domingo, 10 de março de 2013

[Gauchão 2013] A maldita lógica apareceu

Clássico nas quartas de final, eliminação do grande nos pênaltis na fase seguinte e final com dois times de interior também sendo decidida na marca da cal com direito a uma frase histórica: "Só bate quem erra". A Taça Piratini foi muito mais interessante ano passado que em 2013 e falo isso não apenas por ter acompanhado bem menos o 1º turno do Gauchão deste ano, não. Nos Estaduais com grande diferença de clubes, torcemos sempre pela surpresa. E não foi o que ocorreu até agora.

GRE-NAL
Como (quase) sempre, Grêmio e Internacional começaram o Campeonato Gaúcho não só sem o time titular,  mas com times B e até C em campo, entre sub-23 e jogadores menores de idade no gramado. Em outro momento infeliz, o presidente da Federação dizia que era obrigação dos times do interior ganhar a Taça Piratini, mesmo que a disparidade fosse enorme.

Na primeira fase, o Grêmio sofreu um pouco para se acertar. Nem o reencontro com o aposentado Estádio Olímpico dava regularidade ao time B, com Rondinelly muitas vezes no banco e sob comando de ataque de William José. Num dos momentos áureos do campeonato, goleou o Santa Cruz por 5 a 0 na 3ª rodada, foi goleado por 4 a 0 pelo São Luiz na rodada seguinte, perderia o clássico contra o Inter (este com titulares) por 2 a 1 em Erechim, depois voltaria a golear, 5 a 1 no São José, e enquanto perdia para o Juventude por  a 1 em Caxias, veria o Santa Cruz fechar o ciclo com uma goleada por 5 a 0 contra o Novo Hamburgo. Neste período, além da quase inexplicável volta ao Olímpico, um destaque desde os treinos foi o atacante Lucas Coelho, de 17 anos, que teve o contrato renovado.

Preocupado com a Libertadores, que teve que disputar a partir da fase preliminar, o Tricolor chegou a estar próximo à zona do rebaixamento e só garantiu a classificação na última rodada.

O Internacional mostrou ter um time sub-23 que pouco ajudaria Dunga para o futuro. O elenco principal seguia fazendo uma pré-temporada sob o comando do preparador físico Paulo Paixão, que saiu do arquirrival na virada de ano. Quando o time entrou em campo, mostrou que a decisão foi acertada. Apesar de ter várias casas por conta da interdição para a fase final da reforma do Beira-Rio, o Inter classificou de maneira tranquila, com demonstrações de maior vontade de jogadores importantes, casos de D'Alessandro e, principalmente, Forlán, que terminaria o turno na artilharia da competição. Até um momento não muito bom, a nova lesão do meia Dátolo, surgiu efeito positivo, já que Fred voltou a ser o segundo homem da armação, deixando a segunda posição no meio para um volante de fato, Josimar. 

Porém, o que deveria ter sido uma classificação como primeiro mudou na última rodada. O gol de empate sofrido no final da partida contra o Cruzeiro antecipou o clássico contra o Grêmio. Entretanto, Luxemburgo optou por colocar novamente o time reserva em campo, agora em Caxias do Sul, e viu nova derrota para o rival por 2 a 1.



OS OUTROS
Dos demais times, o São José até despontou muito bem no início do campeonato, mas perdeu fôlego e terminou a fase em 3º, sendo eliminado nas quartas de final pelo Caxias, por 3 a 1. O grande destaque acabou sendo realmente o São Luiz, de Ijuí, um dos poucos a sobreviver à centralização do Campeonato Gaúcho.

Paulo Porto, campeão da Taça Piratini do ano passado com o Caxias, pegou o time de Ijuí durante a primeira fase e conseguiu uma série de vitórias. Até a final, seriam sete vitórias e um empate, com direito à eliminação do ex-clube na semifinal, vitória por 2 a 1. Alçado como um dos grandes técnicos do interior gaúcho, Porto sonha em dirigir um clube gaúcho em alguma divisão nacional no segundo semestre.

Os destaques negativos vêm da parte de baixo da tabela, num ano em que o descenso ganhou mais uma vaga. Há muito tempo na primeira divisão, e com boa campanha no Gauchão do ano passado, o Veranópolis só marcou 4 pontos em 8 jogos. Fazem-no companhia, provisoriamente, dois times da região metropolitana. O Novo Hamburgo (5), a quem pudemos ver atuando (mal) aqui do lado já trocou duas vezes de técnico e parece que este não é mesmo o problema. Eterno candidato ao rebaixamento, o Canoas (6) esteve longe do péssimo primeiro turno do ano passado, quando marcou só 1 ponto e ainda assim fugiu do rebaixamento, mas segue ali na rabeira. Santa Cruz, com 7, Passo Fundo, com 8, e Pelotas, com 9 pontos, também têm que ter cuidado na Taça Farroupilha.

FINAL
Hoje, São Luiz e Internacional fizeram a final da Taça Piratini. De um lado, o time de Ijuí chegava à sua primeira final de turno no Gauchão, o que deu uma animada nos torcedores locais, com muitos colorados dizendo que torceriam para o São Luiz neste domingo. Do outro, o Inter chegava à sua primeira final sob o comando de Dunga, ijuiense de nascimento.

Ninguém esperava que fosse ser desse jeito. Nem o enlameado Estádio 19 de Outubro, que recebeu um público superior a 6 mil pessoas, com direito a outras em cima do muro em torno da cancha, parou o time da capital, que goleou por 5 a 0. Dos grandes nomes do ataque colorado o mais apagado até aqui, Leandro Damião resolveu aparecer na final ao participar em quatro gols, marcando dois e um deles sendo um golaço. Recebeu a bola no bico da área, ajeitou, olhou para o gol e mandou no ângulo oposto por cobertura, para desespero do goleiro rival - cuja defesa havia levado apenas 4 gols nas 10 partidas anteriores. Os outros gols foram marcados por Gabriel, D'Alessandro e Rafael Moura, este já nos acréscimos.

O título é mérito de Dunga, que soube construir uma boa equipe num momento raro nos últimos 10 anos de Rio Grande do Sul, com o Grêmio sob os holofotes da mídia esportiva local. O ponto negativo vai para a "mania de perseguição" que o treinador apresenta. Muita discussão com árbitros, acusações levianas e show para as câmeras. Muito exagero que, felizmente, não o acompanhou na partida de hoje. Com D'Alessandro e Forlán jogando bem, Damião sendo efetivo no ataque e a parte defensiva bem montada - com a volta de Juan (aquele mesmo que foi titular da Seleção ao lado de Lúcio) -, este Inter promete ter uma ano bem diferente do ano passado. Para começar, poderá iniciar a Copa do Brasil tendo a certeza de já estar na final do Campeonato Gaúcho de 2013.

Foto: Alexandre Lops (Internacional)

Nenhum comentário:

Postar um comentário