sábado, 25 de abril de 2009

1984 ideias


Já se foram três meses da minha leitura de 1984, este clássico da literatura mundial escrito por George Orwell. Semana por semana se passava e eu não conseguia escrever sequer uma linha sobre esta obra, até que na semana passada saí da letargia criada pelo livro para escrever sobre ele.


Mas são tantos aspectos observáveis, tantas coisas que a minha memória apagou de seus registros. Algumas anotações e citações feitas. Tanto que não sabia de onde começar. A vantagem é que da mesma forma que o tempo apagou algumas das minhas memórias referentes ao livro, neste período pude ler outras coisas. E é através da última leitura que começo a série "1984 ideias".

FAMÍLIA
“Morgan diz ‘[...] A única coisa que se pode responder é que a família deve progredir na medida em que progrida a sociedade, que deve modificar-se na medida em que a sociedade se modifique, como sucedeu até agora. A família é produto do sistema social e refletirá o estado de cultura desse sistema” (p. 91).

Esta é uma das citações utilizadas por Friedrich Engels em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, um estudo que pretende unir os elementos antropológicos de Lewis Henri Morgan com os socioeconômicos de Karl Marx. É através da família analisada por Engels que começaremos a nossa árdua jornada.

Para quem ainda não leu o livro de George Orwell, aqui vai uma explicação rápida. O livro, escrito em 1948, mostra como seria a Inglaterra no ano de 1984. Para isso, o autor, com seu peculiar pessimismo super-realista, mostra elementos já apresentados no seu entorno social bastante piorados menos de quarenta anos depois. A predominância é do autoritarismo, o que significa total controle das pessoas, inclusive de seus pensamentos.

Ah, temos que lembrar que existiam equipamentos, que poderiam ser comparados a televisores, a que tudo observavam por quase todos os lados. Não é a toa que o reality show, o de maior sucesso do Brasil, que observa todos os movimentos das pessoas trancadas numa casa se chama Big Brother (Grande Irmão, líder deste continente).

As famílias na Londres de 1984, segregada claramente em burocratas governamentais X proles, são formadas apenas para garantir a procriação, nenhuma forma de amor ou paixão é possível. Sequer o sentimento filial é permitido, a ponto de muitas crianças denunciarem os próprios pais à “polícia”.

O protagonista do livro, Winston, é um burocrata e tem a função de modificar materialmente os arquivos do passado. Porém, é alguém que sente dúvidas de como as coisas chegaram até aquele ponto, que pouco conhece do passado e do pouco que conhece sabe o quanto foi diferente do que o Estado conta.

Sua relação com as mulheres ao longo da vida nunca foi boa. Com a mãe, pelo que lembra, era bem conflituosa. Inclusive, nas épocas de racionamento alimentício ele sempre fora egoísta a ponto de deixar sua irmã de colo morrer de fome.

Seu casamento era com alguém mais frio que uma pedra, que só fazia sexo de forma automática, em nome do Grande Irmão – espécime que chargeia Stálin na União Soviética e que muito bem poderia ser representado para esperança cega atual em Barack Obama.

Seus vizinhos possuem dois filhos que já começaram o treinamento em escolas que mostram que devem ser denunciadas quaisquer pessoas as quais tenham uma hesitação que seja sobre o Partido. É assim que o pai deles, o exemplar de um ser humano idiota e que acredita em qualquer coisa, foi preso. Ambos faziam parte de grupos jovens sexualmente separados e reprimidos. Desde cedo aprendiam o que deveriam agredir e o que não queriam.

Como muito bem coloca Morgan acima, “a família refletirá o estado de cultura desse sistema” e o mostrado em 1984 é deste nível. Algo que explore bastante o individualismo, de forma a se entender a importância da escravidão, da guerra e da ignorância perante o Outro. O único tipo de paixão possível, como já foi colocado anteriormente, é ao Grande Irmão.

Um comentário:

  1. Essa ideia do sexo burocrático foi uma das coisas que mais me assustou no livro.
    Já imaginou se todos fizessem sexo pensando no Estado? Haja viagra!

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