Ainda que tenha lido ou relido um ou outro livro com trechos da obra de Marx, até mesmo por opção individual, não me ative muito à sua obra, ou de seus seguidores teóricos, durante os últimos 2 anos. Precisando retomar as leituras mais amplas que as de comunicação - ainda que as coisas que venho estudando dialoguem com outras áreas do conhecimento -, resolvi ler "Introdução à Filosofia de Marx", escrito pelos professores de Filosofia da UFAL Sérgio Lessa e Ivo Tonet.
Conheci ambos por conta da vivência de movimento estudantil e por entender a necessidade de se estudar sobre a sociedade, para além da militância pura e simples. Devo ter lido muito mais artigos de Tonet e muitas das coisas que estão no livro já conhecia de outros debates e/ou leituras. Ambos são grandes especialistas na obra marxiana - de Marx propriamente - no Brasil. Sérgio, por exemplo, é um dos tradutores de "Para além do Capital", obra importante escrita pelo húngaro István Mészaros.
Além da necessidade de ler outras coisas, preciso retomar alguns conceitos mais clássicos da Crítica à Economia Política, tendo em vista algumas considerações que realizei no capítulo inicial da dissertação, assim como, por conta de outros questionamentos mais amplos, que acabaram surgindo através de outras leituras, específicas sobre esportes, ao longo dos últimos dois anos. Assim, para resgatar, por assim dizer, o mais básico da obra de Marx, resolvi ler dois marxistas.
Antes de iniciar algumas considerações sobre o texto, explicar o porquê de ter utilizado "marxiano" e "marxista". Não são dois sinônimos. A diferença serve para evitar erros de dizer que Marx pensava tal coisa, quanto trata-se da interpretação de outro autor sobre sua obra. Daí que marxiano seja o pesquisador que opta ir direto à fonte e escrever a partir de então; e marxista aquele que opta por analisar outros autores, que se baseiam em Marx, mas já com o seu olhar particular, que é reflexo de seu tempo.
O LIVRO
Por mais que sejam defensores de se ir diretamente à obra de Marx, ao menos assim o era especialmente Ivo Tonet, "Introdução à Filosofia de Marx" compreende análises a partir do autor alemão, mas também tem forte participação de releituras de Gyorg Lukács. Além de uma ou outra consideração baseada em Mészaros.
Quem chegou até aqui, portanto, saiba que o livro é de autoria de dois marxianos, acima de tudo, que acreditam na possibilidade de transformação social apenas de forma radical, de maneira a se constituir uma sociedade comunista, algo que deixam claro tanto no prefácio: "estamos convencidos de que o resgate da teoria marxiana é a condição fundamental para compreender a crise e os rumos do mundo atual, bem como para orientar revolucionariamente a luta social” (8); quanto nas conclusões: “Nossa intenção foi auxiliar na introdução ao estudo do pensamento de Marx e lançar o leitor em um percurso próprio de investigação que contribua para a revolução comunista” (125).
Dito isto, o livro é escrito em poucas páginas, praticamente sem citações diretas, e nos atendeu bem a quem interessa uma revisão mais prática de alguns dos principais conceitos de Marx ou quem pretende enveredar nos estudos a partir deste filósofo marxista.
Destaco a estrutura com exemplos mais práticos e a forma como a narrativa é construída, tendo questionamentos comuns à obra ou aos reflexos das ideias de Marx na realidade que surgiu depois dele sendo respondidos no encadeamento de ideias do autor, interpretados aqui pelos dois filósofos. Além disso, cada capítulo de "Introdução à Filosofia de Marx" possui um "Resumo do capítulo", onde são expostos tópicos do que mais importante se discutiu ali.
No final do livro há ainda a "Indicação bibliográfica para aprofundar os estudos", dentre livros de Marx e de autores posteriores a ele, com a explicitação do quanto e para quem cada obra passa a ser interessante, de acordo com o conteúdo apresentado.
Ao lê-lo, algumas coisas me chamaram mais atenção, tendo em vista certos questionamentos que venho tendo nos últimos anos, inclusive por conta do que a realidade material nos apresenta no atual momento histórico. Acabei estabelecendo três pontos de aglutinação: 1. Prévia-ideação X causalidade; 2. O entendimento sobre o trabalho, mais especificamente quando se trata do trabalho intelectual; e, por fim, algo mais específico, que não será debatido aqui, mas que muito me interessa para um aprofundamento futuro, que é entender o jogador de futebol enquanto trabalhador no que se refere a conceitos como força de trabalho e mercadoria.
TRABALHO
Iniciarei pela questão do trabalho porque esta questão da prévia-ideação é a que resgatei mais elementos para o debate e creio ser de profunda importância para o momento atual. Porém, friso que o livro foi publicado em 2008, ou seja, no ascender de revoltas populares no mundo e, é claro, trata-se de questionamentos meus sobre conceitos trabalhados/explicitados pelos dois autores neste livro, mas não necessariamente por conta deles.
A categoria trabalho é fundamental para o entendimento da teoria marxiana (e marxista), já que é a partir da transformação da natureza que o homem evolui, transforma-se e passa a produzir mais do que o necessário para que determinado grupo social se desenvolva, de forma que abra-se espaço para as relações de troca para a acumulação privada e, consequentemente, a exploração do homem pelo homem.
Lessa e Tonet contam a história das sociedades até a atual, lembrando algo que é importantíssimo, e que antes não tinha percebido: há uma quebra no processo evolutivo da forma que se dava com o modo de produção feudal. Após a implosão de sistemas baseados na conquista de povos e territórios alheios, que exigiam muitos gastos para a manutenção de repressão que garanta a posse da terra, o feudalismo representa uma espécie de associação entre o senhor feudal e o servo, que, ao contrário dos escravos, possui parte da terra e da produção. O senhor passará a querer acumular mais, enquanto que não haverá terra suficiente para tantos servos, que seriam expulsos, partindo para saques e a venda do que era roubado em mercados, que darão origem aos burgos.
Voltando à questão primordial do tópico, os autores definem desta forma a categoria trabalho:
“O trabalho é o fundamento do ser social porque
transforma a natureza na base material indispensável ao mundo dos homens. Ele
possibilita que, ao transformarem a natureza, os homens também se transformem.
E essa articulada transformação da natureza e dos indivíduos permite a
constante construção de novas situações históricas, de novas relações sociais,
de novos conhecimentos e habilidades, num processo de acumulação constante (e
contraditório [...]). É esse processo de acumulação de novas situações e de
novos conhecimentos – o que significa, novas possibilidades de evolução – que
faz com que o desenvolvimento do ser social seja ontologicamente (isto é, no
plano do ser) distinto da natureza” (26).
Isto sempre foi algo que me afetou de alguma forma. Enquanto jornalista, não há a percepção de alteração da natureza a partir da prática profissional, havendo reflexos de nossa atuação sobre quem altera diretamente a natureza.
Porém, se as relações de classe são estabelecidas através da opressão do homem pelo homem, um jornalista, apesar de não trabalhar, poderia estar na classe oprimida por ter sua situação de trabalho cada vez mais piorada mesmo com o aprimoramento técnico, que Lessa e Tonet apontarão como um grande problema para o operário. Sob o reino da individualidade burguesa, o homem luta contra o homem por mais capital, e apesar de haver a possibilidade de se ter mais "tempo livre" por conta dos aprimoramentos da produção, ocorre o inverso, pois o burguês sempre quererá incrementar sua mais-valia. Isso para ficar num ponto em específico.
Não digo aqui que o "nosso" trabalho seja essencial à humanidade, que sem jornalistas o mundo não sobrevive, mas uma ampliação da análise, ou melhor destrinchamento desta, pode ajudar a entender melhor a realidade do século XXI, dado que as condições materiais vivenciadas por Marx eram muito piores que a atual, no que tange às possibilidades de produção e desenvolvimento interno de determinados grupos sociais. Mas um exemplos geralmente é o mais frequente nesta discussão: como tratar da grande quantidade de pessoas que trabalham no setor de serviços?
Tudo isso porque realmente, "para Marx, nem toda atividade humana é trabalho" (21), e realmente não o é. Não devemos também cair no erro de admitir tamanha amplificação. Porém, um trecho em específico me chamou a atenção:
“É
aqui que tem seu fundamento a separação entre o trabalho manual e o trabalho
intelectual: este último é a atividade organizadora do Estado, da política, de
todas as formas de ideologia (filosofia, religião, artes, etc.), que são
complexos sociais necessários para as classes dominantes criarem e reproduzirem
seu domínio sobre os trabalhadores. A estes, agora, cabe exercer na produção os
ditames da classe dominante: esta última ‘pensa’, os primeiros ‘trabalham
manualmente’” (38-9).
“[...]
embora sejam as classes dominantes que exerce o controle, também as sociedades
de classes apenas podem se reproduzir pelo trabalho daqueles que convertem a
natureza nos meios de produção e de subsistência. E que o fato de a classe
dominante exercer a atividade imprescindível de controle do trabalho para que a
sociedade de classes possa existir significa, apenas, que aquela vive da
exploração dos trabalhadores – e não, como se acreditou por tantos anos, que as
ideias gerassem as sociedades” (39).
É importante que se ressalte a pertinência das afirmações, ainda mais quando os exemplos de práticas ditas socialistas no século XX basearam-se em burocracias estatais que privilegiavam quem comandava o Estado, com a separação entre os que "pensam" e os que "trabalham" ficando clara. Além disso, é esta a estrutura de gerenciamento das empresas, com o aumento de cargos de mando, até a escala menor possível, para estimular a luta entre os homens e também como forma de reduzir o trabalho manual ao intelectual.
Esta minha preocupação aparece para a definição de outras profissões ligadas às Ciências Sociais e Humanas, em particular, mas que atinge profissões mais gerais, como a dos professores, de nível infantil ao superior. Há partidos de esquerda que não temem em considerá-los como trabalhadores, mesmo os que ganham salários de 10 a 20 vezes o mínimo e sejam empregados da burocracia estatal.
Lessa e Tonet têm outras considerações que podem ser aplicadas a este caso em particular, ainda que não considerem tais atividades humanas como trabalho:
“IV)
O fato de ideia e matéria serem ontologicamente distintas não impede as ideias
de exercerem força material na transformação do mundo dos homens. Ao se
converterem em ‘força material’, as ideias jogam um papel objetivo na história”
(33).
“Em
outras palavras, ideia e causalidade, consciência e objetos produzidos pelo
trabalho são ontologicamente distintos e, por isso, os produtos resultantes do
trabalho humano têm consequências inesperadas para a história. O mesmo podendo
dizer de todas as ações humanas que não são trabalho. Ao não transformarem as
relações sociais, elas alteram o mundo dos homens, dando origem a novos
processos sociais que possuem consequências futuras que, em alguma medida, são
casuais” (32).
A questão da alteração do mundo dos homens é essencial, especialmente se levado em consideração o conceito de materialismo histórico e dialético, que é um avanço frente a materialistas e idealistas anteriores justamente por considerar a atuação do homem numa natureza que é mudada ao mesmo tempo que transforma o homem, que cria novas necessidades a partir das experiências históricas registradas na sociedade e como novas ideias para o futuro.
Assim, dirão os autores:
“Nossa
capacidade individual de produção, ou seja, se alguns são professores, outros
operários, outros banqueiros etc. é ‘também’ a expressão material de como nos
conectamos, enquanto indivíduos, com a própria história da humanidade. Um
operário só pode ser operário porque parte de uma história que tornou os
operários necessários. [...] é ao exercermos cada uma dessas atividades que nos
conectamos com a reprodução material da sociedade na qual vivemos e, portanto,
nos objetivamos como personalidades, como indivíduos da classe dominante, da
classe trabalhadora (os operários e outros assalariados etc.). A força de
trabalho de cada um de nós é, portanto, a expressão mais condensado do que
temos de mais humano como indivíduos: a nossa relação com a história da
humanidade, como nos articulamos com ela, o que somos, o papel que jogamos no
complexo processo de desenvolvimento da humanidade e assim por diante” (69).
Há a consideração dos operários em particular, provavelmente mantendo a ideia de ser esta a classe revolucionária, em particular, mas também a de outros assalariados como pertencentes ao conjunto de trabalhadores, o que representa um avanço para o entendimento mais geral e, especialmente, para perceber o conjunto de relações presentes no desenvolvimento da sociedade capitalista.
PRÉVIA-IDEAÇÃO X CASUALIDADE
Nos meus estudos sobre a estética a partir da análise de Lukács uma das coisas que me incomodou foi a prévia-ideação, ao menos quanto à arte, numa sociedade comunista. Parecia natural que com mais "tempo livre" para fazer o que se pretende, as pessoas poderiam produzir mais grandes obras de arte. Incomodava-me porque não é por conta da sociedade capitalista, ou de outras com uma evolução material ainda menor, que grandes obras de arte não surgiram.
Não concordava com a afirmação automática porque se a arte tem a capacidade de ir além, de revelar as contradições sociais de dado momento histórico tão alienante quanto o promovido pelo modo de produção capitalista; e de aparecer enquanto tal apenas séculos depois, por conta do avanço do próprio homem que permite vê-la de tal grandeza, porque afirmar tão cabalmente de como será a arte produzida posteriormente? (Isso não abriria espaço para discussões de formatos revolucionários, como ocorreu com o realismo soviético?)
Lessa e Tonet citam numa nota que "a personalidade do artista é determinante" para a obra de arte, ainda que também assim sejam as demais atividades, só que em menor potência para gerar consequências futuras causais.
Os autores afirmam que para Marx, seguindo a ideia do materialismo histórico e dialético é "uma síntese de ideia e matérias que apenas poderia existir a partir da transformação da realidade (portanto, é material) conforme um projeto previamente ideado na consciência (portanto, possui um momento ideal)" (43). Assim, ideias e ações revolucionárias dependem umas das outras para serem objetivadas e, para isso "é necessário que elas [ideias] reflitam adequadamente as necessidades e possibilidades de cada momento histórico" (43).
Dado o momento anterior de "crise" econômica nos Estados Unidos, seus reflexos na Europa e a série de manifestações populares na região árabe, o movimento Occupy e os recentes aqui do Brasil, muito se falou da necessidade de um projeto para o futuro, que não havia - por vários motivos que não descreverei aqui. Um dos questionamentos plausíveis e que imagino ser comum em quem defende a revolução social seja a de como saber qual o momento para isso? Por exemplo, com tantas pessoas nas ruas protestando no Brasil, ainda que não um "país central", seria uma dessas oportunidades históricas construídas pelos homens?
Há um problema de que “é a existência social dos homens que determina as suas consciências e não o inverso” (44). Quer dizer, entramos na história de que para ter noção do quanto se é oprimido é, primeiro, sê-lo de forma grave, sentir na pele diariamente a exclusão social, e, segundo, para outros casos, saber se a existência de determinado grupo de pessoas permite observar a exclusão do outro, em meio a uma sociedade que estimula o individualismo. “Por isso a reprodução da sociedade e a do indivíduo são dois polos do mesmo processo, isto é, são momentos distintos, porém sempre articulados” (77), com as realidades objetivas e subjetivas caminhando sempre juntas.
Os autores dirão, já para o final do livro que:
“Isso significa, imediatamente, que todas as ações humanas são historicamente condicionadas. Significa, também, que todas as ações humanas, todos os processos sociais, são desenvolvimentos das possibilidades históricas em cada situação. Tanto do ponto de vista de um indivíduo, quanto do ponto de vista coletivo, uma objetivação só pode ocorrer se for possível naquele momento histórico” (117).
O que ocorre é que há uma prévia-ideação de qualquer atividade humana, mas esta está sujeita a consequências não imaginadas, situações causais, que podem mudar o contexto de atuação mesmo depois de muita análise e certeza de como fazê-lo. Repete-se que a natureza é transformada pelo homem momentaneamente que o vai transformando, aumentando os seus conhecimento para atividades futuras. Porém isso só pode ocorrer com o ato passado decorrido. Lukács chama, segundo os autores, este momento de alterações como "período de consequências", em que o ato retroage sobre a conciência por meio dos efeitos que provoca.
“Por isso a reflexão da realidade pela consciência é um constante processo de aproximação das deias em relação à realidade em permanente evolução” (51); uma apropriação das propriedades da realidade segundo necessidades e objetivos do momentos, sendo o reflexo historicamente condicionado.
Assim, "o futuro não poder ser previsto pela consciência. Como ele ainda não aconteceu, como ele não está todo contido na situação presente, não há como a consciência determinar a priori todos os possíveis desdobramentos dos nossos atos cotidianos” (95).
O incômodo sobre como saber quando se tem o "conhecimento adequado da realidade a cada momento histórico" é negado a priori, em que no caso revolucionário, por exemplo - e essa colaboração para a práxis vem a ser bastante interessante - "apenas depois de concluída a objetivação poderemos saber qual grau de conhecimento era mais ou menos adequado para as objetivações que estavam na ordem do dia” (118).
Neste contexto, vi um autor, não marxista, afirmar sobre a necessidade de se ter feito a Revolução Russa mesmo não sendo um país desenvolvido industrialmente. Na conjuntura dada, foi a opção escolhida por quem estava na luta cotidiana em meio a uma região devastada pela guerra. Os desdobramentos futuros não foram como o imaginado até mesmo porque as análises sobre o que estava dado, e as novas disputas, levaram a outros caminhos - também de exploração do homem pelo homem numa burocracia estatal e altamente repressiva.
Acreditando na possibilidade histórica, faz-se necessário para uma transformação radical uma crítica mais completa e radical para abrir o caminho da realidade e, em seguida, determinar tendências históricas predominantes e as reais necessidades e possibilidades históricas da humanidade. Isso, na prática de várias lutas contra perdas que acabam sobrepondo a questão maior, que quem vivenciou minimamente uma prática de militância sabe que é a regra cotidiana.
Neste sentido, Lessa e Tonet afirmam o que vem a seguir, de maneira a tirar a naturalidade do processo revolucionário frente às constantes crises do capital, e reafirmar a necessidade da explosão revolucionária:
“Por isso, a revolução comunista não é uma realização necessária e inevitável no processo histórico (como tanto afirmaram o ‘marxismo vulgar’ e o estalinismo), mas sim um ato de afirmação do ser humano que se emancipa e se liberta; que se emancipa porque está se livrando das alienações capitalistas; que se liberta porque objetivará uma finalidade essencialmente humana e, ao mesmo tempo, possível no quadro histórico atual” (120).
Por fim, destaco duas colocações para o entendimento sobre a democracia (burguesa). A primeira bem que se aplica a tantos casos corriqueiros, cujo maior foco (alvo) acaba sendo para os proprietários de conglomerados comunicacionais até mesmo por conta do grande desenvolvimento do setor especialmente a partir do século XX com a televisão:
“Para que a sociedade capitalista funcione é necessário que todos sigam os costumes e as leis; por isso, o burguês defenderá intransigentemente que as leis devem ser respeitadas por todos, mas, no seu comportamento, pessoal, as violará sempre que lhe for lucrativo” (82).
Já a segunda apresenta uma análise sobre a democracia, após um tanto de destaque sobre a criação de Estado e Direito, dentre outras coisas, para garantir a manutenção do capital e maquiar a existência da luta de classes:
“Ela [democracia] se caracteriza pela concepção de que todos os homens são iguais e que, portanto, as leis não devem proteger um indivíduo na sua disputa com o outro. Para a ordem política burguesa, o capitalista e o operário são absolutamente iguais. Mas como, na realidade, o burguês é muito mais poderoso do que o operário, a igualdade política afirmada pela democracia significa, de fato, a máxima liberdade para o capital explorar a força de trabalho. Dizem os conservadores, defensores do capitalismo, que a lei não deve dar privilégios a ninguém, que deve tratar todos da mesma forma. Contudo, ao proceder assim, a lei garante não a igualdade entre os homens, mas sim a reprodução das desigualdades sociais” (88).
Para não terminar com a citação, friso que uma versão do texto está disponível na internet (http://www.ivotonet.xpg.com.br/arquivos/Introducao_a_Filosofia_de_Marx.pdf) e que se nele há muitas outras coisas a se observar, fora dele há um tanto ainda maior para se conhecer de categorias marxianas e marxistas desenvolvidas.
REFERÊNCIAS
LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução à filosofia de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2008. (Debates & Perspectivas)
Gostaria de conhecer o marxismo, pelo visto a obra cumpre o papel do nome.
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