quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

[Por Trás do Gol] As expectativas da Seleção com Felipão

Quando soube da notícia da volta de Luiz Felipe Scolari ao comando da Seleção brasileira de futebol, através do Andrés Sanchez, não fiquei satisfeito e não tem nada a ver com a sua saída do Palmeiras no ano passado com o clube bem encaminhado ao rebaixamento. Não. Felipão é um dos maiores treinadores da nossa história, ganhou dois meses antes de sair uma Copa do Brasil com um fragilíssimo elenco. Defendi-o, ou ao menos não o ataquei, até quando pude.

Lembrando, o primeiro time que o atual treinador da Seleção treinou foi o CSA. Ele era zagueiro do clube, onde foi campeão alagoano de 1981. No ano seguinte assumia como treinador e levaria o Azulão do Mutange para mais um título alagoano, saindo após 7 jogos do Campeonato Brasileiro de 1982. Anos depois, e eu nem sabia desse início, Felipão assumiu o Palmeiras e ganhou Copa do Brasil, Copa Mercosul e, o principal, a Taça Libertadores da América de 1999.

Feita a explicação, voltemos ao porquê de eu não ter gostado desta volta e em seguida para um rápido comentário sobre o jogo de hoje, contra a Inglaterra.

Confesso que imaginava a volta de Luiz Felipe quando ele saísse de Portugal, cujo contrato se encerrou em 2008. Com Dunga no comando do Brasil para resgatar a vontade da seleção que se virou aos holofotes e esqueceu do jogo na Copa realizada na Alemanha, na minha cabeça, era só esperar Felipão acabar o casamento com a seleção portuguesa e ele assumiria faltando pouco tempo para a Copa de 2010. Errei.

Desta vez, não esperava que ele assumisse. Ou melhor, não esperava que Mano Menezes fosse demitido como o foi, no final da temporada. Como centenas de jornalistas esportivos comentaram, se era para Mano cair que fosse após o fracasso nos Jogos Olímpicos de Londres. Depois daquilo, ele finalmente conseguiu gerar uma forma de jogo para o time, com Oscar sendo o camisa 10 e Kaká o jogador experiente que faltava ao elenco. Enfim, não adiantaram os elogios do pessoal da Globo a ele no final do ano e não adiantam agora - após várias críticas no período anterior.

Felipão assumiu junto a Carlos Alberto Parreira, numa espécie de comando técnico. Vimos o presidente da CBF, com todo o seu jeito malufista de ser, afirmar a necessidade de mudar tudo, resgatar o lado vitorioso agora com "Felipe Scolari" e "Antônio Carlos". Felipão havia saído há alguns meses do Palmeiras e sempre dissera que não renovaria o contrato em 2013, porque iria treinar uma equipe na Copa do Mundo de 2014. A ideia era esperar o ano terminar e a promessa ser cumprida, mas nem Luiz Felipe ficou no Verdão, nem Marín aguardou. Andrés abriu o jogo dos seus "ex-amigos" antes e a FIFA teria pressionado também.
Fonte: Reuters
NÃO GOSTO DO R10 (OU R49)
Como já disse, tinha visto uma forma de jogo no Brasil nos últimos meses da "era Mano Menezes". Para mim, ao menos por enquanto, só restavam duas dúvidas: um goleiro e o atacante ao lado de Neymar. Apesar de largar em vantagem, goleiro é posição de confiança e Diego Alves não exprimia isso. Hulk não me parece jogador para ser titular do Brasil, mas um bom nome para compor o elenco. Além disso, não haveria centroavante no clube.

Ah, não me venham com "o Barcelona joga sem centroavante" após a lesão do Davi Villa ainda sob o comando de Pep Guardiola. Só a Espanha pode ter como comparação o Barcelona, e olha que o Del Bosque não pode contar com uma peça importantíssima catalã, Messi. Temos que criar uma forma de joga que dê certo com os nossos jogadores. Se for uma parecida com a do Barcelona, beleza, mas e se não for?

Dito isto. Imaginava que com a volta de Felipão, Ronaldinho voltaria a ser convocado. Em 2002, o técnico fez apostas bem mais arriscadas, com as convocações de Ronaldo e Rivaldo, vindo de lesões e jogando pouco nos seus clubes por implicância dos técnicos, e deu muito certo - ajudou também que enquanto as estrelas europeias disputavam a Copa após o final da temporada, eles vinham praticamente de uma pré-temporada, zerados. Ronaldinho jogou bem o Brasileirão pelo Atlético-MG, foi, com certeza, um dos melhores meias do torneio e grande responsável para esse ressurgimento nacional do Galo mineiro.

Ainda assim, se eu já não o queria para a Copa de 2010, agora menos ainda. Ronaldinho teve chances com Mano e não correspondeu. Pela idade, o time precisava de um jogador que assumisse o comando do meio-campo e, consequentemente, do time. R10 ou R49 não correspondeu. Ganso, a "grande esperança" também não. Oscar apareceu, teve confusões, mas assumiu a 10 de forma tranquila apesar de sua pouca idade. Mesmo com Kaká sendo convocado, seguiu jogando bem - e com a 10.

Veio a primeira convocação e lá estava o nome de Ronaldinho, assim como a do goleiro Júlio César. Além disso, Dante, zagueiro de destaque no Bayern de Munique, foi a grande novidade da lista de Felipão, Parreira, Murtosa e cia.
Adriano sofreu pelo lado esquerdo com Walcott (ao fundo)
Fonte: blogaodofutebol.com
ERROS E ACERTOS = DERROTA
Resumindo a minha opinião sobre a derrota de hoje perante à Inglaterra por 2 a 1: os ingleses jogaram muito bem, com rapidez, bom toque de bola, aproveitando especialmente as laterais e o comando do meio-campo com toda a habilidade e destreza de Gerrard; o Brasil teve lampejos de bom futebol, com dificuldades de saída de bola, com Daniel Alves e Adriano presos para marcar, Paulinho e Ramires apoiando ainda menos o ataque - na verdade, sumidos - e Neymar sem maior eficiência lá na frente.

Confesso que olhei meio torto com a convocação do Júlio César. Acompanho pelas notícias o futebol inglês e é fato que ele vem fazendo boas atuações com o lanterna Queens Park Rangers. Ainda que o time ganhe pouco, passou a empatar muito justamente porque leva pouquíssimos gols. Mas e o Diego Cavalieri? Segue sem chances apesar de um grande Brasileiro. (P.S.: Cássio jogou uma boa fase final de Libertadores, uma boa semifinal e uma grande final de Mundial, mas não se mostra regular).

Na partida de hoje, com a falta de entrosamento na defesa, Júlio salvou a Seleção em muitas jogadas. Mesmo o primeiro gol inglês surgiu de rebote de uma grande defesa do goleiro brasileiro, com Rooney marcando no rebote. Na hora, uma grande questão: Por que raios não tinha ninguém acompanhando o ROONEY na marcação? Não é o atacante chinês do amistoso do ano passado, é Wayne Rooney!

Enfim, Júlio César foi cogitado no mercado de inverno para assumir o gol do Real Madrid, por conta da lesão de Casillas, e do Manchester United, de olho numa possível contratação de seu goleiro de Gea para o Barcelona - que quer preparar um goleiro para o lugar de Valdés, que não renovará o contrato. Não saiu, ainda, do QPR, mas mantendo o nível atual é uma grande chance. No fim, o que importa para goleiro é manter a regularidade, se manter jogando. Hoje ele deu um grande passo para ser o titular, ao menos, para a Copa das Confederações.

Além dele, volto a destacar a presença de Oscar no meio-campo da Seleção, ainda que com pouco espaço pela boa marcação inglesa, ele foi um dos poucos a tentar e acertar passes de longa distância. Só no final do jogo é que se aproximou dos atacantes para tentar tabelas. Apesar de hoje estar com a 7, para mim, mantém-se com a 10, é o armador deste time.

Outro destaque vai para o Fred. Entrou no segundo tempo e marcou um gol na primeira jogada. No lance seguinte, manda a bola no travessão. Larga na frente na posição vaga desde a época de Mano Menezes. Luís Fabiano brigou muito, mas não teve chances na etapa inicial.

Falando mal agora. Neymar foi ainda menor que o normal. Perdia no corpo e tinha medo de arriscar alguma finta ou drible em marcadores ingleses. Teve uma grande chance no primeiro tempo, mas mandou a bola por cima do gol com um carrinho. Para mim, parece falta uma tranquilidade em jogar com a camisa amarela - que, por sinal, até que está legal desta vez. Espero que Felipão consiga gerar a motivação necessária nele.

Paulinho fez a pior partida dele pela Seleção, com pouca movimentação para ser o homem-surpresa no ataque e sumido na marcação. Isso vale também para o Ramires, seu companheiro de "volância". Mas não poderia deixar de observar de forma crítica Ronaldinho.

Para além do pênalti mal batido e perdido, a presença dele como o 10, o armador, acabou deixando Oscar mais para trás. Além disso, R10 não conseguiu armar jogadas e errou passes. Na sua 100ª partida pela Seleção, parece-me que, mais uma vez, ele poderia ter tido mais partidas com a amarelinha se jogasse mais com ela. Espero estar errado, caso Felipão continue com ele mais à frente.

De qualquer forma, o Brasil pode colocar nos classificados: "Precisa-se de atleta experiente para o meio-campo!". Com Kaká agora nem indo para a reserva do Real Madrid e ter visto melar a volta ao Milan, ele provavelmente não terá chances até a Copa das Confederações. Esperemos.

De resto, Luiz Felipe Scolari pode contar com muito mais tranquilidade que quando assumiu o comando do time em 2001. O que poderia gerar certa apatia entre os jogadores pode ser rapidamente combatido com amistosos com grandes seleções e a Copa das Confederações já ali na esquina. Só nos resta esperar mesmo - e não me venham com essa de "nova Família Scolari", que saco!

P.S.: Tinha que comentar isso. A camisa é parecida com a de 1990, o jogador a bater pênalti era do Atlético-MG, mas ter um torcedor com a bandeira do Náutico lá atrás é demais até para o imprevisível futebol.

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