quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Uma vida sem histórias


No banco mais alto, com uma trança, procurando o que olhar.

O banco mais alto do corredor sem ninguém. Olhada rápida. Senta-se, pega o livro e começa a ler, ainda que prestando a atenção ao lado.

Mexe na bolsa, tira um pacote de biscoitos. Antes de abri-lo, as alças da bolsa caem e resvalam ao lado. Um toque sem querer e um olhar rápido sobre o livro e sobre os olhos que liam o livro. Agonia.

Biscoitos rapidamente comidos. Horário de almoço. Pacote jogado pela janela como se ninguém tivesse visto. Mas os olhos que estavam no livro seguiam com a atenção redobrada e viram. 

Nova olhada para o lado e os olhos alheios seguiam no livro. Restou mexer no celular, o que desvia rapidamente os olhares do outro. Rápida troca de olhares e eles voltam cada um para o seu objeto, o celular, que voltaria para dentro da bolsa, e para o livro.

Nenhuma palavra. Nem mesmo na hora de descer. E lá se foram os olhos agoniados, a trança na cabeça, a camiseta preta.

Os olhos sobre o livro indicavam uma frase de outro autor: "Vida sem histórias não vale a pena ser vivida".

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