sábado, 11 de agosto de 2012

[Londres 2012] Ganhar o ouro era obrigação?

ERA e sempre foi. Ao menos nestes 24 anos em que o Brasil mal conseguiu chegar a uma final de Jogos Olímpicos no futebol masculino - o feminino chegou a duas seguidas, 2004 e 2008. Mais de 86 mil pessoas viram em Wembley hoje o que marca a Seleção brasileira neste ciclo Mano Menezes. Um time novo, com mais nome que bola, mas que parece que vai chegar a algum lugar. Só parece.

Assisti poucas partidas do futebol masculino e ainda assim com o mínimo de atenção, por vário motivos, a maioria deles pessoais. Porém, o principal é que não há como torcer para uma equipe comandada por um malufista, que dá todo o apoio possível e imaginado para apenas uma modalidade, enquanto que o feminino só piorou neste ciclo olímpico. Para justificar, basta lembrar o que o Ney Franco fez com as categorias de base. Trabalho excelente.

Na primeira fase, os outros dois favoritos caíram. A Espanha, e o seu estilo de jogo "característico", não venceu ninguém. Comentários dão conta que não havia jogadores fora da média, casos de Xavi e Iniesta, para desequilibrar uma partida quando fosse necessário. O outro eliminado foi o Uruguai. Com dois títulos nas suas únicas duas participações na história, 1924 e 1928, os uruguaios só ganharam uma partida e ficaram no meio do caminho.

O Brasil iniciou a campanha parecendo que o trio Oscar, Neymar e Leandro Damião dariam show, com rápidos três a zero sobre o Egito nos primeiros 25 minutos de jogo. O segundo tempo veio e um apagão chegou. A fragilíssima defesa deu o ar da graça. Após isso, foram mais duas vitórias e sufoco contra Honduras nas quartas de final, passando por 3 a 2, com um 12º jogador dentro de campo.

A semifinal eu vi pouco, estava na universidade, com um novo problema por dia e mexendo em outras coisas em paralelo na internet. O 12º jogador, o árbitro, entrou novamente na cancha e os 3 a 0 contra a Coreia do Sul, com show de Leandro Damião, faziam parecer que este time ganharia fácil de qualquer um. Entretanto, por mais que tenha feito 3 gols em cada partida até aqui, o time não fez uma partida boa sequer.

O México vinha sem o seu principal jogador, Giovani dos Santos, filho de ex-jogador brasileiro Zizinho, mas com uma equipe que atua junto há algum tempo, com dois títulos de mundial sub-17, um deles por 3 a 0 contra o Brasil. Eles sempre nos deram trabalho nos últimos 20 anos, não seria diferente agora.

Mano escalou um time com dois laterais-esquerdos, creio que para tentar reforçar a marcação no setor, já que Marcelo é mais um ponta-esquerda, por mais que seja titular de time europeu e todos os blá, blá, blás decorrentes disso - que na Europa se evolui taticamente, etc. Com 28 segundos, falha na saída de bola pelo lateral Rafael. Por que não ensinaram a ele que no sufoco o melhor é dar bico para lateral e reposicionar a defesa - mais um criado na Europa, no Manchester United. Roubaram a bola e Peralta tocou para o gol, que o fraco Gabriel nem chegou perto de tocar.

Os primeiros 20 minutos foram de México marcando muito bem e Brasil sem saída de bola. Sandro e Rômulo inexistiam em campo, a não ser para errar passes fáceis. Os zagueiros davam bicão para frente para que, com sorte, Damião conseguisse algo.

Aos 31 minutos, Mano resolveu sacar Alex Sandro e colocar Hulk, o que abria a lateral esquerda, mas que aumentava a ofensividade, o que de fato ocorreu. Porém, não o suficiente para empatar o jogo e dar tranquilidade para o segundo tempo, que veio com um Brasil bem melhor, mas sem conseguir marcar. Mau presságio: Leandro Damião teve chance mas a bola não entrava, bem diferente das outras partidas, que ele só precisava de uma.

Oscar participava mais das jogadas e Neymar resolveu esquecer a ajuda ao time, armando mais as jogadas, que afunilando em direção ao gol, mas não o suficiente. Geralmente estava marcado por até quatro jogadores e sem ninguém para aproveitar. Vamos à matemática: se quatro marcam ele alguém há de sobrar, não é mesmo?

Depois, aos 29, falta estranha de Marcelo, o outro lateral, Peralta se movimenta sem qualquer marcação e cabeceia para o gol. 2 a 0 e desespero brasileiro à vista. Peralta entra para o rol de Kanu e Zidade.

Pressão inócua, gol impedido do rival, briga entre Rafael, o novo Felipe Mello, e Juan, e um gol de Hulk no final, aos 46 minutos, só para garantir uma emoçãozinha de um esporte que cada vez mais se distancia disso, por mais que tenha cinco títulos mundiais. Para fechar o caixão, cruzamento na área e Oscar cabeceia sozinho, mas para fora. México 2 a 1 e título inédito, para eles.

Sigamos com José Maria Marín e caindo no ranking da FIFA, vejamos o que ocorre com Mano Menezes e sintamos saudade de um passado não tão recente. Ao menos com Dunga víamos alguém do futebol brasileiro brigar com a Rede Globo...

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