quarta-feira, 18 de junho de 2014

[Copa] O fim

Não, (ainda bem que) não é o final da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. Chegamos só ao término da primeira semana e ainda tem mais três por vir. O título faz referência à capa do jornal esportivo madrileno Marca de amanhã, sobre a qual falarei hoje, mas com maior profundidade a seguir.

Antes disso, um retrato de como o futebol é excepcional. A Espanha vencia a Holanda por 1 a 0 na Fonte Nova com um pênalti cavado pelo vaiadíssimo Diego Costa. Num dos contra-ataques, Iniesta acha David Silva sozinho na área... A Espanha seguia jogando no tiki-taka, com maior posse de bola, enquanto a Holanda pouco conseguia fazer.

Se David Silva tivesse feito o gol, hoje não estaríamos comentando o fim da era tiki-taka, nem os zilhões de detratores do esquema com mais 1 a 0 como resultados teriam falado tão mal deste. Nem o Sampaoli, provavelmente, teria visto no acréscimo de um zagueiro na sua baixa defesa - com esquema semelhante ao holandês -, com a saída de Valdívia, como o ponto de desiquilíbrio desta Espanha.

Mas não foi o que aconteceu. Com certo preciosismo, Silva tentou encobrir o goleiro, que conseguiu desviar. No lance seguinte, Van Persie recebeu excelente lançamento de Blind e deixa Casillas só olhando com seu peixinho voador, o persieing que fez até o seu avô de 93 anos imitar em casa. No segundo tempo, degringolou para os espanhóis e os 5 a 1 espantaram a todo mundo, imagino que até aos detratores, que viram a chance de mostrar o que "sempre disseram", "desmascarar a farsa" com nome de posse de bola.

Entretanto, "a Inês é morta", "o leite derramou" pro lado espanhol. Teve entrevista de jogadores clamando por uma mudança no esquema para que o mal fosse evitado, mas as entradas de Javí Martínez no lugar de Piqué e de Pedro no lugar de Xavi não mudaram o que eles pediram. Os espanhóis seguiram com o seu tiki-taka, com uma ou outra jogada perdida pelo alto, aproveitando a grande mudança desse time para este ano, a presença da força física de Diego Costa na frente. No único lance dele, já com o Chile vencendo por 2 a 0, sua bicicleta até chegou em Busquets, mas este deu uma tosca canelada na bola.

Indo para la portada, o Marca lamenta o "final da era mais gloriosa da Roja". Foram duas Eurocopas e uma Copa do Mundo FIFA em seis anos. Nela podemos ter vários gestos de interpretação. Olha que, apesar da minha (re)aproximação recente, este não é o meu forte.

Lendo os comentários no Twitter, houve quem reclamasse ter escolhido justamente o Iniesta, o cara que mais brigou no time mesmo com as condições de campo impondo os resultados ruins que se avizinhavam, enquanto que jogadores de defesa, o goleiro incluso, e outros do meio (como Xabi Alonso), que foram bem pior não estampavam a capa.

Entendo a escolha. Iniesta é/foi o melhor jogador desta geração, que só não foi melhor do mundo porque este vem sendo habitado por dois seres de fora dele. Há também o fato de a camisa do meia ser a seis, que representa os anos de tal "era".

Outra reclamação foi a da utilização do "The End", segundo um dos comentários, escrever "El Fin", em espanhol, teria mais impacto, aproximaria. Daqui do Brasil, sem nunca ter ido à Espanha, imagino que seja uma referência aos filmes em inglês, que também devem ter "invadido" o país após a Segunda Guerra.

Enquanto os espanhóis concordavam com o fim, merecido, pessoas de outros países riam da situação, com chilenos, imagino, reafirmando que "La Roja" era o Chile e estava provado.

Por fim, o que "grita" na capa: a propaganda de vinho branco. A foto escolhida denota toda a solidão de Iniesta - repetindo, talvez o craque solitário no time então campeão -, num imenso gramado. Toda ela foi escolhida, com uma grossa borda branca. Eis que vem a oferta de vinho em baixo, destoando de tudo, ainda que a garrafa seja verde, assim como a letras. Uma capa simples, histórica, estragada pelos negócios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário