terça-feira, 9 de julho de 2013

[Por Trás do Gol] A razão do vendedor de garrafinhas

Poderiam ser o pai e o filho que andaram à minha frente carregando a bandeira do CSA desde que saí da rua em que moro até a rua que antecede o Estádio Rei Pelé. Poderia ser o menino que gritou todos os cantos antes da partida, mas optou por gravar os lances pelo celular durante a partida. Mas, não, a história do jogo CSA 0X1 Botafogo-PB tem como protagonista o vendedor de garrafinhas.

Torcedor do CSA, vestido à caráter como ambulante, o jovem, na faixa dos 20 anos, colocou a caixa na cadeira ao meu lado e parou para ver os minutos iniciais da partida. Alguém mais atrás teve que dar uma tapa no braço para chamar a atenção do vendedor, que teimou em olhar para trás, mas o fez. Afinal, onde eu e tantos outros nos divertimos, ele trabalha.

Depois disso, nada de atrapalhação. Enquanto o time azulino mostrava dificuldades para atacar e a torcida gritava mais forte a cada tentativa, ainda que frustrada, ele balbuciava um ou outro tema comandado pela organizada do clube. Mas acabou a paciência. 10 minutos parados, pegou a caixa, olhou para mim e afirmou:

“Num tem jeito não, esse time é muito ruim. Se coloca a base para jogar, estaria bem melhor”.

Eu não confirmei, nem neguei, afinal, era muito cedo e apesar dos quatro homens de meio-campo e do centroavante serem os mesmos do Alagoano, a defesa e o segundo atacante eram inteiramente novos. Não dava para dizer muito.

JOGO
O rapaz ainda passou uma ou outra vez por mim, mas sem parar para ver o jogo. Pensar que dois minutos depois do veredito veio uma importante jogada. Toque cruzado de Alex Henrique para Everaldo, em velocidade, passar pelo goleiro. Quer dizer, tocar a bola e ser derrubado pelo goleiro. Confesso que de onde eu vi, pensei que tinha sido fora da área, mas não, o artilheiro do Alagoano 2013 já estava com um pé dentro dela quando Genivaldo o derrubou.

Todo mundo se levantou não para pedir pênalti, mas para a expulsão do goleiro do time campeão paraibano deste ano. O juiz só deu amarelo, para profunda irritação de nós torcedores. Na hora do lance, confirmei vendo o vídeo da partida, percebi que um zagueiro já ia para a cobertura do goleiro, o que retira a história de último homem, mas reclamar faz parte da arte de torcer do brasileiro. Xingar juiz então...

A partida foi passando e enquanto o CSA parecia que poderia ganhar o jogo, o Botafogo parecia querer partir para o seu terceiro empate seguido na Série D. Ainda assim, graças ao zagueiro (?) Odair Lucas, o time que tem o experiente Warley no ataque perdeu duas boas oportunidades na etapa inicial, ambas com Rafael Aidar.

Impaciente como ela, a torcida não perdoava o lateral-direito Igor, um dos estreantes do domingo, por conta da aparente falta de ritmo de jogo e alguns erros de passe. Creio que com 20 minutos transcorridos, a vaia já começou a cada bola que chegava nos pés dele. Deu o azar de errar bem em frente às grandes arquibancadas, onde, dentre tantos, fica a principal torcida organizada do clube.

Veio o segundo tempo, a torcida diminuiu o ritmo da etapa anterior parece que prevendo o pior.



Num dos contra-ataques, enquanto o tal do zagueiro com interrogação junto estava na intermediária defensiva, Rafael Aidar pegou a bola com apenas um marcador, o volante Robson, deu um toque para o lado e colocou a bola, que desviou no defensor, tocou na ponta dos dedos de Flávio e entrou. Grito dos quase 50 torcedores botafoguenses, cuja maior faixa era: “Botapaz Gospel”!!!

Se a paciência já era pequena, a torcida azulina passou a pressionar ainda mais. Para piorar, a substituição de Igor por Rodolfo, volante improvisado na lateral-direita, deu ainda mais errado, confirmando a sina de Beto Almeida em mexer mal no time. – ou de não ter boas peças de reposição no elenco desde o Alagoano, faça a sua escolha.

O CSA passou a cruzar bolas na área a todo instante, parando em Genivaldo nos momentos em que se conseguia uma boa finalização. O Botafogo ainda perdeu grandes chances em contra-ataques. Numa delas, o atacante botafoguense apareceu sozinho na frente do gol e chutou no corpo de Flávio, que mandou a pelota para escanteio.

1 a 0 para o campeão paraibano e sinal de alerta ligado nas hostes azulinas. Após dois jogos realizados em 3 rodadas, o time está na lanterna, sem nenhum ponto e nenhum gol marcados. Ainda que de novo no Rei Pelé, o próximo adversário é nada mais nada menos que o líder do Grupo A4, o Sergipe, que no domingo goleou o Juazeirense por 6 a 1 é o atual campeão sergipano.

Salvar o ano do centenário depende bastante do torneio nacional. Eliminação precoce só confirmará a análise do vendedor de garrafinhas. Espero que não!

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