CRÍTICA DA MÍDIA
Valeu o tremor
Foi necessário um tremor de terra de 5,2 graus na escala Richter - sentido principalmente na maior metrópole brasileira - para a mídia nacional mudar o foco, temporariamente, de um assunto que serve como exemplo-mor de sensacionalismo: o caso Isabella Nardoni.
São Paulo: este foi o estado responsável pelos fenômenos quase inéditos em territórios verde-amarelos. É claro que o assassinato brutal da menina de cinco anos chocou o país, mas a forma pela qual isso está sendo utilizado pela mídia é demasiadamente grave. Ao expor vidas e detalhes particulares de pessoas como espetáculo, mudou até a sua forma de noticiar.
Enquanto estávamos acostumados a esquecer rápido vários assuntos graves, aprendemos com este episódio a ler, ouvir e falar sobre um único tema e, com isso, esquecer todos os outros, relegados ao ostracismo. Nem a velha e péssima política alagoana foi citada através da quadrilha pluripartidária e ideológica desvendada pela Operação Taturana!
Até a alteração de foco foram 22 dias ininterruptos e vários programas, de todos os gêneros, tendo o caso Isabella como tema principal. Porém, nada como um dos maiores tremores de terra da história deste país − o maior ocorreu no Ceará na década de 1970, que atingiu 6 graus na escala Richter.
O telejornal "Bom dia Brasil", TV Globo, ilustra essa mudança. Após passar uma semana contando os dias da morte, ele começava assim: “10 dias da morte da menina Isabella e...”; e passou para, no dia 21 de abril: “Um tremor assusta São Paulo,...”. Ufa! Alguns telespectadores nem agüentam ver só isso, não necessita ser crítico da mídia para estar cansado.
O domingo da reconstituição do crime, 29 de abril, foi entrecortado por cenas de tal fato na maioria dos canais televisivos do país, qunado não representou a programação inteira - caso da Record News. Isso só para ficar no maior meio de comunicação.
Pois é, a trégua não durou muito. Pelo menos pudemos respirar. Esperemos que a natureza continue nos salvando do sensacionalismo, especificamente através de uma ética do ser humano, o que será difícil de ocorrer neste mundo individualista.
ATRAPALHOU O tremor “atrapalhou” até o “melhor capítulo” da novela Duas Caras, segundo o autor Aguinaldo Silva. Só não precisava reclamar de um fator natural. Começam a achar que mandam em tudo, mas na natureza não.
LIDERANÇA? Desde que assumiu a liderança na audiência, e lá se vão mais de trinta anos, a TV Globo nunca foi tão ameaçada quanto agora. Os montes de dinheiro dos bispos da Record serviram para a melhoria na estrutura física e na contratação de pessoas que passaram pelo "Plim-plim", além da repetição dos formatos de programas e telejornais. Só muda o nome da emissora, mas o conteúdo líder continua o mesmo.
POLÍTICA Exemplo de influência política nos jornais alagoanos: a passagem do prefeito de Maceió na Polícia Federal. Eis as manchetes: “Prefeito vai à PF e conta tudo” (O Jornal) e “Almeida depõe à PF e é indiciado na Taturana" (Gazeta de Alagoas).
CQC Desde a sua estréia em março, muitos elogios para o resumo crítico/cômico do Custe o Que Custar, da Band. Baseado em original argentino, os populares, políticos e demais famosos ainda não se acostumaram com as novas perguntas para as mesmas coisas.
CQC 2 Inclusive, o repórter Danilo Gentille foi expulso da Câmara dos Deputados após fazer perguntas desconsertantes aos nobres (sic) deputados federais. Como provado na edição seguinte, nem na ditadura víamos tal atitude.
CQC 3 Um dos destaques críticos do programa é o quadro “Proteste Já”, do repórter e apresentador Rafinha Bastos. Nada passa da sua denúncia irônica, nem mesmo os casos mais ridículos e graves que acabam sendo banalizados.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
terça-feira, 29 de abril de 2008
COLUNA
Postado por
Anderson Santos
0
comentários
A partir do texto abaixo, o blog terá colunas sobre temas que interessam a todos nós. O primeiro texto está na forma de artigo, mas em breve aparecerão colunas completas.
CRÍTICA DA MÍDIA
Problemas deste futuro
Século XXI, evolução tecnológica cada vez maior e o futuro tão sonhado e imaginado chegou transformado em pesadelo. Além das novas máquinas e equipamentos ultramodernos, novos problemas surgiram e antigos evoluíram. Nesse novo contexto é que aparece e desenvolveu a nossa mídia de massa.
Uma sociedade cada vez mais desigual e incentivadora do individualismo transformou o nosso cotidiano. A partir da busca desenfreada pelo lucro, é cada vez mais comum encontrarmos pessoas subjugadas e relegadas à marginalização, seja em sinais, nas calçadas ou nos locais mais “confortáveis” para os poderosos, as favelas. Além disso, surgiram problemas ambientais advindos da também pouca importância relegada à natureza circundante.
Problemas sociais, políticos e culturais que já existiam só se intensificaram. A cultura cada vez mais é produzida para os que podem pagar valores altos nos ingressos. O acesso a teatros, cinemas, até para eventos esportivos e para a cultura popular está mais caro, justamente quando menos pessoas possuem condições financeiras até mesmo para a própria subsistência.
Com todo este cenário, qual seria o papel dos atuais meios de comunicação, especialmente os massivos e seu público gigantesco? Fácil resposta: apresentar um simples e elitizado ponto de observação.
Cabe aos demais pontos de vista e às camadas sociais subjugadas a tentativa de alcançar um público bem menor que dos media, sem utilizar das suas formas espetaculosas e sensacionalistas. Por que não passar a mostrar a realidade?
CRÍTICA DA MÍDIA
Século XXI, evolução tecnológica cada vez maior e o futuro tão sonhado e imaginado chegou transformado em pesadelo. Além das novas máquinas e equipamentos ultramodernos, novos problemas surgiram e antigos evoluíram. Nesse novo contexto é que aparece e desenvolveu a nossa mídia de massa.
Uma sociedade cada vez mais desigual e incentivadora do individualismo transformou o nosso cotidiano. A partir da busca desenfreada pelo lucro, é cada vez mais comum encontrarmos pessoas subjugadas e relegadas à marginalização, seja em sinais, nas calçadas ou nos locais mais “confortáveis” para os poderosos, as favelas. Além disso, surgiram problemas ambientais advindos da também pouca importância relegada à natureza circundante.
Problemas sociais, políticos e culturais que já existiam só se intensificaram. A cultura cada vez mais é produzida para os que podem pagar valores altos nos ingressos. O acesso a teatros, cinemas, até para eventos esportivos e para a cultura popular está mais caro, justamente quando menos pessoas possuem condições financeiras até mesmo para a própria subsistência.
Com todo este cenário, qual seria o papel dos atuais meios de comunicação, especialmente os massivos e seu público gigantesco? Fácil resposta: apresentar um simples e elitizado ponto de observação.
Cabe aos demais pontos de vista e às camadas sociais subjugadas a tentativa de alcançar um público bem menor que dos media, sem utilizar das suas formas espetaculosas e sensacionalistas. Por que não passar a mostrar a realidade?
terça-feira, 22 de abril de 2008
Centenário de segunda
Postado por
Anderson Santos
1 comentários
Quando o Sport Club Penedense iniciou o Campeonato Alagoano 2008 o único pensamento da diretoria era que o clube estivesse na Primeira Divisão no ano de seu centenário, 2009. Porém, esses mesmos dirigentes foram os responsáveis para que isso não acontecesse ao considerarem a Justiça mais importante que o futebol.
O vilão para o alvirrubro foi o presidente da Federação Alagoana de Futebol (FAF), Gustavo Feijó. A briga vem desde antes mesmo de o campeonato começar. Regressemos em quase um ano: a disputa para a presidência da entidade foi decidida voto a voto, com direito a intromissão judicial e algumas liminares. O Penedense foi um dos clubes que votou a favor da outra chapa, logo acusa Feijó de perseguição ao clube.
O primeiro motivo para tal acusação surgiu da criação do Futebol Premiado, loteria que serviria para “salvar” os clubes alagoanos – a exemplo da federal Timemania. A Federação havia separado três grandes sedes: Maceió, Arapiraca e Penedo, que receberiam mais dinheiro por serem cidades-pólos do projeto. No entanto, a FAF pensava em transferir a sub-sede de Penedo para Coruripe. A federação não fez isso, porém a Justiça não permitiu que a loteria ocorresse devido às dívidas da entidade com o Fisco.
Falando em Justiça, ela foi a protagonista no imbróglio que começou a seguir. Assim como o principal palco futebolístico do estado, o Rei Pelé, o estádio Alfredo Leahy foi interditado pela comissão de vistoria, formada pelo Corpo de Bombeiros e Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea). Até aí tudo bem, a falta de organização do futebol alagoano causou isso e prejudicou o principal torneio estadual.
O problema foi que isso serviu como estopim para uma briga onde as liminares judiciais serviram como instrumentos primordiais. O advogado do clube entrou com um pedido de liminar na Justiça Comum para que o Penedense fizesse o primeiro jogo do campeonato, contra o CRB, em seu estádio. Liminar concedida e acatada. O jogo ocorreu em Penedo, empate por 1X1.
Uma das turmas do Tribunal de Justiça Desportiva de Alagoas (TJD/AL), posteriormente, julgou o clube e declarou irregular a sua participação no campeonato. Infringiu normas do próprio regulamento do campeonato, que afirma que um clube filiado não pode entrar na Justiça Comum.
Logo em seguida, o pleno do TJD/AL reverteu o processo e permitiu a presença do clube ribeirinho no campeonato. O que causou briga interna na seccional desportiva alagoana e a saída de três procuradores da mesma – a função não é remunerada, logo o trabalho é voluntário e passível de dispensa.
O julgamento passou para o pleno do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que reafirmou a decisão de afastar o clube. Com isso, o clube ribeirinho ficou fora de uma rodada do 2º turno do campeonato, o que lhe fez voltar logo em seguida por conseguir outra liminar na Justiça Comum, na Comarca de Penedo, permitindo a participação do clube na competição.
Até que, a Desembargadora do pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas, Elizabeth Carvalho deu parecer contrário ao clube, retirando-o do campeonato. O até então presidente do clube, Sandro Feitosa, fez uma carta para a FAF onde acatava a decisão judicial e retirava o clube do campeonato. Apesar disso, o presidente do Conselho Deliberativo, Sílvio Menezes, já anunciou que continuará na Justiça por importunar a federação.
Resultados disto tudo: além do ódio alvirrubro em relação a Gustavo Feijó, o clube não só foi afastado do campeonato, como foi suspenso em assembléia de clubes por dois anos − não poderá participar de nenhum campeonato por esse período.
Pelo jeito, mesmo sendo dia de sábado, o 03/01/2009 marcará um centenário com cara de segunda para os torcedores de Penedo; segunda-feira, quando não há futebol.
Assinar:
Postagens (Atom)