quarta-feira, 30 de outubro de 2013

[Circo a motor] O tetra seguido

há alguns GPs que Galvão Bueno falava que Vettel entraria na história da F1. A única coisa que me vinha à cabeça era discordar. Como alguém que é o campeão, o bicampeão e o tricampeão mais novo da história, tricampeão mundial (como feras do naipe de Ayrton Senna e Nelson Piquet) seguido, como pouquíssimos, já não estaria na história do automobilismo?

O que as 36 vitórias, 10 delas em 2013, cuja segunda metade da temporada, com 6 vitórias seguidas; 43 poles; e, especialmente, agora 4 títulos consecutivos mostram, na verdade, que ele entrou num patamar para gênios do esporte, independente da qualidade do carro em que se anda. Com 4 títulos só ele, Michael Schumacher, Alain Prost e Juan Manuel Fangio. Com 4 títulos seguidos, só ele, seu  compatriota e Fangio. Ainda assim, ele o fez aos 26 anos e de forma seguida a partir do primeiro.

Ah, e é preciso lembrar que em 2009, ano de sua estreia pela RBR, ele quase chegou ao título, ficando com o vice-campeonato porque a Brawn GP foi a única equipe que soube ler a brecha dos difusores duplos no regulamento, com Button disparando com uma sequência de vitórias logo no início da temporada.


Há quem diga que Adrian Newey e a Red Bull Racing dão a Vettel condições primorosas para ter chegado tão cedo em lugar tão alto. É verdade que falavam algo parecido na supremacia de Schumacher de 2000 a 2004 pela Ferrari. Olha que na equipe italiana, o piloto número 2 claramente era definido, enquanto que na austríaca isso acabou ocorrendo com o tempo, após inúmeras disputas entre seus dois pilotos, inclusive com Webber em melhores condições para o título em 2010. Foi depois daquele ano, e de certo olhar mais voltado ao carro do alemão, que o australiano começou a se desmotivar. Ainda assim, já em 2013, houve uma dobradinha melancólica.

É claro também que se compararmos a F1 dos tempos atuais com os pré década de 1990 e, por que não, da era mais profissional da categoria - com pilotos só pilotando, sem quaisquer pitacos na área de engenharia mecânica -, a situação é bem diferente. O piloto do período anterior era mais um super motorista que hoje. Felizmente, correr também contra a morte é um lema que pouco pode se utilizar para a categoria nos dias atuais. Tudo muda, ainda mais quando se trata do avanço tecnológico das últimas seis décadas, não seria diferente com as necessidades do automobilismo.

Também parece ser algo óbvio que a RBR é uma super equipe, com recursos e capacidade técnica o suficiente para fazer um bom carro e, principalmente, como mostra a temporada atual, que começou equilibrada, desenvolvê-lo. Este ponto, por exemplo, foi a grande falha da Ferrari neste ano, com os resultados da segunda metade sendo muito mais pelos pilotos que pelas condições oferecidas pelo carro.

Neste conjunto de ingredientes, há ainda a sorte. Se o GP de Buddh foi vencido de forma inconteste, ainda que o carro não andasse bem com os pneus macios, a ponto de ter de trocá-los com apenas duas voltas de uso, Vettel só teve ameaças de quebras, seja de câmbio - principal problema do RB9 - ou, na última prova, do alternador, enquanto Webber ficava (ou era forçado a ficar) no meio do caminho.

Resta muito pouco para o resto da temporada, com o mais importante sendo os US$ 25 milhões de dólares a mais para a equipe que ficar com o 2º lugar. Depois do 4º lugar de Massa, mas apenas do 11º lugar de Alonso, a Ferrari perdeu o segundo posto para a Mercedes, que viu Rosberg chegar em 2º e Hamilton em 6º. O placar está em 313 a 309 para a equipe alemã faltando 3 provas para o final.


MALABARES
- Na quarta-feira, o assessor de imprensa de Hélio Castroneves (Indy), o jornalista Américo Teixeira Jr. cravou que Felipe Massa estava por assinar contrato com a Willians. Maldonado, que critica e é criticado na equipe, estaria de partida para a Lotus. A promessa era que a situação de Massa fosse comunicada em questão de horas ou dias, mas não foi. Porém, a negativa que poderia ter surgido também não apareceu;

- Duas coisas. Sobre Massa na Willians, não gosto. Por mais que não seja com investimento, a equipe vem muito mal das pernas nos últimos anos, a ponto de estar beirando a cair de média para as menores da categoria. Bruno Senna e Rubens Barrichello sabem o quanto sofreram, olha que em momentos pouco melhores que o atual. Restaria torcer para que a revolução nas regras ajude;

- Com o Eric Boulier, chefe da Lotus, afirmando para todo mundo que o melhor no lugar de Raikkonen é Hulkenberg, assinar com Maldonado por conta da grana da PDVSA - em meio à crise financeira estatal - seria mais um ponto extremamente negativo para uma F1 com mais da metade das vagas compradas;

- Sorte da equipe poder contar com Roman Grosjean. O piloto francês vem de três pódios seguidos e neste ano está longe do piloto problemático de largadas que chegou a ser sua marca em 2012;

- Voltando à Massa, mas falando de Ferrari. Ele peitou na tática do treino oficial, largou em 5º, chegou em 2º ainda na primeira volta com uma espetacular dupla ultrapassagem sobre os carros da Mercedes, liderou a corrida por 7 voltas, mas viu os italianos errarem na estratégia. Não é possível que com pneus feitos para se desgastar e sem necessidade de reabastecimento, a Ferrari não tenha entendido ainda que se o piloto atrás parar antes, ele passar. Afinal, pneus com menos desgaste fazem o carro andar mais rápido... Em vez de Rosberg, Massa poderia ter chegado em 2º;

- O circo já está colocando a sua lona em Abu Dhabi, o GP do lusco-fusco será neste final de semana.

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