Depois de tudo praticamente pronto, faltava o título. E veio na primeira ideia: "Desvelando a farsa com o nome de crise: Uma análise do capital financeiro pela Economia Política". Não podia especificar para a EPC porque a ideia em estudar isso era mais ampla. Eu é que puxava para a Comunicação. Além disso, o conceito de "farsa com o nome de crise" é fundamental para o nosso entendimento.
Olhando bem para o título, bem que pode marcar esta (terrível) fase atual de vida. Só resta saber se a farsa era o que veio antes e, na verdade, a crise é que mostrou o que de fato a minha vida é... Enfim, deixemos isso para o texto de um ano da volta por aqui. Fato é que a revisão final dos artigos deste livro marcaram o meu último suspiro de vida acadêmica. Como sou chato pragmático o suficiente para terminar (quase) tudo o que eu começo, era o último fio a ser preso.
O processo desse livro é parecido com o do próprio núcleo de estudos responsável por sua criação. O NIEG, cuja descrição da sigla não colocarei aqui, foi pensado pelo companheiro que assina comigo a organização alguns anos antes de se tornar realidade. Com doutorado em Ciências Políticas, a análise dele é mais voltada para o geral que para o específico comunicacional.
O núcleo se tornou realidade em 2011, ano em que estava no Rio Grande do Sul por conta do Mestrado. Por conta do vínculo com o CEPOS, poderia participar dele, ainda que não fosse "obrigado" a isso. Abro um parêntese para a não obrigação. Em nenhum momento fomos obrigados ou obrigamos ninguém a fazer nada. Em tempos e condições burocráticas e hierárquicas fortes, mesmo num espaço acadêmico que privilegie o debate de ideias, sempre é importante frisar.
Acabei participando de todo o processo e sendo vice-coordenador do núcleo. Acho que a pessoa que puxava o assunto para a imaterialidade do capital simbólico e trazia os temas para a comunicação, equilibrando a relação de análises.
Nossas reuniões eram abertas e os bolsistas de iniciação científica participavam se quisessem. E até quando deu, tínhamos uma boa quantidade deles presentes ou em discussão conosco em momentos variados. O livro surgiu destas discussões, da necessidade de materializar um pouco do que era estudado, analisado, publicado (no site do IHU) e debatido (também em cine debates).
Porém, aquilo que era para ter ficado pronto em meados de 2012 foi adiado mais alguns meses, depois mais alguns. Até que veio o furacão a partir de maio que demorou para passar. Não tinha mais como realizar reuniões do NIEG por falta de vínculo e até espaço físico.
Até meus últimos instantes no Rio Grande, mesmo nos papos informais, o livro sempre surgia como necessidade de término. Até que em setembro fui ao Rio de Janeiro, reencontrei este amigo e o tema voltou. "Fazemos isso, isso e isso e terminamos".
O tempo passou, o presente veio com alguns problemas inesperados e as minhas expectativas de futuro foram completamente frustradas. Por questões de sobrevivência (ou de tentativa de acabar com a vivência) resolvi que tinha de abandonar tudo de supérfluo e focar no necessário. Abandonei os sites em que era voluntário - ainda que tenham me "abandonado" num deles um mês antes, mesmo "estando" lá - e clamei para terminar logo o tal livro.
Corri para revisar tudo a tempo de terminar outubro com ele pronto. Faltaram algumas coisas que não cabiam no meu casebre de material reciclado. Estes devem ter ficado no caminho. "Quem sabe para um próximo". Ainda que eu não veja nada além no meu horizonte.
De qualquer forma, estão lá oito capítulo, com direito a contribuição de pesquisadores irlandeses sobre a "farsa com o nome de crise". Por mais suspeito que eu seja, o livro é interdisciplinar e pode gerar vários debates, contribuições e críticas. Vale a pena dar uma olhada, mesmo aqueles que não entendem nada de capital financeiro. Para estes, creio que pode ser o pontapé para entender o que não querem que seja entendido. Ao menos parte disso.
O livro está disponível para ser baixado. É só acessar o site da EPTIC.