Para o que nos interessa, importa especialmente o primeiro capítulo, que faz uma descrição e diferenciação do processo coronelista, valendo posterior releitura. Já ali aparece uma das coisas que mais nos chamaram a atenção, que é indicar o avanço das comunicações (em plena era do Rádio, anos 1940) como um aspecto de possível mudança dessa situação no país – além da melhoria nas redes de transporte e de possível melhoria na industrialização, levando as pessoas para a cidade, o que se daria depois.
Esse fator nos interesso porque, no balanço que podemos fazer 68 anos após a escrita do livro, é que muitos dos fatores apontados na relação política e com a comunidade rural ainda permanecessem, mesmo com tanta suposta evolução na educação, na busca de informações e com redução de distâncias (nos mais diversos sentidos de acesso). Talvez aqui que esteja algo que ele aponta logo no início e depois na conclusão, que é a capacidade desse modelo de atualizar, com o poder centrado em certas famílias, mesmo que esses descendentes tenham se preparado melhor a partir de educação em outros lugares.
Podemos dizer que o modelo de controle segue presente, especialmente quando a principal atividade das cidades passa a ser o setor de serviços que, no caso do interior, terá uma preponderância importante dos empregos gerados a partir da prefeitura. Por outro lado, a distribuição de concessões de rádios no Brasil, como diversos estudos nas décadas seguintes apontaram, gera o que Suzy dos Santos e outros autores indicam como “coronelismo eletrônico”. Ou seja, uma das formas de atualização de como definir o poder nos municípios foi conseguir esta concessões, a partir de relações políticas muito semelhantes às que Leal aponta.
Da mesma forma que então, apontamos em determinado trabalho, a partir de leituras sobre o “coronelismo eletrônico”, que esta forma precisa se reinventar mais uma vez com a maior quantidade de oferta de informações mesmo em lugares mais afastados, em que a radiodifusão é substituída por formas de consumo não programados, mas escolhidos, de conteúdo. Resta, portanto, observar como esse processo irá se dar – levando em conta, ainda, do ponto de vista das ciências políticas e sociais a necessidade de atualização histórica desse processo em comparação aos dias atuais.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LEAL,
Victor, Nunes. Coronelismo, enxada e voto: O município e o regime
representativo no Brasil. 7.ed. Companhia das Letras: 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário