sábado, 15 de dezembro de 2012

[Por Trás do Gol] O inesperado em Yokohama

No ano passado, o Santos chegava à final do Mundial de Clubes FIFA sabendo que teria que jogar tudo o que sabia e torcer para que o Barcelona estivesse num péssimo dia. Não foi o que houve, um primeiro tempo espetacular e 3 a 0 que viraram 4 a 0 no final de mais um espetáculo do time então comandado por Pep Guardiola e Messi. Este ano o confronto entre o campeão da Libertadores e o campeão da Champions League é bem diferente. Favorito?

CHELSEA
Dizer que o Chelsea é favorito porque é um dos times mais caros do mundo, têm tais e tais jogadores e é inglês é balela. Apesar de um meio-campo rápido, com três jogadores com habilidade, geralmente Oscar, Hazard e Mata, os atuais campeões europeus ficaram de fora da segunda fase da Liga dos Campeões, a primeira vez para um campeão do torneio. Antes disso, Abramovich já havia trocado o técnico, saindo Di Matteo e entrando Rafa Benítez, técnico com história pelo Liverpool.

Vi três partidas dos Blues no torneio - escutando sempre da Band coisas como "torcedor corintiano, acompanhe o possível adversário do Corinthians na final do Mundial" (argh!) - e pela partida contra o Monterrey não parece que o time mudou tanto sob as mãos do técnico espanhol. Sinceramente, acho até que pode ter piorado ou piorar, já que Benítez opta por um rodízio entre os atletas e me parece inventar demais na escalação. Nada contra David Luiz jogar de volante, até mesmo porque ele iniciou assim no Vitória e tem técnica o suficiente para sair com a bola, mas mudar o esquema a cada partida?

Contra o Monterrey, o Chelsea manteve a tendência de ter grandes momentos nas partidas - foi assim no empate com a Juventus em 2 a 2 -, com o trio do meio solto, confundindo a zaga adversária e criando chances para Torres marcar (e desperdiçar). Porém, o time parece que se acomoda em outros momentos, possibilitando os ataques adversários. Aos mexicanos faltou qualidade tática, que não faltará ao Corinthians.

CORINTHIANS
Os otimistas viram o Corinthians na quarta-feira e devem ter falado que para corintiano tem que ser no sufoco mesmo, que o time controlou a partida em toda a primeira etapa e acabou sentindo a temperatura e o peso da estreia no torneio. Os pessimistas logo apontaram que o Chelsea era bem melhor tecnicamente que o Al Ahly e que não perderiam passes e chances como eles.

Tite convive, até menos nos últimos meses, com a pecha de que o Corinthians só ganha por poucos gols porque joga tão taticamente que o ideal é apenas vencer. Raios, qual o problema disso? Desde o ano passado, ainda durante o Brasileirão que eles ganhariam, afirmou que o time lá do Parque São Jorge, e futuramente de Itaquera, é um dos que mais joga há mais tempo de forma definida no mundo. Isso é uma grande qualidade.

Se o motor do time pode ser o Paulinho, o segundo volante que marca, protegido pelo parceiro Ralf, e chega na frente como homem-surpresa, o clube paulista ainda conta com jogadores como Danilo e Emerson para desequilibrar, em todos os sentidos, lá na frente, e Guerrero como centroavante matador - que o time não tinha desde a aposentadoria de Ronaldo.

Tite já sinaliza modificar o time para garantir a marcação no trio do meio do Chelsea, seja lá qual for que Rafa Benítez coloque em campo, com Jorge Henrique no lugar de Douglas mais pela marcação da saída de bola adversária que para puxar ataques em velocidade, outra boa característica do jogador.

Difícil apontar um favorito, mas se tivesse que apostar entre a habilidade e técnica do trio de frente Oscar, Mata e Hazard (como o belga joga bola!) contra a tática de Tite, a aposta seria, com toda infelicidade do mundo, no Corinthians.

DÁ UM TEMPO!
Feita a análise para a partida de amanhã, preciso dizer o quanto tem sido chato acompanhar o Mundial. Em busca da audiência possibilitada pela segunda maior torcida do país, vivemos uma corintianização dos meios de comunicação esportivos brasileiros. E não é birra de palmeirense, basta comparar com a cobertura do Santos no ano passado.

Eu, que não pretendia torcer nem contra nem a favor do arquirrival, venho sendo obrigado a torcer cada vez mais contra para ver se paro de ouvir o Casagrande emocionado comentando o jogo no Japão, "porque o Corinthians representa o Brasil e não é preciso esconder nada"; ou o Galvão aproveitando da situação e disparando milhares de "haaaaaaaaaaja coração" e "o Corinthians é o Brasil no Mundial de Clubes" - e eu pedindo "asilo esportivo" para outro pais em 3, 2, 1,...

Para não falar do quanto tenho que aturar torcedorxs corintianxs de um lado pedindo para eu torcer para o arquirrival, "mas é o Brasil", e de outro expressando toda as características que justificam o "maloqueiro" que identifica a torcida, enchendo o saco de um palmeirense com fim de ano péssimo hehehehe. Ainda tenho promessa de telefonema paterno em caso de título... Acaba logo, 2012!

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