Eu e uma colega esperando o ônibus na rodoviária de Santana do Ipanema e chega uma senhora de óculos e com boné:
- Boa tarde.
- Boa tarde.
Em pé, de frente à colega que estava sentada na fileira seguinte de cadeiras, paro de falar sobre os problemas que deveria tratar na terapia, se não tivesse reuniões de trabalho.
- O senhor é padre?
- Não.
- E essa barba?
Eu abro um sorriso e olho pra a colega professora na frente, que faz um jeito de espantada.
- As mulheres não gostam de barba. Quer dizer algumas gostam... Mas o senhor deveria tirar a barba.
- Algumas gostam, felizmente. Quem importa para mim, normalmente, gosta.
- Não tem problema nenhum, moço. O que eu lá tenho a ver com a vida de outra pessoa. O padre [cita o nome dele] daqui da Igreja Nossa Senhora Santana aqui usa barba... Só é menor que a sua. Vocês sabem qual é a igreja?
Eu paro sem saber e minha colega responde:
- Essa é a Matriz.
- Isso, é a Matriz. Vocês vão para Palmeira dos Índios?
- Não, Maceió - responde a professora.
- Eu vou a Palmeira.
- O ônibus passa por lá e deve chegar daqui a pouco.
- Vocês são namorados?
- Não.
- Bem, vou aqui, fazer umas coisas e depois eu volto, de repente encontro vocês ainda. Boa tarde.
Olho para a colega e assim que vejo que a senhora saiu da rodoviária, comento:
- Eu atraio pessoas assim.
- Eu também.
- Acumulou dos dois, então, e veio essa.
E seguimos para uma breve conversa sobre pessoas próximas que não gostam de homens de barba, a ponto de afirmarem que caso o homem se case ele tem que tirar a barba, como se fosse algo impossível num casamento...
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