sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Sobre frustração, orgulho e responsabilidade

Com fortes dores nas costas, ontem eu seguia carregando caixas, bandeiras e um tanto de coisas nos atos que o Comando Nacional de Greve do ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior) fazia no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e no Ministério da Educação. Enquanto isso, em Maceió, após e-mail direcionado por um tal de Fórum dos Diretores, a assembleia definia a saída da greve, mesmo sem qualquer conquista e ainda que naquele exato momento estivéssemos em Brasília conseguindo reuniões com os dois ministérios pela militância de docentes e estudantes.

Óbvio que, ainda que inevitável, o sentimento de frustração é enorme por estar representando algo que seguia um rumo contrário ao que defendemos enquanto universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. Indo mais na direção do gerenciamento empresarial, do patrão mandando e dxs empregadxs atendendo, mesmo antes de aprovação de Organizações Sociais. Mais que as dores no corpo, doía a alma ao vivenciar tamanha contradição. Estando de corpo aqui em Brasília e via whatsapp acompanhando as coisas em Maceió.

Mas tem também o sentimento de orgulho por mim e pelxs bravxs camaradas que trocamos a tal da "férias extensas remuneradas" por trabalhar bem mais em prol da universidade do que se estivéssemos sem greve. De receber acusações altamente levianas via mídias sociais - caso da que dizia, como foi explicitado em assembleia, que professor grevista não produzia pesquisa (acho que eu não escrevi três artigos, fui a dois congressos, um internacional, e sou um dos coordenadores de dossiê de uma revista B1 e o meu nome deve ser diferente desse do Lattes...). Como digo nas minhas aulas de Lógica, mais fácil as falácias opressivas que a troca de argumentos, especialmente quando não os têm.

Orgulho de quem ficou com a imunidade baixa e pegou várias doenças, de quem teve que se afastar por um período porque tinha que conciliar com outras atividades de família e de pesquisa - vejam só... -, de quem defende a universidade da privatização e das más condições de trabalho que afetam professorxs, técnicxs e estudantes. Eu mesmo passei por uma situação bem complicada de saúde em junho, em que corpo e mente chegaram muito perto de dar TILT, e só entrei no mês seguinte no Comando Local de Greve, mesmo sem poder e não estando na assembleia que deliberou a greve, mas simplesmente porque fazia parte da minha responsabilidade.

Mas não é só na greve que defendo uma sociedade justa, livre e igualitária, para além de uma universidade sob os princípios acima narrados. Foi assim no meu tempo de graduação, dentro ou não formalmente do movimento estudantil, foi assim no mestrado ou agora neste 1 ano e 1 mês enquanto professor. No ensino, na pesquisa, na extensão, na gestão ou na militância, a luta nunca parou e não para. Não vai ser a saída formal da greve que vai me tirar da luta cotidiana, este é apenas o melhor instrumento - estamos esperando um melhor há 3 décadas.

A luta é todo dia, os ataques são rotineiros, mas do lado de cá sempre haverá quem está pronto a não se submeter a poderes hierárquicos em prol da defesa de princípios basilares para a educação e para a sociedade!

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