quinta-feira, 22 de março de 2012

[Por Trás do Gol] Quêde a goleada?

Segundo jogo do ano, Copa do Brasil. Pequeno do "interior" do país contra grande de uma grande cidade. Primeiro jogo: 3 a 2 para o grande, após estar perdendo por 2 a 0. O que esperar do jogo de volta, mídia gaúcha? "Bertoglio irá muito bem e o Grêmio goleará". Simples assim!

Eu confesso que não costumo ver com "bons olhos" o que é produzido pelo Globo Esporte RS - com raras exceções, caso da recente série sobre os empresários no Rio Grande do Sul -, mas assim já é demais (e a repetição dos mesmos argumentos para o primeiro jogo. Para "piorar", morei em Sergipe durante a infância, o que afeta ainda mais os brios do crítico da mídia.

(P.S.: Não acreditamos em imparcialidade)

Recebi o convite de um amigo gremista no início da semana para ir ao jogo, que seria num horário bom para quem mora em outra cidade, 19h30. Óbvio que por mais que o futebol tenha o seu caráter imprevisível, e que eu saiba muito bem disso após a eliminação do Palmeiras para o ASA em 2002, eu imaginava que o Grêmio se classificasse, nem iria torcer contra, mas que se não fosse goleada seria algo espetacular!

ÔNIBUS
Em Porto Alegre há um bom sistema de transporte para dias de jogos. Basta você chegar no Mercado, onde fica a última estação do metrô, que tem ônibus esperando, que lhe colocam do lado do estádio, direto. Um possível problema é que eles esperam encher ônibus por ônibus, em vez de fazer uma fila deles - como é na volta.

Creio que para quem é palmeirense e ficou no meio do Tobogã com a torcida do Corinthians, quase nada - talvez só o Boca Juniors - assuste pra valer. Desta vez, o caminho até o Olímpico foi inteiro com cânticos, em português e portunhol, da torcida e batidas no teto, nos vidros, nas cadeiras, no chão e nas laterais.

Tem alguns deles que eu lembro de ter ouvido lá em Maceió. Afinal, a "paixão" entre os rivais é tão grande que sempre falam dele nessas horas. O mais destacado, que é difícil até de descrever qualquer frase sobre é o que termina assim: "Ei _______ vai tomar _____". Algo que torcedor do Rei Pelé, rival de outro clube que veste vermelho, sabe muito bem como completar...

Mas nada é comparável com o "Como cerveja, cocaína, LSD". E, após tudo isso, ir da Azenha a Tóquio". O pessoal é bravo mesmo por aqui...

PRIMEIRO TEMPO
Chegamos no estádio com a bola já rolando e com um bom público - 20.009 pessoas. Como da outra vez, ficamos perto da Geral - a que faz a avalanche. A organizada não para um minuto com os tambores e os cânticos.

Como frequentemente em jogos assim, o Grêmio atacava, atacava, atacava e o River Plate se defendia para tentar algo nos contra-ataques. Num desses, após cobrança de escanteio, Lêle apareceu sozinho na frente de Victor, dividiu com o goleiro e, na sobra, empurrou para o gol. River Plate-SE 1X0 Grêmio com 11 minutos do primeiro tempo.

Enquanto a torcida gremista passou a gritar ainda mais, na minha cabeça só passava: "quêde a goleada agora? Isso aqui ainda é futebol!!!". Depois lembrei que Vanderlei Luxemburgo era o treinador daquela fatídica desclassificação do Palmeiras frente ao ASA em pleno Palestra Itália, em 2002 - desclassificação porque os arapiraquenses marcaram um gol em São Paulo.

Pablo, el gordito, não deixava passar nada. Na única que a bola cruzou a área com real perigo no primeiro tempo, Marcelo Moreno, há dois passos da "goleira", pisou na bola, atrapalhou-se tentando driblar o goleiro e chutou mascado para empatar o jogo. 

Dois minutos depois, o mesmo Lêle acerta uma pancada no Bertoglio e foi expulso. Nada melhor que a frase do meu amigo gremista na hora: "o cara vai dizer o que aos companheiros? O time jogando bem e faz isso?".

Nos minutos finais, Victor foi acertar uma manchete na bola e quase sofre um frango. O primeiro tempo terminou mesmo empatado por 1 a 1.

SEGUNDO TEMPO
No segundo tempo, vimos o Grêmio manter a posse de bola, mas com menos chances criadas. O River Plate não conseguia assustar tanto nos contra-ataques. Foi curioso ver as alterações do Grêmio. Na primeira, o preparador correu para chamar um atleta, André Lima foi o primeiro a se apresentar, balançou a cabeça, mas o profissional chamou Léo Gago, que entrou no lugar de Souza. Na segunda, Marquinhos entrou no lugar de Marco Antônio, com razoáveis aplausos.

André Lima entraria depois, no lugar de Marcelo Moreno. A minha surpresa foi ver o quanto os gremistas gostam dele. O meu amigo justifica ao dizer que ele nem sequer pensou em qualquer outra proposta para sair do clube no ano passado - ainda bem que ele não foi ao Palmeiras em troca do Kleber mesmo, El Pirata dá conta do recado.

Lembrando os velhos tempos de Jardel, se a defesa do River atuou bravamente e muito bem durante toda a partida, vai pelo alto mesmo. O zagueiro Werley cabeceou para o gol e fez a torcida se sentir aliviada com o resultado, mas isso já depois dos 30 minutos.


Só que do outro lado do campo, Victor dava outro susto ao sair jogando com os pés, errou o passe e quase gera o gol de empate do River Plate, que até criou mais uma chance ou outra, aproveitando-se da mudança no esquema tricolor, com dois volantes e dois meias, e não três volantes e um meia.

Aos 39, Léo Gago bateu falta rasteira e forte, no canto! Pablo não conseguiria alcançar. Festa gremista, 3 a 1 no Olímpico e suspiro do profexô, que espantou qualquer chance de zebra. O adversário na segunda fase é o mineiro Ipatinga.

Ah, na volta, havia torcedores do Grêmio ouvindo The Strongest X Internacional - ô, amor! - no ônibus. Saiu o (bizarro) gol colorado na Bolívia e qualquer torcedor(a) do Inter na rua era xingado de tudo o que era pior possível. Isso porque durante o jogo, do nada, os torcedores comemoraram, era gol do The Strongest.

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