quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tirar a sorte?

Imagem: Graham Franciose (Proj. One a day)
Relógio biológico ainda refletindo os efeitos da bagunça com o sono no domingo. Levantar uma hora depois do previsto para resolver algumas pendências ainda de manhã para, quem sabe, ir para uma rodada dupla no cinema. Banho e saída já com a mente, como sempre, pensando que não daria tempo, que o cinema, se ocorresse ainda esta semana, só poderia ser na quinta-feira e, ainda assim, um filme. Abre a porta, fecha a porta e saída.

Na descida das escadas do prédio, a zeladora diz que precisava mesmo me encontrar. Na cabeça, instantaneamente, vem: 

"Como posso dizer que agora não posso. Será que é para tirar a lâmpada que ela não alcançou na semana passada e só não me pediu para fazê-lo porque já tinha jogado fora a água para limpá-la?"

Nada disso. Tinha chegado um livro para mim e ela tinha esquecido de aproveitar que estava limpando o bloco para me entregar. Acerto de pegar quando voltasse da universidade. Ela me diz que era só bater na porta da sala dela que me entregava. Eu até sabia qual era o livro, nem precisar perguntar e nem era tão urgente assim.

Caminhando entre o sol e as sombras do caminho para a universidade, entre o friozinho desses últimos dias, ainda que com o céu limpo. Universidade preparando-se para o seu ritmo normal e, para a minha surpresa, a primeira das coisas a fazer foi rápida. Já a segunda... Corrige aqui, confere dali, corrige de novo acolá e o tempo economizado antes foi gasto além da conta depois.

Tudo resolvido, encontro com o professor da segunda. Uma troca de "tudo bens" até eu responder que sim, tudo bem. E rapidez para a voltar em casa. Antes, aquela batida na porta, interrompendo o almoço da zeladora, pego o livro (revista acadêmica) e sigo para correr dentro de casa para não sair atrasado. Para piorar, só na hora do almoço percebi que uma das coisas tinha acabado e precisaria de mais tempo só para ela. O jeito foi usar mais espaços do fogão.

Consigo sair em tempo hábil. Música nos ouvidos. Trem chega. Sentar e ler as páginas iniciais do livro que compara a exposição midiática de Garrincha e Pelé. Senta uma mulher ao lado, que dá o lugar para outra, que desce antes do terminal final. E lá se foram as páginas introdutórias.

Ciente de estar em tempo, mas ainda assim andando rápido. Praça Montevidéu. Uma pessoa olhando documentos, afinal o primeiro papel estava com uma rubrica em baixo. Pela primeira vez me dou conta que as grades em frente à prefeitura podem ser para evitar que os moradores de rua tomem banho na fonte da praça.

Olho para a esquina e vejo um carro esperando as pessoas passarem. As pessoas passam e são interpeladas por uma senhora estendendo a mão. Penso:

"Será que é daquele tipo de mulher que pede dinheiro assim, do nada, ainda que bem vestida?"

Nada disso (2). A resposta vem a seguir, na minha direção:

- Tirar a sorte, senhor?

A cabeça balança de forma negativa. Ela se afasta. Eu atravesso a rua e não tenho como deixar de pensar:

"Não conheço nenhuma sorte, senhora. Não sei se poderia tirar mais de algo que talvez já nem tenha".

Ah, consegui ver a rodada dupla no cinema.

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