio. Justo o futebol, que não me via sem desde provavelmente o primeiro suspiro para fora da barriga da minha mãe. Aprendi muito neste momento, ninguém poderá me dizer que eu não sei como é viver de tal maneira, sob tais condições de trabalho sem nenhuma proximidade de organização classista - ainda que eu instigasse a identificação classista -, mas com opressões de diversos níveis ali presentes, mesmo que poucas comigo.

Saí e vieram dois concursos muito em seguida. Neste, para uma disciplina como "Lógica, Informática e Comunicação", valeu bastante a formação pluralista e crítica formada entre as dificuldades daqui, que me fizeram olhar para outras ciências, e as várias opções do Rio Grande do Sul, quando optei por me focar na Comunicação. A dúvida que pairou na minha cabeça se esvaiu, ainda que seja bem mais fácil afirmar isso hoje que na época ruim, tudo valeu a pena - apesar que poderia ter sido mais leve, ao menos um porquinho mais normal, né?

Foi isso tudo que me fez ter dificuldades em falar hoje, algo incomum para mim. Apesar de tímido (ou reservado), se é algo que eu tenho conhecimento, não me imponho barreiras para expor. Entretanto, era o peso de 8 anos de caminhada por formação acadêmica, acho que em 7 envolvido em alguma tentativa de estudos paralelos ou oficializados. Especialmente o peso dos 2 anos e 1 mês que colocaram-me de uma maneira mais difícil que eu, um pessimista assumido, poderia imaginar.

Aproveito para encerrar com alguns agradecimentos em especial. Aos meus pais, por me aturarem sempre e darem uma ajuda fundamental após a volta a Maceió. A tias que tentaram me ajudar do final do ano passado para cá, especialmente para uma que além de me aturar quatro meses almoçando na casa dela, escutava as minhas várias reclamações tentando me apoiar. Além deles, à galera dessa jornada, Naara Normande na primeira etapa e os outros três de origem de tempos diferentes de COS e de caminhos posteriores distintos, Victor, Mel e Lane, todos nós concorrentes de forma oficial, mas não nas práticas daquela difícil e cansativa semana de provas e após elas. E à Lídia, pelo apoio na passagem de bastão no posto.

Ah, valeu mesmo a todo mundo que curtiu o meu "gol" pela manhã no Facebook. Pessoas de passagens na minha vida a partir de momentos diferentes e de locais diferentes que com suas palavras também confirmam que numa área que não é exatamente a que mais prezo, a de eu me relacionar com as pessoas, até que eu não estou tão mal rs.

PS: Um aviso à Sociedade Esportiva Palmeiras, tendo em vista a nossa "relação cármica", recupera aí no Brasileiro e, quem sabe, leva a Copa do Brasil de novo, vai. A minha parte para melhorar as coisas eu estou fazendo.

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