sexta-feira, 25 de outubro de 2013

[Por Trás do Gol] 43 anos

"Quando me vejo assim, com bancos em boa parte de mim, quase esqueço que lá no início era todo mundo em pé. Se hoje cabem, no máximo, 18 mil pessoas, no dia da minha inauguração, um jogo do Santos (de Pelé) contra a Seleção Alagoana, foram mais de 45 mil. O tempo foi passando e a minha capacidade diminuindo. 26 mil em 1992 e para a quantidade atual há poucos anos.

Vi o rei do futebol e recebi o nome dele logo após o tricampeonato mundial. Aliás, bem melhor que ter o nome do governador de então. Também vi a rainha jogando aqui, mas aí era bem mais fácil, já que foi em parentes bem menores e mais pobres que eu que ela pôde iniciar a sua jornada. Até tentaram mudar o meu nome para o dela, mas no final perceberam que não importa se o Pelé veio aqui apenas uma ou duas vezes, mas sim o que ele fez dentro dos gramados pelo mundo, como bem sabe lembrar o Edson, que faz aniversário dias antes de mim.

Quanto ao nome, os mais chegados me conhecem mesmo é como Trapichão. Se o agora remodelado Mário Filho é conhecido pelo nome do bairro onde fica, mantivemos esta tradição por aqui com mais esperteza. Afinal, o Trapiche onde nos localizamos tem tanta coisa importante, o maior hospital do Estado surgiria depois, que a imponência de um gigante de 7 andares, com um gramado no limite do tamanho, tinha de gerar um aumentativo.

Vi muitos sofrerem nas minhas arquibancadas, fossem sentados ou em pé. Vários títulos alagoanos sendo decididos em mim, especialmente pela dupla CSA e CRB, que assim o fizeram este ano numa final por pênaltis inédita entre os clubes no Estadual. Recebi também vários jogos de competições regionais e nacionais, mesmo quando eram de times do interior, casos de Coruripe, Murici e até mesmo o ASA, na última década, quando pegaram clubes como Flamengo e Palmeiras. Até mesmo decisões nacionais e uma internacional, com o lado azul lotando o estádio e ficando no vice-campeonato.

Ah, não poderia esquecer que sediei por dois anos (2000 e 2001) com um parceiro nordestino a Copa dos Campeões. A nata do futebol nacional jogou no meu gramado antes do Campeonato Brasileiro. Alguns vinham só para visitar as praias, mal entrando no gramado, mas muitas emoções nacionais foram vistas nestas arquibancadas e pela transmissão televisiva.

Se ainda não vi título além da esfera estadual, vi a Seleção Brasileira atuar por aqui em quatro momentos. A última vez em 2004, com Adriano, Ronaldo e companhia empatando sem gols com a Colômbia pelas Eliminatórias da Copa.

Mas eu também sofri. Foram 2 anos parado para reforma no início da década de 1990 e um bom tempo funcionando remendado na segunda metade dos anos 2000, até resolverem fazer uma reforma mais adequada. Meu gramado sofreu com uma praga há pouco tempo, mas pouquíssimas vezes alguém pôde reclamar que, por exemplo, ele estava com muita água. Pode chover à vontade que quase sempre a drenagem resolve.

Entre gols, títulos e paradas forçadas para reforma, considero que sou uma das obras mais importantes deste Estado de belíssimas praias. Se nasci com nome de rei, tornei-me mais fundamental que um desses para várias pessoas daqui, independentemente de opções de camisa.

43 anos... Tudo bem que não parece que foi ontem. Até porque nem poderia ser. Relembro cada passe, cada passo, cada pulo do torcedor... Espero que me mantenham com a saúde em dia para eu ver e propiciar ainda mais momentos de alegria".

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