quinta-feira, 25 de julho de 2013

Eles acreditaram e conquistaram

Foto: Evaristo Sá/AFP
Eles começaram o campeonato com tudo, com direito a duas goleadas sobre os argentinos do Arsenal, apesar de pênalti perdido e a polícia mostrando o que geralmente faz por aqui. Depois de passear na primeira fase, "jogar pra valer" nas oitavas-de-final, tudo o que veio depois foi para testar os atleticanos após 42 longos anos sem títulos expressivos. O "Eu acredito!" muitas vezes entoado era para que o sofredor das arquibancadas se convencesse antes de qualquer um.

Um título que veio após a quebra de todo o tipo de barreiras subjetivas possíveis e imagináveis. O time de melhor campanha há 17 anos não levanta a taça. Cuca monta bons e ofensivos times, mas não ganha nada. O Atlético Mineiro, sob comando do polêmico Alexandre Kalil fora de campo e com nomes com procedência (baladeira) como Ronaldinho e Jô seria o cavalo paraguaio.


Aí vieram os confrontos com os (chatos) mexicanos do Tijuana. Empate no final do jogo no campo artificial (que só existe lá) graças a Luan e uma difícil partida de volta. O Tijuana até caiu no Horto, mas quem quase morreu foi o torcedor atleticano. Pênalti aos 47 do segundo tempo e o pé esquerdo de Victor levantado. Tudo bem que o goleiro faria mais depois, porém, um ano antes, também nas quartas-de-final, era Cássio quem garantia a "imagem do título". Nós palmeirenses bem sabemos o quanto a Taça LIBERTADORES é gloriosa para o jogador que sempre pode ser o mais criticado.

Crente, muito crente. Foi assim que vimos Cuca nas partidas do torneio, especialmente nos momentos difíceis. Mais que tática, gritaria, era uma de se ajoelhar durante o jogo, abraçar a imagem da santa na camiseta, enfim, temer tanto quanto o torcedor atleticano de que aquele pouquinho que faltou em vários momentos antes voltasse a acontecer.


Risos? Só de nervosismo ou dos cruzeirenses neste tempo todo. Especialmente, nos jogos de volta das semifinais e da final. Em ambos, diferença a ser tirada de 2 gols. Novamente, algo que poucas vezes aconteceu antes - uma delas contra o próprio Olímpia, em 1989. O segundo gol, o do empate, demorando a acontecer. Foi preciso passar dos 40 e até faltar luz no novo Independência para consegui-lo na semi, justo através de alguém formado no maior rival.

E na final, então? Não bastasse ter levado um gol no apagar das luzes no Defensores del Chaco - desta vez, metaforicamente falando -, o primeiro tempo foi sofrível para o torcedor atleticano. Jogando daquele jeito, dificilmente o time faria um gol, quanto mais dois. Mas o segundo tempo já começou com gol, graças à falha do mesmo rival que marcara o segundo na partida anterior.

Disseram muitas coisas contra o (novo) Mineirão devido ao recente histórico do Atlético no Independência. Entretanto, há de se agradecer ao gramado do estádio. Ferreyra, sozinho, após driblar Victor, ajeita-se para calar os 60 mil atleticanos na agora arena e prende o pé no gramado. Melhor, é puxado pela grama. Crianças e mulheres, e provavelmente muitos homens, choravam nas arquibancadas, embaladas por sequências de "eu acredito!" com os olhos voltados ao céu.

Independente de todos os problemas, todas as zicas individuais e coletivas, o Atlético seguia vivo, especialmente com as bolas alçadas na área. Numa delas, Leonardo Silva tentou cavar o pênalti - e foram tantas tentativas que quanto ele saiu o juiz não conseguiu ver -, a bola rolando e muita reclamação. Ela volta para a área e o zagueiro cabeceia. Instantes de um silêncio ainda mais angustiante, que não devem ter chegado a um segundo. O caminho da bola, que acertara a trave em lance do mesmo Leonardo num momento anterior, poderia ser destrinchado em 42 anos, até o grito gigante de gol.

Tensos estavam todos, mas ao menos o mínimo havia sido feito, com uma prorrogação inteira por vir e um jogador a menos no adversário. Mas se viesse desse jeito, com gol de cavadinha do Alecsandro (!!!) seria muito fácil. Tinha que ser de outra forma, da mais tradicional dentre as decisões emocionantes do futebol.


Os pênaltis vieram e, ao contrário do jogo contra o Newell's, Victor começou (se adiantando e) pegando logo o primeiro pênalti. Os rostos já eram tranquilos nas arquibancadas quando Giménez tirou do goleiro e acertou a trave. Clube Atlético Mineiro campeão da Copa Libertadores 2013! Eles acreditaram e conquistaram um título deste nível, que não chegava há 42 anos. Domingo tem clássico para provar que as brincadeiras, ao menos por enquanto, cessaram.


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