quarta-feira, 17 de junho de 2020

2020.17 Os homens explicam tudo para mim

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Após o adiamento da edição de março por causa da necessidade de isolamento social, o Leia Mulheres Maceió retornará com reuniões este mês. O livro separado para discussão virtual no próximo sábado é "Os homens explicam tudo para mim", de Rebecca Solnit, um conjunto de ensaios publicados pela autora sobre a violência de gênero.

Ainda que eu viesse evitando livros e filmes mais pesados, pois o nosso cotidiano nacional supera qualquer ficção, sempre é muito importante ler relatos duros sobre a violência que a mulher sofre no dia a dia. Vivemos numa sociedade patriarcal e que tende a naturalizar uma série de preconceitos, incluindo o machismo. O ensaio que inicia o livro, por exemplo, é sobre o dia em que um homem resolveu falar com a autora sobre um livro que ela escreveu, ápice do "mansplaining", algo muito comum.

Alguns tópicos são mais pesados que outros, mas, como ela coloca em determinado momento, é muito mais difícil para as mulheres viverem com o medo de serem estupradas e subalternizadas do que o incômodo que eu, enquanto homem heterossexual, posso sentir nas descrições de um livro. Vale a leitura!

Referência
SOLNIT, Rebecca. Os homens explicam tudo para mim. São Paulo: Cultrix, 2017.

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você

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3 anos depois daquela descompromissada ida ao cinema, em que eu tive crise alérgica respiratória antes, mas tinha que dar um jeito de ir porque o nosso descompromissado encontro deveria ter sido na quarta-feira de Cinzas, vejo hoje que "estranho seria se eu não me apaixonasse por você".

Eram anos muito difíceis, por diferentes motivos e apesar de algumas coisas boas. Eu precisava me entender enquanto parceiro de outra pessoa e foi na tentativa e erro, muitas falhas minhas nesse processo, mas muito sofrimento também, que eu havia escolhido ficar mais quieto. Você surgiu de forma inexplicada, a partir de outro contato em comum, de outra história. Éramos apenas "palmeirense" e "corintiana" - e hoje somos mais "azulino" e "regatiana".

Se eu jamais esqueço daquela primeira noite, da minha preocupação em não exagerar e da sua timidez capaz de fazer com que mal olhasse para mim após o beijo na sala do Cine Arte Pajuçara - um clássico, eu sei -, a cada encontro depois daquilo "Satisfeito, sorri, quando chego ali" no ponto de ônibus após te encontrar. Abobado, rindo sozinho dentro do coletivo ao lembrar dos momentos contigo.

E o teu receio na minha viagem a Quito e a São Paulo? Achando que ia te esquecer em meios às coisas de trabalho - ainda que eu saiba que eu foque muito no trabalho -, sem saber que "Colombo procurou as Índias, mas a Terra avisto em você". Falei contigo todos os dias, em quase todos os momentos.

Voltei para Maceió, dei aula em Santana e travei a coluna, fui à emergência porque não te encontrava a tanto tempo que não podia aguardar mais. Só pensava e falava: "Não vejo a hora de te reencontrar". Recuperei-me das dores na coluna, te pedi em namoro no reencontro e logo depois tive um ataque de alergia ao diclofenaco. Porque né, vida não é fácil rs. Mas eu tinha alguém com quem partilhá-la, nos amores e nas dores.

Muita coisa andou de lá para cá. Eu passaria no doutorado ainda em 2017; o CSA ganharia a Série C, dois Alagoanos e jogou a Série A - com a sua torcida contrária, claro (rs) -; eu cheguei a viver entre três municípios de 2 estados, mas com as trouxas aqui em casa porque viver contigo era essencial para a minha vida. Continua sendo.

Discutimos de vez em quando, até porque não é só nos nossos clubes de futebol que as nossas defesas de argumentos são árduas, mas aprendemos cotidianamente a sermos melhores um para o outro e nas nossas relações profissionais e pessoais.

Sei que o doutorado, a diretoria da entidade de pesquisa, a UFAL e o futebol se misturam à nossa rotina e fazem parecer que você é mais um desses elementos do meu cotidiano. Sei que falho em diferentes momentos, mas espero que não só neste dia ou ano, eu possa fazer o melhor de mim para que você seja cada vez mais feliz.

Que tenhamos muitos mais anos para comemorar pela frente, numa situação bem melhor que a atual de isolamento social e um monte de preocupações com um país complicado, para dizer o mínimo. Te amo muito e não há medida criada pela humanidade para externar este sentimento.

domingo, 24 de maio de 2020

2020.16 Entradas e bandeiras: a conquista do Brasil pelo futebol

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Enquanto pesquisador de futebol, era um problema não ter lido antes "Entradas e bandeiras" do Gilmar Mascarenhas. O saudoso pesquisador publicou o livro em 2014 apontando a partir da geografia "a conquista do Brasil pelo futebol".

Meu arquivo com fichamento de citações cresceu bastante, pois ele trata de diferentes tópicos que me interessam na pesquisa: a normatização do jogo a partir da Inglaterra, já apontando ali um "futebol de espetáculo"; a entrada e expansão que é diferente em diferentes lugares no Brasil; as mudanças que a mercantilização existe, com destaque para os efeitos da metropolização do país, com clubes periféricos sendo cada vez mais extintos; e, por fim, o modelo neoliberal que afasta a torcida mais efusiva, encarecendo o acesso ao jogo.

Em suma, vai ser o livro que passarei a indicar a qualquer pesquisador que queira estudar o futebol, pois instiga diferentes possibilidades de pesquisa. Ah, e o melhor, está disponível de forma gratuita para ser baixado no site da Eduerj, na Biblioteca da Quarenta: https://www.eduerj.com/eng/?product=entradas-e-bandeiras-a-conquista-do-brasil-pelo-futebol-2

MASCARENHAS, Gilmar. Entradas e bandeiras: a conquista do Brasil pelo futebol. Rio de Janeiro: Eduerj, 2014.