domingo, 13 de julho de 2014

[Copa] Weltmeister!

Muita coisa para escrever. Hoje foi a final da Copa com maior quantidade de gols da história, 171 - igualando 1998 -; a que teve muitos destaques dentro e fora de campo; teve momentos emocionantes que culminaram com uma final com gol no segundo tempo da prorrogação, como já ocorrera em 2010, mas num jogo muito melhor.

Quando Gotze matou a bola no peito dentro da área e chutou ao lado de Romero sabíamos que seria difícil que a Argentina empatasse, por mais que Schweinsteiger e Hummels estivessem pregados em campo. Vá lá, teve falta na entrada da área para Messi como último lance da partida. A falta foi cobrada para fora!

Era um confronto entre diferentes. Os europeus campeões por 3 vezes contra os sul-americanos campeões por 2. Um com uma organização fora de campo exemplar; o outro com um presidente de federação há décadas no posto. Um time contra uma equipe com dependência ofensiva sobre as costas de um craque. Um time que começou muito bem, caiu um pouco, mas vinha com tudo; contra outro que começou mal e vinha crescendo com o andar na Copa.

Os 7 a 1 de um lado contra a classificação nos pênaltis do outro só enganavam. Argentina e Alemanha vinham bem para a final, apesar dos desfalques. A Argentina não pôde colocar Di María em campo, o coadjuvante que chegava com maior moral na Europa que a estrela principal. A Alemanha teve um desfalque de última hora. A saída de Khedira, com Kramer no lugar, diminuía a qualidade do meio-campo.

JOGO
Como se não bastasse, o primeiro tempo mostrava a Argentina preparada para dar o bote, perdendo uma chance clara dada de presente a Higuaín. A Alemanha tocava a bola, mas não conseguia espaços. Para piorar, outra alteração. Kramer saíra e Löw resolveu colocar outro homem de frente, Schürrle. Os minutos finais foram de pressão alemã, com direito a bola na trave no cabeceio de Howedes.

Em compensação, Agüero no lugar de Lavezzi e pressão nos minutos iniciais do segundo tempo, com direito a "gol que o Messi não costuma perder". E o 0 a 0 seguiu até o final do tempo normal e para a prorrogação vai a nossa narração pelo Twitter (ver storify completa do jogo aqui):








#TETRACAMPEÃ
Comentei no início do jogo. O trabalho da Alemanha, ao perceber que precisavam se renovar depois do fracasso na Euro 2000, necessitava ser premiado após dois terceiros lugares seguidos em Copas, e um 2º e um 3º seguidos numa Euro.

Como se não bastasse ter um time com bons jogadores praticamente em todas as posições - com Höwedes sendo o que mais destoava -, o trabalho de assessoria de comunicação foi muito bom. Treinos fechados, mas bom tratamento com quem os cercava. Vídeos e fotos agradecendo ao Brasil, dançando com índios pataxós, vendo jogos da Seleção com a galera do hotel.

Podolski talvez saia como o jogador mais adorado por aqui nesta Copa, à frente até do Neymar, mesmo atuando pouco mais de 50 minutos. O #focadão e #noveleiro contou com a ajuda de um amigo brasileiro para publicar em mídias sociais e ganhou dois dias como um dos temas mais comentados no Twitter após dizer que estava cada vez mais brasileiro.

Voltando ao campo, esta geração alemã não tem um jogador de grande destaque. Pelos três primeiros jogos, dava ideia que seria Thomas Müller, que parou nas marcações - exceto a brasileira - quando veio o mata-mata. Poderia ser Schweinsteiger, o volante, meia, que está em todo lugar. Poderia ser Lahm, o capitão que começou como volante, mas é muito melhor como lateral-direito. Ou Özil, mais apagado que se esperava. Ou Gotze, o novato habilidoso que fugia do tiki-taka aprimorado, mais ofensivo, alemão. Ou Neuer, o goleiro líbero do time. Mas não. O coletivo prevaleceu.

Por isso que, para mim, o melhor da Copa é o incansável (e mergulhador) Robben, da Holanda. Messi recebeu o prêmio pelo histórico, apesar de decisivo na maioria dos jogos. Depois, James Rodríguez, a grande novidade para o mundo deste mundial e a esperança de 2018, com Falcao García no time, termos uma Colômbia ainda melhor.

As mudanças da Alemanha e da Holanda, especialmente, mostram que é necessário ter um grupo que possibilite que o time titular se adapte ao adversário. Tivemos uma primeira fase com muitos gols, mas na hora do mata-mata os mais fracos se trancaram atrás e quem abriu o placar nas quartas assim também o fez. A exceção viria a ser a semifinal brasileira, com um time que não se adaptou e deu no que deu.

Posse de bola, ofensividade com maior objetividade, compactação ao atacar e ao defender e quando necessário dar chutão. A evolução do futebol mostra que é necessário saber jogar de todas as formas de acordo com o que a partida te leva. Cada vez que um "estilo de jogo" aparece, mais rápida é a neutralização deste.


#COPADASCOPAS
Temos que falar que a organização foi muito melhor do que imaginávamos. Os estádios ficaram prontos, ainda que a Arena do Corinthians e a de Curitiba precisem de complementos e  maioria dos gramados não estivesse 100% já pros mata-matas. Não houve nenhum alarde, para além das invasões a campo em algumas partidas.

Tudo bem que houve silenciamentos. Brigas entre torcedores nas arquibancadas - como a suposta mordida de um uruguaio num torcedor inglês - não foram comentadas, com raros relatos pelas mídias sociais e em sites quando o assunto já tomara popularidade. A invasão chilena foi problema de segurança da FIFA.

Não podemos esquecer das chuvas no Rio Grande do Norte e em Pernambuco e do desabamento do viaduto que estava no projeto da Copa em Belo Horizonte, bancado pela prefeitura. Ambos nos fizeram lembrar do quão precisamos melhorar em infraestrutura para além dos 31 dias de um evento esportivo.

Para mim o grande legado seria mesmo a ação da Polícia Civil do Rio de Janeiro ao mostrar o que muitos conheciam: a venda ilegal oficial dos ingressos nobres da Copa do Mundo. Restaria ver apenas até onde conseguiria chegar nos meandros da corrupção que marcam o football association.

Entretanto, a prisão por suposta "formação de quadrilha armada", termo que nunca tinha ouvido, mancha um pouco tudo isso. Se tivemos poucos protestos, com muito mais opressão policial e menos pessoas nas ruas - o que eu imaginava -, ver pessoas presas porque parece que fariam vandalismo antes da final da Copa é temerário num país que há três décadas parecia ter saído de um regime de exceção.

No Fla-Flu político que transformaram o país, a final teve gritos pró-Dilma e xingamentos a ela, respondidos por algumas vaias. O rosto sisudo da presidenta ao entregar a Copa do Mundo refletia isso. Tirando os pessimistas ao extremo, sabíamos, mesmo nós críticos ao evento aqui, que a Copa sairia, mas nos surpreendemos pelo quanto ele melhorou a imagem do brasileiro mundo afora - a saber apenas do caso dos argentinos, que se surpreenderam porque nós "odiamos" eles para além do confronto direto.

Como disse em texto anterior, nada tira a série de benefícios dados à FIFA e cia. durante a Copa, inclusive à empresa acusada de participar do esquema ilegal de cambismo. Nada tira os mortos nas obras e as más condições de trabalho a eles oferecidas. Mas o resultado fora de campo foi muito grande, bem superior ao que vimos dentro dele.

Aproveito este último texto para agradecer quem curtiu e comentou os textos produzidos nestes dias sobre a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014, também àqueles que passaram a me seguir no Twitter por conta das informações sobre o mundial e que dialogou conosco em diferentes redes sociais, inclusive presencialmente. Esta foi a Copa em que mais assisti jogos, 58 ao vivo dos 64, e foi muito legal ver tantas informações sobre o evento.


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