sábado, 13 de agosto de 2011

Em busca do El Dorado: A primeira aula sozinho


Bem que prometi aos amigos @guerravictor e @mamaedoben outros textos, com detalhes sobre a viagem a trabalho feita a São Paulo, mas um convite de última hora e, para variar, com aceite da minha parte, mudou todas as perspectivas de escrita para blogs. O assunto a ser relatado é a primeira vez que dei aula sozinho - já que comecei uma aula no semestre passado, em que o professor se atrasaria por conta de uma reunião.

Mas antes que todos achem que "estou muito bem", não é bem assim. Um professor amigo de grupo de pesquisa, e de perspectiva revolucionária, com quem desde o começo por aqui faço "estágio docência" na disciplina Radiojornalismo 1, teve alguns problemas quanto aos novos horários de aula deste semestre. Dentre eles, a aula de Rádio 1 foi transferida para a segunda-feira, o que motivou minha ausência na primeira do ano; e o fato de ele ter aula agora também nas sextas-feiras, sua "folga" de Unisinos.

Fato é que ele já tinha marcado uma viagem nesta sexta-feira pela manhã e, após algumas "conversas"  com o coordenador da graduação daqui, nada foi resolvido quanto a um substituto para ele nesta sexta-feira. Então, enquanto fazíamos a reunião do nosso núcleo de estudos - é, estou envolvido em outro desses por aqui também -, ele perguntou se eu tinha o que fazer nesta sexta-feira. Nem precisava dizer do que se tratava, mas ele disse depois: "pode dar mais essa força e me substituir?".

O pânico passou por mim, já que a disciplina era Redação para Rádio e TV, o assunto da primeira aula era "nota coberta". Tudo bem que a minha vida acadêmica "oficial" é estudando TV, tanto no TCC quanto agora na dissertação, além de acompanhar muitos telejornais por conta do trabalho em Maceió, mas a minha prática nessa área é pequena. Aceitei. Era só me preparar que conseguiria.

PROBLEMAS
Como se trata deste autor que vos escreve, é claro que o relato não seria o mais normal possível, de "tudo deu certo"... Quando fui confirmar a sala e pegar a chave para abrir a sala, descubro que o pessoal do posto de atendimento não sabia que este meu amigo tinha aula dia de hoje. Ainda expliquei que mudou neste semestre, mas foi preciso o coordenador aparecer de não sei onde para tentar resolver o imbróglio - após quase meia hora de espera e de estudantes indo e vindo, subindo e descendo.

Eu disse "tentar", já que após mais algumas conversas com os outros dois professores que têm turmas na disciplina, com a definição da sala em que eu deveria estar, enquanto eles dividiriam a outra, ainda fui interrompido algumas vezes pela chegada do coordenador e de um dos professores na sala.

E isso porque não falei ainda da forma como me olhavam quando dizia que ia substituir o professor da disciplina. O coordenador quando me viu no posto de atendimento e foi informado que eu era o substituído perguntou: "Você? Vai substituir o Bruno?". É, na verdade foi um "é você que vai substituir o Bruno?", mas bem que a entonação e a vontade dele eram a de perguntar a primeira opção.

Os dois outros professores também. Um deles, o que entrou na sala, perguntou de onde eu conhecia o Bruno. Tive que explicar que era do mesmo grupo de pesquisa que ele e que também era mestrando no PPGCC desta universidade.

Ah, e as caras dos estudantes quando a outra professora disse que os matriculados em turma tal, que não faço a mínima vontade de lembrar por ter mudado quase tudo um tempo depois, seguissem-me até a sala vizinha!

Car@s leitor@s que chegaram até este blog e não me conhecem. Tenho 23 anos e sou mestrando, com um rosto com algumas espinhas, cabelo cortado baixo, mas que não quer ficar quieto. Enfim, tenho colegas com 21 anos, mas imagino a surpresa dos discentes. Devo ser novo para o que estão "acostumados". Além disso, sou franzino, costas tortas, não dou moral alguma numa primeira visão, ainda mais para ser professor (substituto) de universidade privada.

VAMOS À AULA!
No início, não parava de chegar gente na sala. Até que alguém chegou e reposicionou as pessoas, tendo cerca de 15 a 20 no final das contas para esta aula. Fiz a minha apresentação, a da disciplina e de como imaginava que ela transcorreria ao longo do semestre, incluindo como poderiam ser as verificações de aprendizagem (aqui, "Graus"). Depois, mãos à massa! Encher o quadro de informações sobre notas, mais específico sobre nota coberta televisiva.

Como carta na manga, ou melhor dentro da mochila, puxei o notebook e apresentei três exemplos que havia pesquisado ao longo do dia, de forma a melhor exemplificar o que seriam as tais "notas cobertas". Destrinchei as partes mais importantes sobre a produção, questão do curto tempo e, o principal, busquei por exemplos de empresas diferentes e com conteúdos diferentes. 

A primeira matéria veio do Jornal da Record, um "protesto diferente" de policiais grevistas de Goiás, que colocaram num outdoor um "bem-vindo à terra da violência". Depois, uma matéria da TV dos Trabalhadores, canal aberto de fundação educativa de um sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Por fim, como não deixaria de ser, uma matéria com futebol, do Jornal Nacional.

É claro que não deixei de fazer piadas e criticar algumas posturas profissionais e de alguns órgãos de imprensa. Levando em consideração minha formação social e ideológica não dá para fugir disso. O que é bom, já que descontrai o ambiente e, além do mais, não tiro da cabeça nestes momentos que até o início de janeiro deste ano eu era graduando tanto quanto eles - por mais que não tivesse aula há um ano.

É ISSO!
Saí de lá satisfeito. Apesar que tenho certeza que não chego nem aos pés do amigo que substituí, uma enciclopédia ambulante como costumamos dizer nos bastidores do Periscópio da Mídia. Alguém que ouvi alguns comentários sobre. Primeiro, que eu não assustava tanto quanto ele numa primeira aula; depois, que uma moça fora avisada para não pegar as disciplinas com ele; e, por último, que ele causava amores ou ódios, pessoa esta que gostava muito das aulas dele.

Foi engraçado sair de lá e passar algumas coisas da minha trajetória na cabeça. Pode ter sido algo localizado e ainda bem distante de uma realidade de venda de força de trabalho para o campo da educação, mas foi bem legal ter essa experiência.

Até o fim do semestre já tinha definido participar ainda mais das aulas de Rádio1, agora com obrigação formal com a universidade. Enquanto isso, esta força de trabalho (intelectual) segue com quem é "responsável" por pagar nossas contas.

(Ah, este post marca também os 5 meses aqui em São Leopoldo. Sexta-feira de temperatura "alagoana" = 33º C)

2 comentários:

  1. senti um cheiro de saudade das terras alagoanas...

    fazia tempo que não passava por aqui, muito bom revisitá-lo no ambiente menos esportivo

    sobre texto para tv, pode falar comigo! hehehhehehe

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  2. Acho que compartilhamos desta saudade, Homero. Se tudo der certo mês que vem volto à terra de Graciliano Ramos.

    Se precisar de informações sobre telejornalismo não hesitarei em te consultar. rsrsrsrs

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