segunda-feira, 1 de julho de 2013

[Por Trás do Gol] Manifestação de futebol

"MANIFESTAÇÃO DE FUTEBOL: Brasil se luziu contra a Espanha, deu aula em sua casa e ganhou por 3 a 0 com dois gols de Fred e um de Neymar. Assim, ficou com a Copa das Confederações, que foi marcada pelos protestos das pessoas. Agora sim, festeja o país inteiro". Dentre tantas as imagens que vi de ontem para hoje, o colocado no site do argentino (e irreverente) Olé foi o que mais marcou. A "Manifestação de futebol" marca tanto o que ocorreu em campo ontem, quanto o que ocorre fora dos estádios - e às vezes até dentro, como na festa de encerramento.

Tudo bem, a capa do Olé desta segunda foi com um "Maracanaço", afirmando o respeito - que eles têm mais conosco que nós com o futebol deles - para 2014, em que o time brasileiro deixou claro que não queria ver um novo Maracanazzo. Mas nem eu, nem qualquer outro especialista, com exceção daquele que adora ser o "Do Contra" para acertar o quase impossível, apostaria num domínio total da seleção comandada por Luiz Felipe Scolari.

Como palmeirense, até sei que ele é capaz de operar quase que milagres, como o nosso título da Copa do Brasil do ano passado. Quer dizer, antes mesmo disso, já admitia a sua genialidade (retranqueira). Mas o que vimos ontem no Novo Maracanã foi algo ainda maior. Afinal, ao contrário da partida contra o Grêmio, o Brasil não se reteve na defesa até achar um contra-ataque, DOMINOU inclusive a posse de bola, este quase monopólio espanhol dos últimos seis anos, no início da partida. Só depois dos 20 minutos é que a Espanha começou a tentar fazer algo parecido com o tal do tik-taka.


O(S) GOL(S) DEITADO
"Eu conheci Uma espanhola/ Natural da Catalunha/ Queria que eu tocasse castanhola/ E pegasse o touro/ À unha// Caramba, caracoles/ sou do samba/ Não me amoles/ Pro Brasil/ Eu vou fugir/ Que é isso é conversa mole/ Para boi dormir".

Brasil mordendo a saída de bola da Espanha desde o início, assim como o fez contra a Itália. Se no último jogo da primeira fase, os italianos mal sabiam o que fazer, imagina os espanhóis, tão acostumados a terem esta postura.

Logo depois de um minuto, Hulk tenta uma jogada de letra, a bola toca na zaga e vai ao Oscar, que devolve ao Hulk e manda para o segundo pau. Fred na primeira bola e Neymar na sobra, marcados por dois jogadores. A bola passa, bate em Neymar, Fred cai, arregala os olhos, puxa o braço para não tocar na Cafusa e chuta com o peito do pé sobre Casillas. Gol nunca visto. É o Don Freddon confirmando a(s) fama(s).

Ele corre para abraçar os amigos nas arquibancadas, Neymar vai junto e Oscar sobe no palanque. Gol do Brasil logo cedo, como foi comum nesta Copa das Confederações. Comum para nós, mas não para a Espanha, que chegou ao ponto de ver Iniesta arriscar um chute de (bem) fora da área!

Oscar perdeu um gol ainda antes dos 10 minutos, chutando sem marcação de dentro da área e tirando Casillas da bola. Depois, foi a vez de Neymar tocar para Fred sozinho, com Casillas saindo do gol desesperado. Chute por baixo e defesa do capitão espanhol.


Como disse acima, após os 20 minutos a Espanha retomou a posse de bola, mas sem qualquer objetivo. Não à toa que a chance que conquistou foi em contra-ataque, com Pedro chutando na saída de Júlio César. De novo. Todo mundo - mesmo os "Do Contra" - imaginavam que a bola entraria. Galvão já tinha gritado que "agora só você, Júlio César" e Júlio César já tinha ido.

David Luiz acerta um carrinho no limite e a bola sobe no limite. 97% das vezes quando o defensor chega na bola, acaba empurrando ao gol. Não desta vez. Não no 30 de junho de 2013. Por que não dizermos que tivemos outro gol deitado?

David teve o nome gritado pela torcida logo em seguida e em outro momento no segundo tempo, após um corte providencial. É bom que se diga, assim como no jogo contra o México, quando quebrou o nariz, o jogador do Chelsea fez uma partida exemplar. E não foram poucas as vezes que li tuítes ou cheguei a ver um ou outro comentando que "o cabeludo não era para ser titular".

3 minutos depois deste lance, contra-ataque brasileiro. Neymar toca para Fred e passa para receber o toque de volta. A bola vai para Oscar. Neymar sai da posição de impedimento e Oscar toca. Também no limite dos centímetros da possível irregularidade. O jogador barcelonista santista brasileiro enche o pé esquerdo. 110 Km/h no gol de Casillas. 2 a 0 na saída para o intervalo e gritos de "Olê, olê, olá, Neymar, Neymar!".

Algo simples perante o grito de "O Campeão voltou!" aos DOIS minutos de jogo e os gritos de OLÉ logo em seguida.


O DIA
Modificação na lateral direita da Espanha. Poucos minutos de segundo tempo. Hulk recebe no meio e toca para Neymar no centro. Ele deixa a bola passar no melhor estilo Rivaldo, há exatos 11 anos, e o tal de Frederico bate no canto. Casillas chega até a tocar os dedos na bola, mas já era. Brasil 3 a 0. 

Pensar que teve gente a pedir JÔ (!!!!!!) no lugar de Fred no time titular após os dois primeiros jogos de seca. Cinco gols foram marcados depois e "só" contra Itália, Uruguai e Espanha.

A torcida que já gritava, grita ainda mais, com direito até a hino nacional e o tradicionalíssimo "Domingo, em eu vou ao Maracanã", ainda que não se possa mais "levar foguetes e bandeiras" e deixar a "cadeira numerada" para "ficar na arquibancada pra sentir mais emoção".

Aos 11 minutos, Navas dá um migué ao receber um toque, vá lá que desnecessário, de Marcelo na perna. Cavou o pênalti mesmo. Sabe-se lá o porquê o zagueiro, ex-lateral, Sérgio Ramos foi para a cobrança - quer dizer, Torres perdeu contra o TAITI, mas e Xavi ou Iniesta ou Mata? "Ah, é Júlio César!" gritava a torcida. Ramos, o mais marrento e falador, foi para a bola e mandou para fora!

Outra comemoração de gol no estádio e uma provável comemoração ultra dos trabalhadores do hotel em Recife e dos seguranças e demais trabalhadores do hotel em Fortaleza.

Ainda assim, Felipão não parava um segundo na beira do campo, gesticulando o 4-1 para o setor ofensivo, pedindo calma, mas sem colocar volante no lugar de atacante como sua história de cautela mandaria. A Espanha ainda teria outras duas chances, com duas excelentes defesas de Júlio César, realmente o melhor goleiro desta competição. Quem diria, do rebaixado Queens Park Rangers para um título desse - e provavelmente para a Roma...

Jadson, Jô e Hernanes até entraram depois, mas só para seguir segurando a bola, cuja posse terminou só 52% a 48% para a Espanha. Só para lembrar, que posse não é critério de desempate. Se nem mais finalizações podem significar tanto para um placar, dependendo do jogo, imagina isto.


IMAGINAR A COPA
3 a 0 indiscutíveis e a maior derrota desta geração espanhola. Assim como o Bayern de Munique trucidou o Barcelona na Liga dos Campeões, tática e tecnicamente, o Brasil fez o mesmo neste domingo com a Espanha. Deve ter sido a melhor partida da seleção brasileira que eu devo ter visto nestes 25 anos de vida.

Em meio a tantas manifestações nas ruas, que fizeram com que o ministro dos Esportes e não a presidenta da República entregasse a Copa, e com um time tão pronto, ficou o desejo que 2014 chegasse ainda mais rápido. Dentro de campo e fora dele para manter o "clima" destes últimos 30 dias. Que a Copa do Mundo FIFA e o período eleitoral transformem o tão disputado sentido de "Imagina na Copa" para algo positivo, mas não da maneira publicitária de se pensar.

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