segunda-feira, 18 de março de 2013

[Por Trás do Gol] Um adeus com vitória capilé

Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Porto Alegre, Sapucaia, São Leopoldo (2x), Porto Alegre, São Leopoldo (2xs), Novo Hamburgo e São Leopoldo. Foram 12 jogos, 7 estádios diferentes em 6 cidades nestes pouco mais de 2 anos aqui no Rio Grande do Sul. Este domingo veio a derradeira cancha a ser visitada. Azul e branco em campo, estádio perto de casa e a opção mais óbvia se confirmou. Enquanto o Clube Esportivo Aimoré estreava na Divisão de Acesso (Série A2), eu me despedia do futebol em estádios da República Riograndense.

É claro que eu não posso comparar o que representa para mim o Estádio Rei Pelé, em Maceió, com o  Estádio João Correio da Silva, o Monumental do Cristo Rei. Seria uma heresia não só pelo tempo bem maior indo ao Trapichão quanto pela minha relação com o Centro Sportivo Alagoano (CSA) ser maior que a que eu tenho com o Aimoré. O CSA é a herança futebolística paterna - afinal, JAMAIS assumiria o clube nacional do meu pai.

AIMORÉ
Mesmo assim, acompanhar o reerguimento de um clube de futebol do interior gaúcho, cujas dificuldades só aumentam com o passar dos anos enquanto a dupla da capital amplia a distância estrutural e financeira, foi muito bom. O meu primeiro jogo do Índio Capilé foi ano passado, na primeira fase da "Segunda Divisão" do Gauchão, recém criada terceira divisão do campeonato local. Rebaixado, o time de São Leopoldo, cidade do Vale do Rio dos Sinos mas próxima a Porto Alegre, chegara ao fundo do poço.

As correntes politicas resolveram se unir para o bem do clube e montaram um excelente elenco para a disputa da terceira divisão. A melhor campanha na primeira fase quase vai por água abaixo com a única derrota em casa naquela campanha. Eu, com a minha camisa do CSA, onde passara Adriano (Gabiru), atacante do rival, temeroso. Mas o goleiro Pitol salvou nos pênaltis. Daí até a final tudo foi bem mais tranquilo. Vitórias sobre Grêmio Bagé e Gaúcho  e eu, torcedor do maior campeão alagoano, vendo o primeiro título estadual de um clube de 76 anos.

A movimentação da cidade em torno do clube, com pessoas nas ruas com a camiseta azul e branca. O Cristo Rei cheio, principalmente nas sociais e no barranco, com crianças das mais diversas idades, com mulheres e suas mais diversas belezas, famílias e suas cadeiras de praia e cuias de chimarrão. Uma grande experiência para um cara que ama o futebol que nem eu. Algo que, apesar de relatado por aqui, seguirá para os meus comentários sobre a estadia no Rio Grande do Sul.
SÉRIE A2
A disputa da Série A2 este ano tem os 16 clubes divididos em dois grupos, seguindo o formato da 1ª divisão, que já segue o modelo carioca. No primeiro turno, os clubes do grupo A enfrentam os do grupo B, classificando para as quartas de final os dois melhores de cada grupo. No segundo, os clubes se enfrentam em seus grupos, com os quatro melhores de cada passando para as oitavas de final. Os campeões de cada turno passam para o Gauchão de 2014 e fazem a final. Os vice-campeões de cada turno se enfrentam para definir o último que acederá.

Última presença minha no estádio na estreia do novo elenco capilé, cujo maior destaque estava no ataque: Rodrigão, atacante com passagens em clubes como Internacional e Palmeiras - e ex-marido ou namorado da Hortência. Do time do ano passado, poucos nomes sobraram, infelizmente. Destaque para o meia-atacante Japa, camisa 7 de boa qualidade.

Do ano passado para cá, além do aumento de divisão, os ingressos também subiram de preço. Geral/barranco a R$ 20, sociais a R$ 25 e cadeiras a R$ 50. Com tempo nublado e temperatura mais baixa, ficar na geral foi muito tranquilo. Por conta do aumento dos preços, a organizada Los Reyes Del Barrio também foi para o lado descoberto.

Se não teve um número sequer próximo ao que pude acompanhar nos mata-matas do ano passado, ainda assim foi razoável, se lembrarmos que havia jogo do Internacional em Canoas, cidade bem próxima, o próprio aumento do valor dos ingressos e de se tratar de um início de campanha. Do outro lado, reconheci duas pessoas com a camisa do Ypiranga. O Canarinho de Erechim fora rebaixado ano passado e tem no comando um técnico com boas campanhas no interior, Leocir Dall'astra, e que treinou o ASA no início do Campeonato Alagoano de 2012.


VITÓRIA
Dentro de campo, o primeiro tempo deixou os torcedores aimoresistas bem preocupados. O time mostrou problemas na marcação, com boas participações do goleiro Rafael, que apesar de não ser tão alto (1m84), sai bem do gol e tem rápida reação. Para se ter uma ideia, o lateral-direito, novo, é que cobria (e bem) a defesa, com vários erros dos volantes. Além disso, o time estava sem saída de bola, criando pouco. Por conta disso, Rodrigão teve muitas vezes que buscar a bola na intermediária. Num desses lances, foi tentar proteger a pelota e acertou uma cotovelada no zagueiro adversário. Por sorte, levou só amarelo.

Para o segundo tempo, o técnico Gelson Conte mudou. Tirou um dos zagueiros, Luiz Henrique, recuou um dos volantes para a posição e colocou um meia. O time cresceu e desde os primeiros momentos passou a pressionar o Ypiranga. O resultado veio junto.

Aos 6 minutos, rápida saída de bola pela esquerda, cruzamento fechado na área e Rodrigão apareceu bem, apesar da pressão do zagueiro, para cabecear a bola para o gol. Festa nas arquibancadas! O atacante comemorou jogando uma flecha para o alto - que me lembrou as comemorações do saudoso Millar pelo outro índio da competição, o Xavante de Pelotas.

O time de São Leopoldo seguia cometendo algumas falhas na marcação, mas chegava com perigo nos contra-ataques. O lateral-direito saiu machucado e o seu reserva perdeu uma chance inacreditável. Ao receber a bola na frente do goleiro, tropeçou nas próprias pernas na hora da definição. Bizarro o lance. No contra-ataque, quase gol do Ypiranga, que foi evitado por uma das boas participações de Rafael na partida.

Aos 21, o jogador do Ypiranga caiu na área e o árbitro mandou o lance seguir. Outro contra-ataque rápido, boa jogada na esquerda e cruzamento para a entrada da área. Rodrigão pegou a bola num voleio e marcou o segundo, recebendo muitos abraços dos companheiros e já se candidatando a ídolo da torcida capilé para esta competição.

A equipe da casa passou a cozinhar mais a partida, fazendo a bola circular e se precipitando em alguns lances que poderiam garantir a vitória com mais tranquilidade. O Canarinho era perigoso principalmente com as bolas alçadas na área, que deram muito trabalho para Rafael, que num dos lances defendeu o cabeceio à pouca distância com uma ponte lindíssima, difícil de registrar em palavras.

Ainda assim, aos 38 minutos não teve jeito. Após nova bola na área, Castiano mandou para o gol, diminuindo o placar e gerando tensão para o final da partida.

O time de Erechim seguiu pressionando, enquanto o Aimoré afastava a bola para qualquer lado - uma delas pulou o setor social, alcançando o estacionamento. Cada carrinho ou tirada de perigo vinha com uma comemoração dos torcedores. No final, falta no bico da área e muita reclamação de ambos os lados. Partida aos 48 minutos. Na cobrança, a zaga conseguiu afastar. Depois disso, foi só segurar a bola na lateral esquerda de ataque e esperar o apito final.

Num sufoco ainda que desnecessário, o Aimoré começa com vitória a Série A2 do Gauchão. Eu despeço-me da tribo capilé com 4 vitórias e 1 derrota, esta com vitória na decisão por pênaltis, e um título inédito. Como disse em Porto Alegre outro dia, se fosse para escolher um time aqui no Rio Grande do Sul, este não seria nem Grêmio nem Internacional. A esperança pelo acesso segue ainda que a 4.000 km de distância.


*Veja aqui as minhas fotos do jogo

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