Mais um livro lido no #LeiaMulheres Maceió, "Ânsia Eterna", de Júlia Lopes de Almeida, é um compilado de contos publicado no início do século XX. Eu cheguei até ele pelo conto "Incógnita", que li a partir de projeto da minha companheira no IFAL e que, numa situação cotidiana de uma mulher encontrada morta no mar, nos leva a várias discussões sobre o motivo, quase todos eles refletindo o machismo.
Quase todos os contos, em menor ou maior profundidade, discutem situações geradas pela sociedade patriarcal, só que mais para interpretarmos assim do que de forma muito clara, representando a sociedade do momento no típico realismo que demarca esse período literário. A diferença aqui é o tanto de surpresas que aparecem nos contos, que misturam ironia, horror e grotesco, que ao ler eu sempre imaginei que poderiam gerar vários audiovisuais.
Júlia Lopes de Almeida foi abolicionista e uma das grandes defensoras da formação da Academia Brasileira de Letras, mas foi o marido dela, poeta, quem ocupou uma das cadeiras - a primeira mulher só estaria na ABL na década de 1970. A grande surpresa que o livro nos dá, por sinal, é tentar entender como uma obra tão variada, na temática, mas sem perder a qualidade, ficou desapercebida.
É mais uma obra que foi reeditada por ter "desaparecido", desta vez pela editora do Senado Federal. Vi que também teve três contos transformados em HQ em 2018. Para baixar o livro: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/559746/AnsiaEterna.pdf.
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