terça-feira, 2 de junho de 2009

O [magnífico] Mistério do Samba - Parte 2

AMOR Outros momentos interessantes ficam a cargo das mulheres da Velha Guarda. Como os compositores falaram, o ‘mal do homem é a mulher’, e eram elas os grandes motivos para a criação de músicas.

Numa roda entre cabeleireiras e manicuras, Marisa Monte conversa com as senhoras da escola sobre vários assuntos: o fato de antes as mulheres não comporem, só participar como pastoras (que mandam na escola) e como cantoras; lembrarem de antigas canções etc. Até que o assunto da roda chega ao comentário de que os homens da Portela sempre foram bonitos.

Um a um eram citados. Até que chega em Casquinha, alguém comenta que ele também era bonito. Tia Surica repreende: “Não! Logo ele com aquele bico de papagaio na cara! Casquinha só ficou um pouco bonito depois de velho. Posso falar disso porque namorei ele e dei um pé na bunda”.

Casquinha confirma. Conta que o motivo da separação foi que Surica colocou ponta nele com alguém de outra escola. Quando voltou para casa, ele fez uma música sobre a situação, a qual canta com a Velha Guarda e o motivo de sua criação.

Sobre esse assunto, outro grande momento é a entrevista com Dona Áurea, a senhora responsável por ensinar às crianças da escola o ‘miudinho’. Quando questionada por Marisa Monte sobre o amor, ela responde resignada:

“Esse amor louco que o pessoal fala por aí não existe! Amor para mim é lavar roupas, pratos, ajeitar a casa, cuidar das crianças.
- Mas o amor não é o que está nas músicas?
É para quem quer”.
MUITA MÚSICA Além dessas saborosas histórias, que misturam presente e passado com muita criatividade na montagem, o documentário é recheado de sambas. Ora com toda a escola no Barracão, ora nas entrevistas. Com destaque para o dueto de Marisa Monte com Paulinho da Viola. As três músicas cantadas pelo duo mostram a perfeição da junção dessas duas vozes.

Com direção de Lula Chico Buarque e Carolina Jabor, O Mistério do Samba foi selecionado para a competição no Festival de Cannes do ano passado e é um doc para se rever, ‘reouvir’ várias vezes possíveis. Quer dizer, um documentário para ser adquirido, sem o sentido material da palavra; como forma de extrair a simplicidade e a musicalidade desses grandes artistas.

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