sábado, 5 de março de 2011

Em busca do El Dorado: Despedidas I


"Vão-se as antigas despedidas para que novas possam chegar, pois assim é a vida, o que se há de fazer" - Miguel Falabella (IstoÉ, 23/2/2011).

Há mais de uma semana venho pensando que deveria escrever algo aqui sobre a minha despedida de Maceió. Nos últimos dias acabei protelando, protelando, mas hoje resolvi que deveria começar. É, começar. Quem me conhece sabe que não sou de escrever em poucas linhas, apesar da minha entrada recente no mundo dos 140 caracteres de uma rede social.

Será a minha terceira mudança de cidade com quase 23 anos. Com dois anos saí de Maceió para Aracaju. Dez anos depois, retornamos. Agora, onze anos depois, estou eu para mudar de novo. Mas agora é diferente.

Nas outras vezes, por mais que tenha sido sem a minha vontade expressa, eu não tinha responsabilidade com a parte burocrática das mudanças. Ajudei na última, é claro, mas tinha pai e mãe para se preocuparem com dinheiro, aluguel de caminhão e coisas assim. Além do que, por mais que deixasse amigos e contatos sociais - ao meu estilo -, a base viria junto.

A ESCOLHA PELO RS

Desta vez, não. Na verdade não estava nos meus planos até o início do segundo semestre do ano passado sair de Maceió tão cedo. Apesar da falta de um curso de Mestrado em Comunicação Social por aqui - por incompetência docente -, a minha ideia, por falta de dinheiro e tempo para estudar, era fazer alguma seleção de pós por aqui para depois de um ano tentar algo fora.

Rio Grande do Sul, então, jamais foi uma alternativa. Dado o meu interesse específico, políticas de comunicação, minhas alternativas seriam a UFRJ e a UnB, onde pretendia realizar as seleções no ano seguinte à minha conclusão de curso.

Para variar, os meus planos não seguiram esse rumo. Recebi um convite informal para tentar a seleção da Universidade do Vale do Rio dos Sinos-RS, a qual visitara sem nenhum interesse em 2007, durante um evento que o meu núcleo de estudos organizava e fiquei de pensar, mas a resposta  aquele momento havia sido negativa.

Depois, pensei, pensei, e vi que poderia ser uma chance única e que não custava nada tentar. Estive errado de novo. Custou muito. Para fazer a inscrição tive que convencer o pessoal de lá que mesmo sem data de colação de grau marcada iria me formar antes da matrícula, caso fosse aprovado.

Além disso, pareceu impossível escrever o TCC, por mais que tivesse lido a maioria dos livros necessários e estivesse muito por dentro do assunto. Em casa, tudo o que era prejudicial para quem estava fazendo um trabalho deste nível ocorria. Após quatro meses trabalhando das 6h30 às 19h30, saí do estágio da tarde para ter mais tempo, porém as mulheres da família só atrapalhavam.

Fui para a entrevista em São Leopoldo numa depressão braba. Achando que nada para mim dava certo por minha culpa. Na maior parte do tempo achava que não ia conseguir terminar o TCC à tempo. Graças ao local em que fiquei lá não só consegui a tranquilidade mental que precisava, como fiz boa parte do Trabalho, a ponto de chegar aqui e marcar a apresentação.

A entrevista foi boa. O ruim da viagem fora a necessidade, por conta do trabalho, de ter de perder uma passagem porque não podia antecipar. Os gastos pesaram nos meses seguintes.

Aprovado na seleção, restava saber quanto às bolsas. Faculdade particular, em outro estado, sem qualquer parente,... Apresentei o TCC - que ficou longe do que eu esperava mas que a minha apresentação garantiu a nota máxima, e após problemas para marcar com os professores da banca - com a dúvida quanto a isso.

Dias depois veio o resultado: não havia sido contemplado. Um pouco de tristeza, mas também de certeza de que o ano que ficaria parado seria para me qualificar melhor.

Até que quando dei entrada na colação de grau recebo um telefonema com a informação que o meu orientador havia me garantido uma bolsa. Tinha feito um novo planejamento para 2011 e fiquei na dúvida se valera à pena lutar pela antecipação da colação, correr.

Entrei rapidamente em contato com o meu orientador e ele disse que já estava tudo certo. Só faltou me avisar... Voltei ao mesmo tema quando decidi participar da seleção: poderia ser uma chance única. Além disso, poderia ser uma queimação para o grupo alagoano de estudos ao qual faço parte.

Mais corrida, colação de grau no dia seguinte à solicitação, conversa com vice-reitor sobre os problemas do curso e quando achava que todos os problemas já tinham ido embora, a minha preocupação com a entrega dos documentos para a pessoa que faria a matrícula para mim por lá me transtornou. A pessoa viajara e a entregar voltara duas vezes. Até que tudo se resolveu no dia.

Estou acostumado a problemas, costumo dizer que se tem gente que nasce com a bunda virada para a lua dada a sorte, a minha deve ter nascido enterrada!

De domingo para segunda estarei indo para São Leopoldo, morando temporariamente num apartamento próximo a Unisinos, com muita pressa em achar algo definitivo. Para além disso, ter certeza que a bolsa estará garantida e refazer um planejamento de pesquisa que terá que antecipar a qualificação em cerca de dez meses.

Daqui a pouco a segunda parte, a mais difícil, sobre as despedidas propriamente ditas.

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