segunda-feira, 16 de junho de 2014

[Copa] Para português ver

Juro que o título do texto de hoje não é piada com os torcedores portugueses, que viram a seleção capitaneada por Cristiano Ronaldo levar 4 a 0 da Alemanha, com três gols de Thomas Müller. Além desse jogo, tivemos Nigéria 0X0 Irã, que nos tirou do paraíso do futebol que vivemos nas 12 partidas anteriores; ainda que tenhamos retomado o percurso em EUA 2X1 Gana. Vamos à publicidade.

A primeira vez que apareceu publicidade em torno do gramado em Copas do Mundo FIFA foi em 1970, vejam só, antes de João Havelange assumir a presidência da entidade proprietária do football association (1974), período em que pesquisadores que nem eu apontam como início de uma nova etapa de futebolização do mundo. No México, os muros das arquibancadas foram pintados ou plotados com patrocínios diversos.

O tempo passou e já em 1974 tivemos as placas em volta do gramado. Hoje, temos placas eletrônicas, que mudam a cada determinado período de tempo as marcas que são publicizadas, possibilitando maior visualização, pois não é o espaço a ser negociado - por exemplo, ficar atrás dos gols pode ser prejuízo no modelo antigo -, mas, provavelmente, o tempo de exposição em torno de todo o campo.


Assistindo ao jogo entre alemães e portugueses, reparei um patrocinador diferente dos que apareceram até aqui: MEO. Diferente aqui no Brasil, já que a conheço por patrocinar há algum tempo os principais clubes portugueses, Porto, Benfica e Sporting. Ah, é uma empresa de telefonia móvel, literalmente uma espécie de Oi deles.

Por que literalmente? Explico. O Grupo MEO - Serviços de Comunicações e Multimédia é parte da fusão da Oi com a Portugal Telecom, seria o nome desta fusão, segundo o Máquina de Esporte - que confirma o que eu vi, mas fica no contrato renovado com a seleção portuguesa de Futebol. Como a Oi é a patrocinadora oficial para mídias móveis da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014, o que fez o grupo? Trocou a marca de telefonia no jogo de Portugal, provavelmente para demarcar a renovação de contrato - a ver nos próximos jogos dos lusos.

Tudo bem, se não era surpresa a ligação Brasil-Portugal neste negócio, por que a minha surpresa? Simples. Não sou especialista em marketing esportivo ou em publicidade, mas ainda que o Brasil tenha sido colonizado por portugueses e, consequentemente, termos muitos portugueses e descendentes destes por aqui, não é uma marca que atua no Brasil. Se eu a conhecia, milhões de brasileiros, dos que viam o jogo na Arena Fonte Nova aos que viam pela TV, sequer ouviram falar em MEO.

Alguém pode me dizer que os patrocínios de um evento deste porte são mundiais, dada a amplitude de uma Copa do Mundo FIFA, mas sigo achando estranho. Afinal, abre-se brecha para que novos casos assim voltem a ocorrer - quase que um marketing de ocasião -, num mundo de mercados transnacionalizados.

Por exemplo, a Budweiser é uma marca histórica dos Estados Unidos, mas foi comprada pela Inbev (associação de Brahma/Antarctica - Ambev - com um grupo belga). Ainda que nos últimos dois anos a publicidade referente à cerveja estadunidense tenha aumentado, com ela indo aos poucos para as prateleiras de supermercado e bares, podia-se pensar que nos jogos do Brasil passasse a publicidade da Brahma. Ah, além disso, a Inbev comprou a Quilmes, na Argentina. Então, coloca-se propaganda da Quilmes no jogo da Argentina. Entenderam o problema?

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