domingo, 9 de novembro de 2014

[Viagens] Saindo de um câmara criogênica

Ao apresentar as falácias no terço de Lógica formal na disciplina que dou aula, brinquei com os alunos sobre a falta de comprovação sobre a criogenia. Esta poderia ser uma falácia por ainda não ser comprovada pela ciência. Mas vai que um Walt Disney ressurge em mente e corpo (vale a pena ver a animação que está lincada)?

Tudo isso para dizer que voltei a Aracaju após quatro anos. Não tinha noção que fazia tanto tempo que não voltava para lá. Voltando, percebi que da última vez tinha ido para apresentar um trabalho do núcleo de estudos e para ver as possibilidades de estudar no mestrado da Unisinos. Depois, passaria na seleção, moraria por dois anos em São Leopoldo-RS, passariam por boas e ruins, voltaria para Maceió e passaria por péssimas e eis de volta.

Sergipe tem uma parcela importante na minha formação. Foi lá que passei dos 2 aos quase 12 anos e cuja mudança nos anos finais foram preponderantes para a minha constituição moral. Maior parte dos princípios que utilizo para as relações sociais foi construída ali. A mudança para cá foi essencial para uma dificuldade da minha parte em mudanças, mesmo após o (essencial) período no Rio Grande do Sul.

Voltar para Sergipe ainda tem um peso enorme. É a passagem pelo Rio São Francisco, ainda que desta vez tenha sido à noite. Rever xs poucxs amigxs desde aquela época. Nesta viagem pude rever dois amigxs de infância. Uma com uma filha de 3 anos e outro com um filho a nascer ano que vem. Pudemos conversar mais do que, inclusive, nas outras vezes que voltei a Aracaju, geralmente por conta de algum evento estudantil ou acadêmico. Relembrar uma cidade que já começava a ter cada vez menos resquícios na memória.

Claro que não terá o mesmo peso de quando eu puder apresentar a minha pesquisa para estudantes de Comunicação (agora Jornalismo e RRPP) daqui da UFAL, mas voltar como professor para o lugar que eu imaginava que só sairia justamente para cursar Jornalismo em Alagoas pode ter sido o tilintar final da ficha caindo que uma nova fase começou.

CEPOS
Dois dias de atividades numa sala cheia de computadores, com pessoas trabalhando montando projetos. O primeiro dia de volta a uma sala com o nome de CEPOS na porta foi bem complicado. Impossível não lembrar daqueles meses finais de Unisinos, de olhar para uma porta fechada e de uma espécie de apagamento de uma trajetória acadêmica gigante.

Por mais que eu queira ser racional demais, teve um momento que silenciei em frente a este notebook, pensando que já havia feito isso tantas e tantas vezes naqueles tempos de Mestrado. Daí ser impossível não ter ficado quieto por alguns instantes naquele dia. Como também era impossível não fazer comparações, mesmo que eu tenha chateado uma pessoa de lá.

Realmente não sei se seria mais fácil. Não nego a ninguém que tínhamos diferenças e que havia algumas arestas a serem corrigidas para a continuação da minha parte. Porém, eu sei que não seria tão difícil. E aí de forma geral. Para seguir o avanço da EPC. Para seguir os meus avanços de vida acadêmica... Aprendi da forma mais difícil que por mais que eu seja "radical demais" e que tente lutar até ser a pessoa que, na pior das hipóteses, vá apagar a luz, tem coisas que fogem do nosso controle. E isso foi a pior lição que o meu período no Rio Grande do Sul me trouxe.

Só agora é que começo a me ver, ao menos um pouquinho, como membro deste novo Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS). Em Sergipe, senti-me como se tivesse descongelado da defesa da dissertação para agora. Inclusive, esse foi um dos motivos da visita, conversar sobre as alterações naquele material para, quiçá, um futuro livro. Ouvir novamente que seu trabalho era/é muito bom - e ver a anotação do "diamante" sobre isso - após uma experiência ainda mais complicada no final do ano passado também serviu como alento.

As dificuldades se agigantaram coletivamente. Como quase sempre eu quero brigar até o fim, mas aprendi que nem sempre isso é o mais importante. A construção se dá de outras formas, seja pela produção acadêmica ou, especialmente, pela forma de se relacionar e respeitar (palavrinha difícil para qualquer área) outras pessoas. A tal da práxis, no final das contas.

E sabe se lá o porquê, uma determinada área que não dou muita bola, justamente porque fugiria do meu controle racional, resolveu sair da câmara criogênica após alguns anos criando um novo laço com Sergipe. Se sempre tive motivos para voltar, agora tenho mais um. Se os outros já não eram quaisquer motivos. Agora então...

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