segunda-feira, 13 de abril de 2009

A trilogia orwelliana


Termino com o grande clássico 1984 a trilogia de livros de George Orwell – trilogia ao menos para mim. Antes de qualquer comentário sobre o livro, que se a memória e o tempo permitirem serão muitos, preciso demonstrar como saí de seus livros. A sensação de impotência misturada com um pouco de revolta prevaleceu em mim livro após livro em progressão geométrica.


Suas palavras, que beiram o ceticismo, são um baque forte para qualquer um, especialmente para quem acredita e adquire teoria para uma transformação radical da sociedade. Ao mesmo tempo, seus parágrafos servem para mostrar que apesar de tão difícil de ocorrer tal ação é extremamente necessária. Até mesmo como forma de evitar que coisas ainda piores aconteçam. Evitar que a barbárie se torne a única coisa efetiva no mundo.

Enquanto, em nossa opinião, A Flor da Inglaterra traz críticas aos dois sistemas vigentes, meio que trazendo à superfície as reais opiniões de Orwell, os outros dois livros aprofundam-nas. Na Revolução dos Bichos há o processo de transformação metaforizado para uma sociedade melhor e os problemas trazidos por ser apenas algo localizado. Como tentarei colocar a seguir, 1984 trará a experiência do porco Napoleão sendo maximizada pelo Grande Irmão.

A mistura de vigilância diária de um Big Brother – palavras utilizadas astuciosamente para um produto cultural – com violência cotidiana, trazida com a burocracia governamental, dão a tônica do livro. A União Soviética volta a ser o primeiro exemplo a ser pensado quando lemos o livro, entretanto, mais uma vez discordo desta exclusividade stalinista para trazer à tona nossa sociedade e sua impassividade e, até mesmo, raiva com quem deseja algo melhor.

Mais uma vez, só que ao longo do texto, vejo-me reconhecido em seu protagonista, Winston, só que por motivos, por assim dizer, superiores e bem mais causticantes do que o que me foi encerrado com uma simples bebedeira do Comstock. A única coisa que posso adiantar é que nunca me senti tão (psicologicamente) maltratado quanto após a leitura deste livro. 1984 me gerou uma conjunção de 1984 sentimentos, pensamentos e ideias. Com certeza é um livro a ser lido e relido a posteriori.

Por isso, deveria ser um livro a ser comentado, no mínimo, 1984 vezes, por vários ângulos e recortes possíveis. Para fazer o possível neste momento, a partir da semana que vem tecerei comentários sobre algumas partes que me chamaram atenção nessa primeira leitura, através da série “1984 ideias”.

Um comentário:

  1. Falaste tudo: "nunca me senti tão (psicologicamente) maltratado quanto após a leitura deste livro".
    Angustiante em muitas horas.

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