sexta-feira, 29 de junho de 2012

[Por Trás do Gol] No meio dos inimigos

Por conta da final da Libertadores entre Boca Juniors e Corinthians, acabei por repostar no Facebook o texto que fiz referente à minha visita a La Bombonera, contando as "artimanhas" criadas pelos xeneizes para perturbar ao máximo os adversários. Chegou a hora de escrever sobre o Pacaembu. Sim, amig@s, eu, palmeirense desde pequenininho, já estive no meio da torcida corintiana!

No ano passado fui a São Paulo participar de dois eventos acadêmicos, ficando uma semana inteira por lá. Graças a um amigo, também palmeirense filho de corintiano, programamo-nos para assistir o trio de ferro da capital, começando com a derrota do São Paulo para o Vasco por 2 a 0, num domingo nublado no  Morumbi, e que terminaria com o empate sem gols do Palmeiras com o Grêmio no Canindé, no sábado seguinte. No meio disso, numa quarta-feira às 19h30, Corinthians X América-MG no Pacaembu.

COMPRAR INGRESSO
Para começar, as dificuldades em comprar o ingresso. Naquela manhã de 03 de agosto, havia um protesto da Força Sindical, se não me engano, cuja concentração foi marcada para a Praça Charles Müller, em frente ao estádio. Para quem tem um pouco de experiência por movimentos sociais efetivamente independentes, olhar a "boiada" acompanhada era um misto de graça com revolta. Era um tal de "coloca a camisa" aqui, de uma pessoa esperando cerca de dez acolá....

Enfim, andando em torno das bilheterias, nenhuma delas estava aberta e não só éramos nós que aguardávamos. Óbvio que em meio às conversas com os corintianos na mesma situação que nosotros palmeirenses jamais falamos que o nosso coração era do arquirrival. O smartphone serviu para buscar o horário de abertura, se não me engano, às 22h30.

Só depois de algumas idas e vindas é que conseguimos achar o lugar para comprar o ingresso, umas tendas armadas também na Praça Charles Müller, mas quase que de frente ao Museu do Futebol. Ao menos, o cartão de estudante da Unisinos serviu para que eu pagasse a meia-entrada, R$ 15,00. Por conta da demora, cancelamos os demais compromissos acadêmicos e seguimos rumo às obras no Palestra Itália!

À noite, após um inédito passeio em "casa" e pelas ruas em torno da Turiassú, voltamos a nos encontrar com o Pacaembu. Eu, com uma jaqueta meio verde, meio marrom, preocupado se poderia ter algum tipo de problema no meio da torcida corintiana. No fim, até que não, já que estávamos com outros três corintianos. Ah, se você acha que isso é demais, imagina encontrar duas corintianas num grupo de pesquisa no Rio Grande do Sul - isso é sina, um "karma" deste que vos escreve, só pode...

O horário do jogo tirou o pessoal do trabalho direto para o estádio, com ele ficando mais cheio apenas bem próximo ao horário da partida. Além disso, foi uma noite gelada em São Paulo - no dia seguinte o frio seria um pouco maior. O termômetro num dos relógios da praça marcava 11º!

JOGO
Sabíamos que a tarefa era difícil. Por mais que tenhamos ficados surpresos com o nosso nível de pé frio para um rival, com a derrota do São Paulo em casa dias antes, o Corinthians liderava bem o Brasileirão até ali, enquanto o América Mineiro era o lanterna do torneio. Mas futebol é futebol, não é mesmo?

Ficamos no bom, e não tão velho, Tobogã, atrás de um dos gols, e pude ver aquilo que tanto havia discutido durante uma disciplina com outros amigos de Pós-Graduação em Comunicação. Definitivamente, é muito melhor assistir a jogos de futebol atrás de uma das traves que no meio do campo. Você vê o movimento de marcação, os espaços que são dados, as opções de ataque,...

Enfim, sobre a partida. O Corinthians abriu o placar logo no início da partida, com gol de Jorge Henrique aos 28 segundos. O que parecia ser um dia feliz aos corintianos e triste para quem estava ali "disfarçado", foi mudando ao longo do jogo. O América chegava com perigo após roubar a bola num esquema com a marcação como prioridade.

Na nossa frente, vimos Renan falhar numa saída de bola e ela sobrar para Kempes - que já foi dispensado do CSA! - empatar a partida. As vaias da torcida para o goleiro recém saído do Avaí foram ouvidas em cada toque na bola por parte dele. Os quase 28 mil pagantes não teriam paciência alguma com o jovem goleiro, que realmente não deu certo no clube do Parque São Jorge.

Confesso que nunca me senti tão mal num lugar, tão estranho a mim, como naquela noite. De certa forma, era um medo de que por eu não gritar, e nem fingir que proferia qualquer palavra sobre o Corinthians, pudesse me "entregar". O meu amigo de vez em quando dizia para eu falar algo, mas eu preferia ficar no Twitter digitando as coisas sobre a partida. Vá lá, na hora do gol até pulei, se não ficava algo óbvio, e na hora do gol americano deu vontade de rir, mas nos restou xingar (viva!) o goleiro corintiano. Além de ter ficado embaixo do bandeirão da torcida deles.

De fato, JAMAIS gritarei em prol do Corinthians. Por mais que o cheiro da cannabis estivesse bem forte durante toda a partida - em tempo, no Rei Pelé, em Maceió, o lado da organizada geralmente tem o mesmo odor... -, não estava tão fora de mim a este ponto. Quer dizer, sou palmeirense em qualquer situação vital, isso porque não acredito em vida após a morte, senão valeria para depois da morte também...

O segundo gol do Corinthians, que acabou sendo o da vitória, veio aos 21 minutos, mais uma vez atrás do gol em que estávamos. Alex cobrou falta e ela sobrou para Paulinho (sempre ele!) empurrar ao gol. Para "piorar" para nós e "melhorar" aos corintianos, um jogador do América foi expulso por reclamação. A liderança estava assegurada.

Na volta, ainda deu tempo de acompanhar pela TV Coritiba X Palmeiras, que terminou num bom 1 a 1, já que tivemos um jogador expulso. Ah, ainda houve tempo para ver numa pizzaria próxima ao prédio em que ficamos o meu amigo, que tem um filho pequeno, "discutir" com uma criança de cinco, seis anos sobre quem era melhor, Corinthians ou Palmeiras, sob olhares meio raivosos e meio tímidos do pais da criança. Algo, sem dúvida alguma, sensacional!

Não vou dizer que depois desse dia posso dizer que qualquer outra coisa/problema é besteira, até porque uma pessoa que nem eu, que atrai os mais diversos e mais complicados, não se pode dar ao luxo de afirmar tal coisa, porém, sei que sou um dos poucos palmeirenses que pode dizer: SOBREVIVI no meio do tobogã do Pacaembu lotado de corintianos!

2 comentários:

  1. Você esqueceu de mencionar que uma mulher quase nos entregou, quando meu pai comentou que eramos palmeirenses. hahaha

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