quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

2024.20 Amar, verbo intransitivo/ 2024.21 Contos novos/ 2024.22 O Menino Que Queria Jogar Futebol

0 comentários

Neste mergulho pelas obras de prosa de Mário de Andrade, segui por "Amar, verbo intransitivo". O título já tem uma indicação relevante: como amar não precisa de complemento? Inclusive porque o verbo amar é trnsitivo direto. Na definição geográfica, precisa de alguém e sem preposição.

A história parte dessa contradição, a ideia de que as famílias precisam contratar uma mulher experiente para que seus adolescentes aprendam o que demanda paixão e sexo, com um amor controlado por quem é da elite. 

Como marca de texto, algumas passagens do autor se colocando sobre o processo de escrita que, para mim, causou estranheza, mesmo que desse um respiro na sequência da história.

ANDRADE, M. de. Amar, verbo intransitivo. Barueri: Novo Século Editora, 2017.

Eu conhecia dois dos três contos de leituras durante a pandemia. Mas trata-se de um compêndio de contos um pouco diferente daqueles que li antes, pois Mário de Andrade prefere textos mais longos em cada caso, o que exigia um pouco mais de atenção, ou memória, para um livro que eu li com algum distanciamento temporal pela correria de novembro, especialmente.

"Primeiro de Maio" e "O peru de Natal" eram os que já conhecia. O primeiro é bem interessante, ainda que bastante distante temporalmente, para entendermos o trabalhador a partir da perspectiva deste e nas comemorações dos sindicatos. O segundo apresenta reflexos de machismo e das relações familiares. Dos lidos de primeira, destaco "Frederico Paciência", que trata da amizade/paixão de dois amigos durante a adolescência, com encontros, distanciamento e preconceito.

ANDRADE, M. de. Amar, verbo intransitivo. Barueri: Novo Século Editora, 2017.

O primeiro livro de férias foi um dos últimos a chegar em casa. "O Menino Que Queria Jogar Futebol" é reedição de uma história que virou o filme "Inexplicável", que chega neste mês nos cinemas do Brasil para contar a história inexplicável de Gabriel Varandas, pessoense que sobreviveu na base da fé, apoio da família e muita força.

O autor é Phelipe Caldas, colega da ReNEme e que tem um dos melhores textos para tratar do cotidiano que eu já li/leio. Conhecia-o por livro de crônicas, principalmente sobre futebol, além do trabalho enquanto pesquisador de torcidas. Com toda esta habilidade, consegue  trazer a emoção devida de uma história emocionante de uma criança fissurada por futebol e que o tem como estratégia de recuperação de momentos graves, mas também ter a técnica jornalística para a descrição médica de diversos cenários.

Confesso, como indiquei ao autor ainda durante a leitura, que foi um processo em que precisei respirar fundo em vários momentos, com algumas pausas. Meu processo é rápido e, mesmo terminando em poucos dias, gostava quando aparecia algum compromisso que me tirava um pouco do livro para poder voltar com fôlego para ele.

CALDAS, P. O Menino Que Queria Jogar Futebol. João Pessoa: Leevro, 2024.