sexta-feira, 11 de julho de 2014

[Copa-Comentários] Jornalismo ousadia & alegria

Nem ia tratar disso, mas vamos lá. Ontem teve a entrevista do Neymar na Granja Comary e várias coisas foram apontadas até agora. O óbvio de que ele assumiu uma responsabilidade que deveria ser dos dirigentes da Seleção. A constatação de que finalmente tivemos um Neymar Jr. menos treinado e com respostas que fugiram do seu normal e, além disso, de que se dentro de campo bater o último pênalti contra o Chile mostrou que ele estava preparado para pressão, ser o alvo de jornalistas ávidos por respostas mais reais confirma que capacidade de liderança não está atrelada à idade.


Mas aí vem o segundo ponto, este que eu quero destacar agora. Ao final da entrevista, os jornalistas aplaudiram Neymar. Eu confesso que não havia percebido porque estava conectado ao Twitter para ver a reação às respostas dele. Até que alguns tuitaram sobre o ocorrido, bem poucos, na verdade. Uma crítica aqui e uma defesa acolá, baseada no "jornalista não estava lá e quer criticar os colegas".

O que me incomodou foi quando determinado repórter lembrou das crianças que ficaram tristes com a lesão do atacante, acho que usou como exemplo o filho dele. Como resposta, Neymar perguntou o nome e mandou um abraço para ele. Respirei fundo e lamentei a perda da oportunidade de ter feito outra pergunta.

Revi depois as palmas dos jornalistas. Percebi que foram além de palmas, coisas como "Vâmo garoto!" foram ditas por alguns. Só faltou puxar o "Olê, olê, olê, Neymar, Neymar". Por conta disso que tuitei o que pode ser visto na imagem acima. Fico imaginando quantas vezes batem palmas ou incentivam políticos ou pessoas "normais" após as entrevistas...

Tratei antes da Copa de como a tal da "neutralidade" inventada pelo jornalismo nas bandas de cá torna explícita as contradições quando se trata do futebol. Há exageros, sendo o exemplo maior oriundo do maior grupo de comunicação do país. O nacionalismo exacerbado de outrora vira "é só um jogo" quando a derrota está presente.

Repito o que disse antes, inclusive por ser alguém que buscou o jornalismo pela paixão pelo futebol, é muito difícil não sentir emoção vendo uma partida de um clube ou da Seleção que se gosta - ainda que o segundo caso não signifique que todos os brasileiros torçam pela Seleção, há muitos que só torcem por seus clubes de coração, não seria diferente com jornalistas. Mas há momentos e momentos para externar isso. Puxar saco de técnico e de jogador não me parece ser algo plausível, até mesmo porque no dia seguinte você poderá ter que criticá-lo.

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