quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Professor?

Não gosto de datas específicas, dias disso, dias daquilo. Não gosto nem mesmo do meu aniversário. Com a correria deste início de semestre letivo, nem tinha me dado conta, mas me lembraram hoje que este é o meu primeiro dia dos professores...

Li muito sobre experiências presentes e passadas de muitos colegas professorxs e de outras pessoas - quem dera se esse destaque fosse para além de um dia... Claro que também tive professorxs importantes, desde os tempos das "tias" quando criança até o Mestrado. Mas quem muito me ajudou na base foram os meus pais.

A minha mãe por me ensinar a ler e escrever lá atrás, com 5 anos. E o meu pai, que me perguntava as questões para a prova (na época do decoreba) mesmo após dias cansativos de trabalho. Ela acabou tendo "dedicação exclusiva" à família; ele virou professor depois dos 40 anos, ensinando desde então outras crianças.

Tem a universidade. Creio que agradecer aos professores do COS/UFAL e do PPGCC/Unisinos é mais do que falar à toa por conta de uma data. Apesar das experiências quase opostas, mesmos os piores professores (no ver daquele graduando de anos atrás) nos ensinam bastante. Ver os acertos, não repetir os erros e ser o melhor possível para os estudantes é quase um mantra desde que me tornei professor.

Por mais que tenha dado outras aulas antes e por mais que ser professor estivesse dentre as minhas possibilidades desde a graduação, ser professor da Universidade Federal de Alagoas não estava nos meus planos para tão logo, ainda que não seja em Comunicação.

Achava até que quando começasse um semestre para valer - já que em agosto e em setembro, a ordem era "trazer os meninos para casa", como se diz na F1 -, a ficha iria cair. Porém, ainda não. É estranho ouvir o "professor!", "professor?" e coisas do tipo. Só não é mais que ouvir o "senhor" por conta da meritocracia acadêmica, algo que eu não gosto de estimular, mas que acaba sendo automático nas relações pessoais do cotidiano. E ainda é engraçado entrar na sala, como na semana passada, e ver os rostos de dúvida, por conta da minha idade.

Claro que há muitas dificuldades, o processo de precarização da carreira segue, a falta de estrutura aparece, mas passar por este primeiro dia dos professores é um misto de alegria e satisfação profissional com responsabilidade. É muito bom fazer parte da formação de outras pessoas, possibilitar novas dúvidas, gerar novos interesses sociais e acadêmicos e, especialmente, vê-lxs aprender e aprendermos com elxs.

É uma batalha diária tentar colocar em prática parte dos princípios que acabei construindo com as boas e as más referências nas universidades, aumentar a socialização das decisões também nas salas - ainda que mantendo o limite necessário para o exercer das atividades - e dar aulas em Economia e Contábeis trazendo elementos como músicas, vídeos, memes e mashups.

Mas tudo isso vale a pena quando se faz o que gosta. Poder seguir pesquisando, agora com um pouco mais de tranquilidade, ainda mais. A partir de agora o maior desafio até o próximo dia dos professores é formalizar o tripé básico. A nova fase só começou.

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