sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Ano de enfrentamentos importantes

"O eu completo e complexo é o grande desafio que tenho para 2016". Assim eu terminei o texto de avaliação do ano passado (algo que fiz também em 2011, 2012 e 2014). Mal sabia eu o que viria de elementos para aumentar a complexidade e os desafios de 2016. Ainda que com dores, de diferentes aspectos, este ano não tem caráter de "sobrevivência", mas de, pela primeira vez, tentar viver.

Foi um 2016 de um elemento novo marcando o tempo inteiro as rotinas de vida: saúde. Já no primeiro mês um acidente que só me deixou com um colete na cervical por alguns dias e algumas dores nela e nas costas até hoje, mas que poderia ter arrebentado minha coluna ao meio. Pior que a dor foi ter me visto cair por completo nas semanas seguintes. Talvez em nenhum outro momento da minha vida o estar e me sentir sozinho tenha feito tanto efeito. Veio uma crise depressiva a ponto de minha terapeuta "ameaçar" me encaminhar a um psiquiatra, mas que serviu para entender que todo carnaval tem seu fim. De bom disso tudo, um desabafo homérico de algo guardado há 3 anos para a única pessoa que se preocupou comigo naquele momento e em outros ao longo do ano - para, talvez, azar dela, há de reaparecer neste relato mais à frente.

Em abril eu assumi a coordenação acadêmica da unidade em Santana do Ipanema. Quase que ao mesmo tempo, tive que assumir dois processos de transição, um surpresa na coordenação de Economia, ficando algumas semanas até ter alguém provisório - e atuando com ele durante aqueles meses -; e acompanhar e comandar o processo de término e seleção de monitores. Foram dois meses que valeram por quase 2 anos. Por sorte vieram as férias de duas semanas. As primeiras da vida!


Dentre as melhores decisões deste ano com certeza está ter encerrado dois ciclos que ficaram "engasgados" desde março de 2013, quando saí do Rio Grande do Sul. Voltar para lá, mesmo para poucos dias e encontrando amigxs e colegas tão bons na correria, foi bom. Nova condição e sem o peso do que ocorreu no segundo semestre de 2012. Ver ainda que realmente não fechei porta alguma por lá é muito importante.

A segunda coisa está em ter mudado a previsão inicial - ir a Montevidéu - para me reconciliar com São Paulo. Ver o Palmeiras ganhar dois jogos no estádio, especialmente o clássico contra o arquirrival com gol de alagoano sertanejo atrás do gol em que está, ficando sem voz de tanto apoiar, é inesquecível. Aproveito a deixa para dizer que fui 100% no Brasileiro ganho após 22 anos - ainda teve clássico contra o São Paulo, de virada e rouco no evento acadêmico no dia seguinte. Sem falar nos quase 20 jogos que vi do CSA este ano, entre Alagoano e Série D. Preparem-se, que o Maior de Alagoas iniciou em 2016 um novo ciclo positivo de sua história, vem mais por aí e, como sempre, estaremos juntos em 2017!

Mas voltando a São Paulo, o motivo de ter mudado a viagem internacional pela local, de ter mudado o status de relacionamento com o Estado passa para além do Palmeiras, diria que literalmente. Aqui retorna a pessoa do desabafo de fevereiro. Foi tudo surpreendentemente positivo naqueles 15 dias. Ainda que as dificuldades do dia-a-dia, até porque se fosse fácil não seria eu, tenha voltado tudo ao "normal" depois. Consegui encerrar uma pendência que sempre ficou para mim desde a ida ao cinema em março de 2013 - ainda que a pessoa não acredite que eu iria atrás independente do lugar e da situação de ambos.

Este novo "perder", ainda que diferente por não ter vindo com um "adeus geral", também foi bem menos traumático que antes e isso é muito importante para mim. Acho que saber não ficar tão mal e dar sequência à vida sem ser algo tortuoso foi um dos grandes avanços psicológicos deste ano. Do que estava no texto do ano passado, sigo devendo mostrar às pessoas como eu me sinto, especialmente quando as coisas vão mal, mas avancei mais rapidamente em alguns casos que antes.
O segundo semestre letivo do ano veio com viagens e alguns sonhos realizados no meio disso - e alguns problemas de saúde para garantir que meu check-up seria em emergências. Agosto veio com duas viagens malucas de fim de semana. Ida ao Rio de Janeiro para ver o handebol e o futebol femininos no mesmo dia e o sonho de criança de poder participar, ainda que não trabalhando, de um megaevento esportivo, com toda a vontade do mundo para ir à Rússia e Japão. No final de semana seguinte, um literal bate e volta a Mossoró por razões que a própria razão desconhece, mas que era muito importante. Ainda que tenha gerado uma infecção digestiva que nunca tive igual e que me deixou fora da vida por uma semana.

Setembro veio com a tradicional ida ao Intercom, com a terceira viagem a São Paulo em 4 meses, desta vez com muitos altos e baixos, mas também com auxílio primoroso dxs amigxs de lá - espero que ainda sejam, apesar das poucas conversas desde outubro.

Em outubro, ida à Cidade do México. Esta me derrubou pela altitude e pelos problemas na imunidade pelo desgaste emocional e físico do trabalho e de certo descaminho daquele período. Fui vencido e ainda não sei de algumas coisas de México e escala em Lima se foram reais ou não, mas nunca foi tão difícil voltar de uma viagem a trabalho, com direito à raiva na semana de volta. Cheguei no limite de uma estafa físico-mental.

Novembro trouxe a segunda parte das férias, onde finalmente a minha cabeça saiu do período sabático e voltou a escrever artigos no ritmo normal. Logo depois, ida a Brasília com novas realizações de objetivos, um deles que não imaginaria para agora. Basta reler as avaliações dos anos anteriores para entender o quanto foi difícil chegar aqui, apesar dos 28 anos - e ao contrário de comentários que provavelmente surgiram por aí. Mesmo a coordenação acadêmica, e o Caiite demonstrou isso, é uma prova de ao menos aqui eu consigo me desenvolver bem e, o mais importante, ter resultados. Dois anos e quatro meses sabendo que estou trabalhando sem qualquer peso na consciência.


Porém, o mais curioso deste ano foi que apesar de eu ter tentado mais com as pessoas, conheci mais gente - Leia Mulheres segue sendo outra das grandes coisas deste ano -, eu termino com menos pessoas próximas que quando iniciei. Lidar com algumas coisas parecidas que já deram errado, ou eu perdi a paciência mesmo, vem sendo complicado e acaba me afastando de grupos e até amigxs, especialmente pós-outubro.

Duas pessoas diferentes me perguntaram recentemente porque um fato recente mexeu tanto comigo ainda que eu ache que não tenha feito nada de errado. Pensando nestes dias, uma hipótese forte seja a que, apesar de eu não declarar abertamente a falta de pessoas para mim, eu sempre levei em conta a opinião alheia, por isso o ser "certinho" ou "formal", algo que o MUNDO vem gritando no meu ouvido. Seria bem mais fácil ligar o f...-se para quando me enchessem o saco, ainda que eu finja que fiz isso em alguns casos até porque a lista está grande.

Dezembro, o mais que falta, poderia ter sido devastador. O tema que deu título ao texto do ano passado voltou de forma inesperada e com uma notícia para além das minhas pessimistas expectativas e com uma reação em mim também inesperada. Pelo jeito há feridas que mesmo cicatrizadas ainda doerão. No meio disso, outra surpresa inesperada e que não podia deixar de tratar, apesar de meu cuidado sobre.

Foram duas pessoas este ano que vieram com a questão de me decifrar. Por experiência anterior, perde-se a graça logo, uma destas pessoas superou o desafio rapidamente e sumiu; a outra me ofendeu de diferentes formas na semana do relato do parágrafo anterior e em meio a bomba atrás de bomba para desarmar devido ao Congresso Acadêmico. Então, por favor, nada de tentar me decifrar. Não quero ser desafio para ninguém, até porque a graça acaba rápido.

Outra coisa muito importante é aprender a me escutar e estar à disposição para me entender. Sinceramente, estou cansado de fazer isso com as pessoas e ouvir o "eu sou assim e não vou mudar", ainda que as mesmas pessoas apontem o dedo para mim para que eu mude. Ao menos eu observo o que é problema para mim e estou tentando, ainda que o meu processo leve a velocidade que eu queira e possa.

O trabalho é o meu cano de escape - assim como o futebol e já foi este blog, desenhar e neste ano foram os livros literários -, mas tem muita coisa nele que eu adoro fazer e não uso como justificativa (a não ser que seja algo irônico) para as minhas decisões pessoais. E isso não vai mudar mesmo que eu trabalhe (bem) menos. Já sofri muito até com escolhas que não me forma ditas - ou foram porque eu vi que estavam sendo praticadas, envolviam-me, mas eu era o único a não ter sido "informado" -, mas respeitá-las é a opção possível. Então, outro por favor, aprendam a respeitar as minhas decisões em 2017. Estou aprendendo ainda a dizer não, mas quando o digo é não mesmo. Serve para artigo, criar evento, inventar trabalho (para mim) e nas questões pessoais nem se fala.

Por fim, tempo de passar algumas semanas desconectado para poder respirar e cumprir pendências individuais que quero fazer, mas estão atrasadas. Que eu consiga seguir nesse melhoramento de eu complexo e que a vida pegue mais leve, porque já passou da hora - prometo cuidar um pouco mais de saúde, o saco de areia para socos em casa serve como prova rs.

domingo, 27 de novembro de 2016

Um dia em 22 anos


Em algumas das últimas entrevistas coletivas das sextas-feiras, Cuca comentava que a ansiedade era normal, pois se tratava de uma espera de 22 anos. Eu sei bem quanto isso pesa. Minha primeira lembrança enquanto torcedor do Palmeiras é justamente do título brasileiro de 1994, com 6 anos de idade. Vivi cada detalhe destes 22 anos e posso listar bons e péssimos momentos.

De zoar a minha irmã após o título em 1994, enquanto ela estava no banheiro e ameaçava que ia falar com o meu pai; à raiva por perder o Paulista do ano seguinte para eles na prorrogação numa final no interior; a derrota muito cedo para o Grêmio em 1996, que gerou uma torcida pela Portuguesa na final, já que os tricolores gaúchos eram nossos grandes rivais naquela época; a irritação por ter uma festa de fim de ano na escola no mesmo dia do jogo de volta, e a maior ainda por perder o título brasileiro com dois empates; sair escorregando de joelho no corredor na casa de uma senhora amiga da família com o gol de Oséas nos últimos minutos daquela Copa do Brasil de 1998; e apagar tudo da final da Libertadores do ano seguinte, em que só ficou na memória a agonia por gravar depois da aula o Globo Esporte do dia seguinte (e não conseguir), mas descobrir na raiva contra Edilson e o mundo rival na final do Paulista que estava com catapora; não poder ir para a final da Copa dos Campeões do lado de casa, em 2000, por não ter com quem ir, mas comemorar mesmo assim; gritar com visita em casa com o gol contra o Boca, na Bombonera em 2001; e gritar, mesmo não podendo, com gol contra o Flamengo naquele sufoco de rodadas finais, que culminou com um rebaixamento, mesmo eu rezando para tudo o que era possível naquele jogo contra o Vitória de 2002; comprar a camisa da Série B horas antes do jogo contra o Sport, morrendo de medo de dar azar, e ver depois que o gol do título vestia o mesmo número da única camisa 1, verde, que tinha na loja e eu comprei; e antes disso ouvir o 7 a 2 do Vitória, mas também o 3 a 1 nosso no Barradão; ver a volta de 2004 e junto com ela as decepções de eliminações seguidas para o São Paulo na Libertadores nos anos seguintes; aprender a ser fã de Edmundo na sua volta, em 2006 e 2007; e guardar na memória o 5 de maio de 2008 que quebrava dois jejuns estaduais ao mesmo tempo, indo com a camisa ao estágio e à aula; sofrer com os amigos numa casa de outra amiga com o gol anulado pelo Simon naquele jogo contra o Fluminense, em 2009, sem entender a queda de rendimento num Brasileiro tão próximo; seguir sofrendo, mas com eliminações bizarras, como aquela contra o Goiás nas semifinais da Sul-Americana de 2010; ver o Palmeiras pela primeira vez, com o Marcos ainda em campo, num 0 a 0 contra o Grêmio no Canindé em que amaldiçoei o Leandro; comemorar o título da Copa do Brasil num mês que foi dos mais difíceis da minha vida, ficando resfriado de tanto querer comemorar em casa e mostrar a camisa do Palmeiras para o nada no Rio Grande do Sul; estar atrás do gol do Barcos anulado pelo Chicão por interferência externa no Beira-Rio e ficar com febre e gripado minutos logo depois da confirmação do rebaixamento daquele 2012 extremamente complicado; voltar a Maceió e ver pela TV aquele acesso sem gosto algum de 2013; quase morrer e, por isso, não querer ver o pênalti cobrado pelo Henrique, mas comemorar e chorar como se fosse o de um título o gol do Thiago no Barradão; gritar como nunca antes na vida, acordando vizinhos, num ano em que monstros internos saíram e minha mente suportou tanto que não tinha como ser diferente naquela final da Copa do Brasil: olhar para o que quer que fosse dizer que depois de tudo, tinha que ser nossa!


Já tratei disso em inúmeros textos e já comentei isso com diferentes pessoas, de diferentes lugares. Costumo dizer que se não fosse o Palmeiras, e o futebol, provavelmente eu só seria lembrado pelas pessoas por conta do trabalho. Esse time faz com que pessoas de diferentes Estados lembrem de mim quando o time vai mal ou quando o time vai bem. Minha relação é tudo menos racional. É de ficar nervoso até o título de 99 a ponto de ficar gelado; de tremer as pernas e todo o corpo na agonia do jogo; de chorar muito por conta do Palmeiras. Digo que a relação é para além do amor, pois nunca vivi isso com ninguém e é algo inexplicável, especialmente se comparar com o que sou normalmente. Além de tudo, tivemos nossas fases boas e ruins em períodos bem parecidos e isso é impressionante.

Serão 29 rodadas na liderança, mas ganhar este Brasileiro é muito especial porque nessa escala de semelhanças de fases, creio finalmente estar me observando melhor em problemas que carregava comigo sempre e conseguir evoluir de forma muito boa na vida profissional. Ainda que os últimos dois anos me façam pensar que ter problemas em relações pessoais, se é para o Palmeiras terminar o ano campeão - Libertadores termina tarde ano que vem, e tem Mundial ainda - até que vale a pena (rs).

Estou só esperando quem tanto provocou com "cheirinho", quem me dizia que o Atlético-MG é que seria o campeão; a imprensa que tanto disse que os outros é que jogavam bem, depreciaram o "Cucabol" até semanas atrás, que disseram que éramos passageiros, especialmente com a lesão do Prass e as idas de Jesus à Seleção - para fazer milagres também por lá. Dizia há meses que o Palmeiras só dependia dele e cumprimos nosso objetivo, com a melhor defesa e o segundo melhor ataque do campeonato, sem cartões vermelhos e com estádio cheio, apesar da estúpida decisão de MP e PM de barrar a festa nos arredores do Parque.




Esta também é uma vitória especial porque vi três jogos, vivi e construí enquanto torcedor 3 vitórias, duas delas em clássicos e com os gols saindo exatamente na trave em que eu estava atrás. Voltei rouco depois daquele 1 a 0 contra o Corinthians e fui para um congresso rouco no dia seguinte do 2 a 1 contra o São Paulo, do "time da virada" que tanto gritei; fora os 3 a 1 contra o Santa Cruz, com direito a amigo corintiano por perto.

Tive que controlar as lágrimas já ao final do jogo contra o Inter. No da semana passada, contra o Botafogo, foi muito difícil segurar. Hoje elas vieram com poucos minutos, mais ainda após o nosso gol e com toda a força ao levantar da cadeira e acompanhar em pé os últimos dez minutos de jogo contra a Chapecoense. A sensação agora é de um alívio impressionante, parece que é um imenso ciclo de vida que vejo pelos meus olhos, os mesmos que acompanharam aquele título brasileiro de 1994 e 22 anos depois, com muita estrada percorrida, veem um novo.

Sociedade Esportiva Palmeiras, "Verdão querido, de coração, é o campeão dos campeões!"


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Evento nacional em Alagoas e diretoria de associação

Ainda que tenha recebido o convite para a direção da ULEPICC-Brasil em agosto e já tivéssemos tomado a decisão de trazer o encontro nacional da entidade desde o primeiro semestre, só em outubro é que contei para algumas pessoas que essas coisas viriam. Em meio a um mês de esgotamento, muitos questionamentos sobre o porquê de pegar mais uma coisa para fazer.

Este texto serve para explicar melhor a quem achou estranho e, especialmente, dizer o que representa isso para mim, algo que já ia fazer mesmo sem tantos contratempos como os destes meses de segundo semestre.

O convite para realizar a ULEPICC-Brasil veio ainda em 2014, mas não dava para pensar em realizar nada dois anos depois, já que acabara de entrar como professor da UFAL. Comentei que provavelmente em 2018 fosse possível e passei a contar com isso, já que imaginava que era interessante, ainda que dê trabalho. Assim, com a volta do nosso grupo/núcleo de estudos do final de 2014 para cá, e com o apoio do grupo de pesquisa com sede em Sergipe, iniciamos as preparações, tendo em vista o anúncio no evento deste ano em Brasília.

O nosso grupo/núcleo atua desde 2007, com algumas paradas nesse período por não estarmos oficialmente vinculados a universidades e termos outras atividades e problemas individuais a resolver. Na atual volta, somos cinco, mas com uma relação direta e de mais diálogo dentro de outro grupo de pesquisa, de outra universidade, e com possibilidade de, em breve, formar nosso próprio grupo. Além disso, somos dois professores da UFAL, eu efetivo e um amigo, por enquanto, substituto.

Realizar o Encontro Nacional da ULEPICC-Brasil em 2018 aqui em Alagoas é resultado desse trajeto coletivo, entre pessoas que não puderam seguir conosco por diversos motivos, entre outras que precisam se ausentar por um tempo e voltam depois, e os que seguem. Trajeto este, vale a pena destacar, na maior parte dos momentos sendo feito encarando as coisas, correndo atrás de contatos, projetos e pesquisas, enviando e-mails, conversando em eventos. Se pudemos encarar a responsabilidade de organizar o evento da área (Economia Política da Comunicação) no Brasil foi por vontade deste pequeno, mas trabalhador e persistente coletivo, cujo apoio até aqui veio mais de fora do que de perto.

Da segunda parte nesses dias em Brasília, o convite/informação para estar na chapa como secretário veio em agosto e a primeira coisa que eu disse foi "lá vem mais trabalho", que saiu automaticamente. Apesar da quantidade de coisas já feitas, jamais poderia negar tal oportunidade. Primeiro que não esperava tão cedo que participar da gestão da ULEPICC-Brasil - por menor que seja, por se tratar de uma área crítica da Comunicação. Sou mestre e novo, ainda que esteja quase que o tempo todo na área desde 2008, participando da maior parte dos eventos e ajudando na divulgação desta temática. Participar enquanto diretor da entidade é seguir essa trajetória, com o apoio dxs demais, também comprometidos com esse trabalho.

Sinto-me orgulhoso por poder participar disso nos próximos dois anos, ainda que venha mais trabalho - que juro pretender equalizar melhor para não ter maiores problemas. Resultado da minha trajetória individual nestes 8 anos, focado em trabalhar em pesquisa e ajudar a crescer a EPC por ter sido mais que uma escolha epistemológica, algo que me veio também por me sentir bem política-ideologicamente falando. Vendo da minha perspectiva, algo conquistado da melhor forma possível, para mim e para outras pessoas, sem certos vícios acadêmicos. Além de ser também reflexo da trajetória do "grupo de Alagoas", como tantas vezes escutei de 2011 para cá.

Por fim, pesquisa é a parte que mais gosto dos quatro pés da vida acadêmica. Este ano, na verdade, fiquei mais preocupado por, "naturalmente", viver um ano sabático, em termos de estudos mais aprofundados, dada a sobrevivência (inexplicável) ao contexto do ano passado. Trabalhar com o que se gosta e com quem se pode dialogar com maior facilidade ajudará ainda mais, especialmente quando se compara a outras realidades minhas, em que esses elementos não são tão fáceis assim. Respirar fundo, já que essas outras coisas seguem paralelamente, e fazer tudo da melhor forma possível para os espaços que ocupo e para mim mesmo, principalmente.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Avaliação da prática docente 2016.1

Ao final das atividades de aula, como fiz no semestre passado e no anterior, pedi para que xs estudantes me avaliassem, a partir dos critérios que elaborei para o formulário de 2015.1. Obtive 44 respostas, num conjunto de 74 estudantes, porcentagem um pouco maior que no semestre anterior (59,4%). Preciso fazer isso, inclusive, porque a UFAL ainda não tem avaliação dos discentes sobre as atividades que ela proporciona.

Metodologia da pesquisa
A ideia de fazer uma avaliação da minha prática docente surgiu ainda nas primeiras turmas que peguei ao chegar na UFAL, o mês final de 2014.1. Preocupava-me por se tratar de um período que teve greve docente e troca de professores na disciplina. Deixei um dia para entregar os trabalhos/dar as notas e que avaliássemos em conjunto aquele semestre. Quando houve, tirando um caso, as respostas foram "foi bom". No semestre seguinte acabei não fazendo, pois presencial não se mostrou possível, ainda que colegas meus achem estranho que eu faça isso.

Em 2015.1, participei de um curso para usar a plataforma Moodle da UFAL e dentre as atividades iniciais estava uma avaliação da prática docente. Fiz um questionário no Drive após o primeiro terço da disciplina de LIC, obtendo 34 respostas. Repeti o modelo para a avaliação final e também para a eletiva, sem ter a necessidade de identificação - dando liberdades axs estudantes para serem honestxs. ão 5 pontos a serem avaliados de 1 (péssimo) a 5 (ótimo): Prática Docente, Ação Didática, Construção do Conhecimento, Relação professor-discente e Métodos de avaliação. Depois, a avaliação do aprendizado/lembrança de Lógica, Comunicação e Informática; e, por fim, uma pergunta direta: "O que devo mudar na minha prática pedagógica?".

Prelúdio
O segundo semestre normalmente é complicado por conta das ausências devido aos eventos de pesquisa, que no caso da Comunicação se acumulam neste período do ano. Então, naturalmente haverá duas a três semanas em que não teremos aula, que se dará utilizando o Moodle (plataforma EAD da UFAL) e/ou com reposição. Mesmo considerando que este semestre letivo teve uma semana a mais que o anterior, até por não ter feriados no início de semana, os eventos fazem com que os encontros sejam irregulares.

Mas o período foi pior por dois motivos. O primeiro, avisado na semana de recepção promovida pelos centros acadêmicos, foi o cargo de coordenador acadêmico, que acrescentou outras atividades, caso de uma reunião de formação na sede do campus, em Delmiro, em que não pude dar aula à tarde de uma segunda-feira,  mas à noite sim; fora xs alunxs que apareceriam na porta para tirar alguma dúvida sobre falta de professor (e foram dois, sete disciplinas sem docente neste semestre).

Foram diversas reuniões de segunda a quinta no Sertão, e algumas quintas e sextas na reitoria em Maceió, que atrapalharam em alguns momentos a programação da minha vida, incluindo as atividades acadêmicas. Um problema atrás do outro em diferentes frentes, incluindo a possível mudança da presença minha e dxs professorxs do atual Tronco Inicial nos cursos do interior.

Sou muito mobilizado mental e fisicamente pelo cansaço e não ter em algumas semanas a possibilidade de descanso interfere, naturalmente, no meu humor - que fica mais afiado - e na imunidade. O segundo motivo que tornou este semestre pior que os outros foi que pela primeira vez faltei por motivo de doença, uma infecção bacteriana em agosto, algo de um nível que nunca tive. Há poucas semanas tive problemas no México, que acabei "trazendo" para cá, dificultando as minhas aulas e que me fez ir pela segunda vez no semestre à emergência de um hospital.

Entrei num processo de esgotamento físico e mental nos últimos meses, que ganhou o acréscimo de um problema de foro pessoal, mas sempre tentando dar conta das atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão em que estou. Isso é importante de ser frisado, não somos uma máquina e é óbvio que essas coisas interferem no nosso jeito de ser. Como costumo destacar, a importância de entender o porquê a outra pessoa está daquele jeito, em vez de sair gritando exigências ou que ela esteja sempre à disposição ou faça milagres. O que não acontece.

Só isso já faria ser um semestre difícil, mas sabia que a avaliação viria com problemas porque não consegui estabelecer uma relação com xs discentes como no semestre anterior - ainda que acredite que aquele tenha sido uma exceção positiva. Em meio a essa correria, sentir a falta de vontade e a preguiça delxs em vários momentos não ajuda em nada, ressalvada as devidas exceções. Cheguei a testar isso com uma atividade no Moodle, reproduzida aqui, em que pedi para que lessem de forma adequada e não me perguntassem nada. Ainda houve pessoas das duas turmas a perguntar. Deixei duas aulas para tirar dúvidas sobre os trabalhos, perguntei dois dias antes de Seminário Integrador se havia dúvidas e ainda apareceram problemas de quem não entendeu algo relativo à forma, especialmente. E não faltaram momentos em que reclamei disso.

Mas, dado esse comentário, vamos aos pontos da avaliação.

1. Prática Docente e Ação didática

Prática docente é uma avaliação geral, que pode ser que no semestre que vem eu jogue para depois das outras perguntas. Em ambos, que vai se repetir em todas as perguntas, há quem tenha identificado como péssimo. Ainda que entenda que a formação que temos na educação básica seja diferente, seria fundamental que quem achou tão ruim a disciplina que me informasse ao longo do semestre, até para poder mudar algo.

Na ação didática, aparecem alguns regulares (4). Como comentei, suponho que a falta de regularidade da aula por conta de outras atividades atrapalhou o semestre. Tentei modificar algumas coisas em relação a semestres anteriores, mas neste algumas atividades foram prejudicadas pelo tipo de conteúdo que creio ser mais adequado ao Moodle. Filmes e documentários que seriam passados em sala para discussão foram deixados para o EAD. Mas é claro, como destaco, sempre há coisas há mudar e a cada semestre aparecem novas coisas já que cada turma de 1º período vai ter um perfil diferente.

 2. Construção do conhecimento e Relação professor-discente
"Construção do conhecimento" tem os mesmos 4 regulares e 1 péssimo. Muda algo no bom/ótimo, mas tendo a repetir o que aponto frequentemente, a disciplina "Frankstein" acaba prejudicando uma melhor relação entre os conteúdos das três partes, ainda que eu tente cada vez mais resgatar na Comunicação e na Informática o que foi discutido em outros momentos. Isso deve ser readequado com a mudança da disciplina que deve ocorrer com a alteração nos Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos.

A Relação professor-discente foi bem pior que nos semestres anteriores, com 1 péssimo, 2 ruins e 3 regulares. Confesso que não consegui estabelecer uma relação parecida com outros semestres, então esperava este resultado. Tive até discussão áspera com estudante na metade inicial do período por conta da correção de um exercício, algo que em mais de 2 anos nunca tinha acontecido, ainda que não tenha tido problemas depois com esta pessoa ou outras.

3. Métodos de avaliação
Outro ponto que eu sempre revejo, teve alteração este semestre e que se mostra como de necessária revisão a todo momento. Foi 1 péssimo e 4 regulares. Percebi um problema no debate em grupo na parte de Lógica, que deve fazer com que eu altere na pontuação das atividades do primeiro período, pois o fato de ser em grupo acaba escondendo dificuldades de aprendizado de algumas pessoas. Além disso, talvez seja necessário também adaptar algo na segunda parte, pois foram muitas atividades no primeiro e bem menos no segundo bimestre. Fazia isso para aliviar frente os trabalhos finais de outras disciplinas, especialmente Seminário Integrador, mas é necessário repensar se é a melhor coisa.

4. Como você avalia/lembra o conteúdo aprendido em Lógica e em Comunicação
Outros pontos com resultados bem piores que nos semestres anteriores. Geralmente a parte de Lógica é bem avaliada - mesmo no semestre que foi dividido por uma greve isso ocorreu -, mas desta vez a ampla maioria foi no bom, com 6 regulares e 1 péssimo.

Comunicação, curiosamente, vinha sendo a pior avaliada por estar espremida entre as outras duas partes e ter duas semanas a menos. Como vejo que ela está presente nas outras, acabo mais resgatando e/ou puxando assuntos, além de ser das áreas a mais próxima a mim, o que gera certo conforto maior e a preocupação em não exigir delxs que entendam muito de algo que eu enquanto comunicólogo preciso saber muito bem. Necessário rever e incluir ainda mais exemplos e atividades práticos. Aqui foram 1 péssimo, 2 ruins e 5 regulares.

5. Como você avalia/lembra o conteúdo aprendido em Informática
Em Informática há mais ótimos que nos anteriores, mas surpreendentemente há mais uma pessoa que achou péssimo (2 no total), 3 que acharam ruim e 3 regulares. A surpresa é porque se trata do assunto mais recente tanto no período letivo quanto no que se faz no dia a dia, com apresentação de trabalhos com prática disso e vídeos que discutem as potencialidades e os problemas.

Enfim, de qualquer forma, independente do andamento das turmas no semestre, as duas semanas a mais de recesso, fora do meu período de férias, servirão também para reobservar melhor a ordem de conteúdos e a programação do semestre que vem, pensando em outras atividades cotidianas.
Com os dados anteriores, fiquei satisfeito e um tanto surpreso com a avaliação majoritariamente positiva para a utilidade da disciplina, dado que é no eixo gestão e isso sempre aparece como questionamento no semestre. Foi um péssimo, 4 regulares, 7 bons e 31 ótimo (72%). E essa é uma discussão que estamos tendo no âmbito dos campi do interior da universidade, algo que vem redundando em algo como "O que fazer com xs docentes do Tronco Inicial?".

6. Sugestões/reclamações




Como esperado, mais reclamações que em anos anteriores. E eu prefiro comentar isso do que quem afirmou que está tudo bem. Até porque o intuito do formulário é perceber coisas que só quem é estudante das minhas disciplinas sabe/sente e que não necessariamente eu percebo, pois ocupo um outro lugar social ao longo do semestre.

Confesso que gostei do primeiro comentário. A questão de serem estudantes que estão ingressando na universidade, vindo com vários vícios e algumas deficiências da formação básica, é uma preocupação recorrente, ainda mais que são disciplinas de 6 horas semanais, uma alta carga horária. Mas a relação professor-discente é uma via de mão dupla, fazer com que isso ocorra vem sendo o meu grande desafio.

É tentado dar clareza ao assunto, claro, e trazer exemplos - séries, filmes, vídeos esquetes (Porta dos Fundos), questões do cotidiano -, tentando renovar a cada semestre, mas é fundamental que quando eu pergunto se estão entendendo, caso não, alguém fale. Esse foi um semestre de silêncio quando eu questionava sobre isso. O mesmo vale para o comentário sobre lógica. Realmente é algo mais complexo que as outras duas partes, mas tentamos trazer mais elementos e renovar sempre, só que o retorno sobre é fundamental para eu saber se está ou não funcionando.

Sobre o objetivo da aula, realmente não faço tanto isso, mas aceito a sugestão e irei fazer isso a cada início de tópico do assunto, começando pelo início do semestre, vide a discussão sobre a importância dessas disciplinas do primeiro período.

O ponto mais complicado é o de quem me achou arrogante e que me definiu como bipolar. A questão da arrogância e de outros problemas creio que podem ter aparecido, e isso vai depender do momento. Ninguém é perfeito e tomarei mais cuidado até no cotidiano, para além da sala de aula por ser um defeito que alguém me aponta. Sobre ser bipolar, faço tratamento terapêutico, que nunca neguei a ninguém, desde julho do ano passado e não fui identificado como bipolar por alguém que é graduada e especialista na área. Tenho certeza que ela o faria e me indicaria um psiquiatra caso isso ocorresse. Essa é uma área que me preocupo por questão de "herança" familiar. Na verdade, como apontei acima, a minha mudança de humor é em processo e tem motivos, mais ligada à Síndrome de Burnout/esgotamento que, dentre outras coisas, tem como estágios a necessidade de reconhecimento, o não saber dizer não às atividades de trabalho , o estresse, a depressão e a vontade de se isolar das pessoas. Algo que, inclusive, estou estudando agora num projeto de extensão que retrata especialmente o trabalho docente. Agora, não confundir isso com respostas à reação negativa a uma atividade em sala de aula. Independente de eu me sentir bem ou não, se a turma faz algo errado é meu dever apontar o erro e reclamar caso tenha sido por desleixo.

"A leitura" e "Conteúdos em Vídeo". Não sei se eu tenho que melhorar a minha leitura, incluir mais textos ou trocar os que passo. De qualquer jeito verei tudo isso. Imagino que "conteúdos em vídeo" seja acrescentar, ainda que possa ser trocar ou mudar. Algo que também verei novamente.

"Mais empenho!" é curioso especialmente quando nem sempre a recíproca tenha sido verdadeira. Uso como exemplo o artigo sobre as TDICs para as empresas que poucas pessoas nas duas turmas leram. Fora que, como expliquei, docente efetivo de UF não é só sala de aula e, apesar dos problemas, o empenho vem sendo até maior do que deveria para tudo. Estar desmotivado num dia ou outro é outra coisa totalmente diferente.

Os textos são atualizados, mas precisamos seguir a ementa definida nos Projetos Pedagógicos da melhor maneira possível, inclusive é isso o que o MEC cobra nas avaliações dos cursos. Então referências como Copi, Vanoye e Castells são obrigatórias a partir disso. De resto, faço as atualizações possíveis, vide que troquei o texto que seria para leitura na parte de Informática, o da Márcia Tiburi (que foi para o EAD) é do ano passado e os dos seminários sempre são atualizados, com alguns saindo e outros aparecendo a cada semestre. Mas aceitamos sugestões.

Usar o quadro a mais não sei se é algo que possa melhorar ou não, uso em alguns momentos apesar dos slides, mas observarei essa sugestão especialmente para os casos dos textos para leitura e dos filmes vistos. Este semestre isso ocorreu em menor quantidade devido ao que já expliquei anteriormente. E "explorar os alunos" depende também do outro lado. Tem aula que eu acho que todo mundo vai gostar e a reação é contrária, enquanto outras se dá o inverso. Há momentos que as turmas reagem diferente ao mesmo conteúdo também. É algo que varia de acordo com dia, assunto e o "humor coletivo".

Por fim, alguns pontos que já expliquei a partir das figuras acima, mais o explicar melhor os trabalhos. A explicação é feita e até mais de uma vez e com pergunta se tem dúvida. Vejo que uma coisa que devo mudar é o retorno sobre os trabalhos, que faço mais de forma coletiva e algumas pessoas não conseguem/querem entender. Talvez tentar arranjar um tempo para algo mais individual nos casos que eu perceber serem mais "complicados". Mas, de qualquer forma, volto a dizer que depende da outra parte, de como está acostumada, inclusive, a isso. Confundir os métodos dos dois professores (e eram só dois!) no semestre não ajuda também e para isso o cuidado não deveria ser meu.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

"O Anderson resolve"



Era para ser uma postagem irritada no Facebook. Desde a semana passada que estou ainda mais irritado com as pessoas. Voltei mal do México, tive febre mesmo longe da altitude, na cidade em que trabalho, e "apareceu" um problema que não seria para eu resolver, tanto por não ser da minha alçada (cargo) quanto por eu ter avisado que estava mal e que nem passaria em outro lugar que não fosse casa e sala de aula. Fora cobrança de aluno que eu nem sabia que tinha que fazer. Fiz um post irritado na quinta, horas depois fui ao hospital após assustar a minha terapeuta por estar visivelmente mal.

O que mais ouvi foi que eu deveria mandar todo mundo pastar e largar tudo, ganhei exemplos do quanto o trabalho em excesso pode prejudicar a saúde e o quanto sair de algum melhora. Venho tentando dizer não a coisas de trabalho ou dizer que não dá para eu fazer algo sozinho desde o ano passado. Consegui diminuir as coisas que poderia fazer, mas ainda seguem muitas e ser coordenador de uma unidade na periferia da periferia exige muito.

Para ficar em alguns exemplos desta semana. Ameaça na semana passada e corte de água das coisas que funcionam boa parte do serviço técnico da universidade por atraso de pagamento; contratação de professor que não sai, dois desistiram e no meio disso o processo ficou estacionado em mesas por mais de um mês, foram 5 turmas perdidas no semestre; fora as outras duas turmas novamente perdidas por um vem não vem de outro professor que teve o direito de escolher quando começaria a trabalhar, e ainda assim não entregou os documentos devidos; não se pode ter carro à noite, então tive que pagar mais que o que pago de ida e volta para trabalhar para ir uma reunião de apresentação de um projeto de extensão numa escola.

A reunião do conselho do Campus foi de lamento pela falta de planejamento do mesmo, que não tem sala de professores, muito menos espaço para grupos de pesquisa e até para cursos de pós-graduação de qualquer nível, ainda que sejamos cobrados para isso - e aqui em Santana, há 6 anos instalados, nem prédio ficou pronto ainda, daí o problema com as contas. Entrei numa discussão que alguém contra-argumentou que não dava para esperar a estrutura ficar pronta, mas falta o mínimo de planejamento e organização para as coisas caminharem.

A universidade vive especialmente para a sala de aula e um processo para que professor possa ir à sala para por mais de um mês? E só anda porque ficamos procurando a cada semana, cobrando a diferentes pessoas a cada semana?

Um prédio é projetado para atender os requisitos do presente, sem pensar em qualquer crescimento no futuro, ainda que sejamos exigidos constantemente pela universidade, MEC, agências de fomento para crescermos? 1 ou 2 anos sem prédio próprio é vá lá aceitável para garantir que algo ande, a presença da universidade no interior é importantíssima, mas 7 anos nessa de torcer para prefeitura pagar conta de uma instituição federal, que a dona da escola ainda queira nos alugar o espaço por mais alguns meses - com ela detendo o único espaço que nos cabe na cidade?

Não sei se a minha paciência já se esgotou - acrescido isso a outros problemas pessoais que só pioraram da metade do ano para cá. Mas é muito difícil cumprir com as exigências de ensino, pesquisa, extensão e gestão desta forma. Eu poderia muito bem não estar na gestão, pois tenho pontuação de pesquisa mais que suficiente para passar no probatório e provavelmente para a progressão (possível), faço pela responsabilidade do dever de um docente DE numa universidade federal, mas que é muito cansativo é.

Para piorar, fiquei com a fama de resolver tudo. Um colega fala isso sério comigo há semanas. "O Anderson sabe todas as resoluções". "O Anderson resolve tudo". Até estudantes que orientando na extensão já me comentaram isso. Pior ainda que é reflexo da prática. Já teve caso de eu estar afastado e uma gestora da universidade dizer que só podiam fazer determinada coisa se o coordenador acadêmico pedisse. E me esperaram voltar doente de um afastamento para evento noutro país para fazer o pedido - que me fez vir ao escritório na terça, mesmo estando um zumbi e tendo febre no dia anterior.

Nos grupos de pesquisa, mesmo jeito. Fulano ficou de fazer algo, não fez, "Anderson, você pode fazer?". Venho até sendo repetitivo com o "não tenho tempo", "não posso fazer tudo sozinho", mas está difícil. A parada não anda. Na real, ser responsável é a pior coisa que existe - já virei coordenador de núcleo de estudos na época da graduação sob essa justificativa, mesmo tendo pessoas com bem mais experiência acadêmica que eu.

Tem um monte de outras coisas, mas vocês conseguem entender agora o meu "deixem-me em paz" da quinta-feira?

Por sorte, a reunião com xs professorxs da escola municipal do povoado foi acima da minha expectativa - rolou até sopa, bolo e chá -, e isso até me deu um fôlego para seguir adiante. No final das contas é para projetos desse tipo que eu sempre quis ser professor de universidade federal, poder desenvolvê-lo em Alagoas traz ainda mais importância, como foi comentado hoje.

O problema é que sou um só. Um só que não tem tempo de ir ao médico, para além da terapia e do dentista. Um que já teve duas infecções (uma estomacal e outra respiratória, esta noutro país) e um problema na cervical num acidente no início do ano, que segue sensível. Só vou à emergência. Não resolvo tudo. Não trago x amadx em três dias, porque nos últimos anos não está dando tempo nem de arranjar alguém para gostar minimamente; as "amadas" que surgem caem fora em semanas, então não resolvo nem minha vida, que está indo ladeira abaixo. Nunca me senti tão solitário.

Disse no primeiro dia de UFAL que voltar como professor era um misto de orgulho e responsabilidade, nunca fui tão certeiro numa frase. Confesso que neste segundo semestre já deu vontade de jogar tudo para o alto, mas já é difícil não pegar as coisas que dá vontade de jogar depois, nesse nível é impossível. Só sei que para esse super que "resolve tudo" está sobrando kriptonita.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

[LIC] Uso e apropriação de mídias sociais 2


A atividade a seguir visa repor as aulas dos dias 03 e 04/10. O exercício se junta à atividade anterior no Moodle e que será comentada e continuada na reta final do semestre da disciplina Lógica, Informática e Comunicação, que terminará com apresentações de Seminários em grupo sobre uso e apropriação de sites de redes sociais. A seguir, um vídeo e um texto sobre o assunto. Após vê-los, comentem no espaço devido, sem copiar e colar algo da internet, nem tampouco copiar o comentário dx colega.




Leia o texto que está nos arquivos do grupo da turma no Facebook (TIBURI, Marcia. Como conversar com um fascista. São Paulo: Record, 2015).

A partir do filme e do arquivo, escolha o trecho que mais te chamou atenção no texto da Marcia Tiburi (copiando e colando, entre aspas e com citação correta) e faça um comentário relacionando com os casos do filme e também do que estamos discutimos em sala de aula.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A barba


Eu e uma colega esperando o ônibus na rodoviária de Santana do Ipanema e chega uma senhora de óculos e com boné:

- Boa tarde.

- Boa tarde.

Em pé, de frente à colega que estava sentada na fileira seguinte de cadeiras, paro de falar sobre os problemas que deveria tratar na terapia, se não tivesse reuniões de trabalho.

- O senhor é padre?

- Não.

- E essa barba?

Eu abro um sorriso e olho pra a colega professora na frente, que faz um jeito de espantada.

- As mulheres não gostam de barba. Quer dizer algumas gostam... Mas o senhor deveria tirar a barba.

- Algumas gostam, felizmente. Quem importa para mim, normalmente, gosta.

- Não tem problema nenhum, moço. O que eu lá tenho a ver com a vida de outra pessoa. O padre [cita o nome dele] daqui da Igreja Nossa Senhora Santana aqui usa barba... Só é menor que a sua. Vocês sabem qual é a igreja?

Eu paro sem saber e minha colega responde:

- Essa é a Matriz.

- Isso, é a Matriz. Vocês vão para Palmeira dos Índios?

- Não, Maceió - responde a professora.

- Eu vou a Palmeira.

- O ônibus passa por lá e deve chegar daqui a pouco.

- Vocês são namorados?

- Não.

- Bem, vou aqui, fazer umas coisas e depois eu volto, de repente encontro vocês ainda. Boa tarde.

Olho para a colega e assim que vejo que a senhora saiu da rodoviária, comento:

- Eu atraio pessoas assim.

- Eu também.

- Acumulou dos dois, então, e veio essa.

E seguimos para uma breve conversa sobre pessoas próximas que não gostam de homens de barba, a ponto de afirmarem que caso o homem se case ele tem que tirar a barba, como se fosse algo impossível num casamento...

domingo, 4 de setembro de 2016

[LIC] Uso e apropriação das mídias sociais

A atividade a seguir visa repor as aulas do dia 05/09 (segunda-feira). O exercício servirá como início da parte de Informática da disciplina Lógica, Informática e Comunicação, que terminará no final do semestre com apresentações de Seminários em grupo sobre uso e apropriação de sites de redes sociais. A seguir, dois vídeos sobre o assunto. Após vê-los, comentem no espaço devido, sem copiar e colar algo da internet, nem tampouco copiar o comentário dx colega.



Reportagem de uma série do CQC (Band) sobre os riscos de exposição nas mídias sociais. Foi exibido no dia 02 de novembro de 2015.

Acesse o link a seguir: https://youtu.be/dEILm59x9wo e assista a reportagem do Profissão Repórter do dia 29 de setembro do ano passado sobre crimes cometidos pela internet no Brasil.

Problemas com uso da internet

A partir dos dois vídeos, comente sobre os problemas que o uso dos sites de redes sociais poderão causar, caso conheça, cite exemplos da região (não precisando informar nomes). Por favor, não copiem e colem da internet ou dx colega que comentou antes caso o comentário fique visível.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

2 anos de UFAL

Estava pensando nesses dias que se tem dia de servidor público e dia de professor, creio que o 19 de agosto represente tudo isso numa coisa só e mais um pouco, o que relatei naquela data inesquecível de 2 anos atrás. Passou rápido, nem parecem dois anos já, e olha que nem é por falta de trabalho, talvez seja porque são tantas atividades, semestre por semestre, problema por problema, que os dias  e as turmas vão passando e nem sempre dá para perceber.

Este segundo ano me trouxe uma lição importante, que é a de exigir um pouco menos de mim mesmo, porque reflexos do meu "levar tudo a sério demais" batem diretamente no corpo. Venho tendo alguns recados disso, seja da cabeça ou do sistema digestivo, o último justamente esta semana, que me fez ter de ir à emergência e faltar sem afastamento inferior a 30 dias pela primeira vez em 730 dias.

Além disso, mostrou-me que por mais que se tente ter um relacionamento com os estudantes que se dê de forma horizontalizada, buscando os critérios de avaliação os mais justos possíveis, ainda terá quem vai discordar. Isso é normal e até natural numa cultura em que mostrar em números que se é melhor é preferível a ser melhor na prática. Saber lidar com viradas de rostos e até discussões mais ásperas quanto a isso também foi necessário. Lamento muito ainda, mas tem coisas que independem do que posso pensar como modelo ideal de educação.

Vem sendo desde abril um período de outra experiência nova, ocupando o cargo de gestor, enquanto coordenador acadêmico de Santana. Até às férias foram dois meses em que quadrupliquei meu trabalho, muito também pela dificuldade coletiva de dividir as tarefas, e a minha mania de fazer quando ninguém quer, que vem diminuindo muito aos poucos e sob algumas broncas da terapeuta. Ser gestor é pegar um trabalho que, definitivamente, não temos formação alguma para isso. É ver problemas se multiplicarem antes dos anteriores serem resolvidos. É perceber que para certas coisas, os caminhos burocráticos da instituição pública seguem uma lógica própria, mas caberá explicar na base isso por milhares de vezes e poucos entenderão.

As pesquisas estão bem, ainda que seja um 2016 em particular em que o cérebro ligou uma versão lenta de funcionamento para recuperar-se do turbilhão do ano passado. Não consigo produzir como antes e optei não forçar tanto algo que até hoje não sei como deu conta de tudo ano passado. Porém, consegui manter o básico e os contatos para seguir evoluindo, inclusive em termos coletivos, seja aqui em Alagoas ou em Sergipe.

Por fim, o futuro nunca foi tão incerto. Vão mexer tudo no tronco inicial, ou não vão mexer, ou vão mexer um pouco. Outro processo de grande desgaste, com questões desnecessárias, em que o individual diversas vezes é posto à frente do coletivo e não adianta buscar consenso em situações assim. Não sei se sigo em Santana por alguns meses, alguns anos, o resto da vida profissional. Que venham mais anos de UFAL então.

sábado, 23 de julho de 2016

LIC - Intencionalidade da mídia


A atividade a seguir visa repor as aulas do dia 25/7 (segunda-feira), apenas para a turma da tarde (1º período de Ciências Contábeis). Será incluído material auxiliar para as atividades avaliativas de 1 e 2/8, referente à Lógica, um exemplo de verificação de falácias num julgamento. Além disso, iniciaremos o trecho de comunicação, com um vídeo que trata do histórico do principal grupo comunicacional brasileiro.

Conteúdos:

1- Leitura auxiliar de trecho de "Aprendendo Lógica" (KELLER e BASTOS, 2011);

2- Assistir ao documentário Muito Além do Cidadão Kane (CHANNEL 4, 1993) e tecer um argumento sobre ele ou algo que ele tratou, tendo como base a intencionalidade midiática, tema que voltaremos a ver ao longo de agosto.


1. Casos de falácias

(Leitura de arquivo postado no grupo do Facebook).


2. Intencionalidade da mídia



Muito Além do Cidadão Kane é um documentário da emissora britânica Channel 4, produzido em 1993, mas que nunca passou no Brasil. Seus direitos de exibição foram adquiridos pela Rede Record, porém está judicialmente proibido de ser mostrado graças a decisões judiciais. O documentário mostra as relações entre a mídia e o poder do Brasil.

3. Argumento sobre vídeo

Criem um argumento, de preferência dedutivo, sobre o documentário "Muito Além do Cidadão Kane" (sobre ele ou algo que ele tratou), tendo como base as relações de poder dos grupos empresariais de mídia (manipulação, benefícios, intencionalidade da informação, etc.).

PS: Sem limite de linhas mínimo ou máximo. Data-limite de comentário: até início da aula do dia 1/8. A atividade está replicada no Ambiente Virtual de Aprendizagem da UFAL (http://ava.ead.ufal.br). Basta comentar num dos dois.

domingo, 17 de julho de 2016

Não quero ser um "Jonas"

Eu comentei antes da reunião do Leia Mulheres Maceió começar ontem que, dentre tantas coisas boas, a discussão de um livro num clube de leituras acaba trazendo outras visões a partir de determinada obra que podem ter passado despercebidas. Acabou sendo o caso de ontem, ao comentarmos "Maria Flor etc.", da alagoana Arriete Vilela.

Dos contos do livro, três eu tinha registrado na memória como marcantes: "A filhinha", "À Procura de uma mãe" (cuja personagem Maria Flor dá o título à obra) e "Saia Rodada". Cada qual por um motivo, num livro que para mim seguiu uma trajetória pesada ao trazer cenas quase sempre fictícias - à exceção do conto "O envelope" -, mas de um cotidiano que reflete vários de nossos problemas sociais, ainda mais alagoanos.

Porém, um dos comentários acabou dando luz a outro conto, a situações que eu passei durante a semana, dias depois de ler o livro. Em "Jonas", Arriete conta a história de um homem que chega aos 70 anos sem ter feito nada que pretendia. Seguiu o caminho mais fácil que te indicaram, o caminho que nunca gostou, mas que deixou-se levar. Talvez a única decisão realmente sua tenha sido a derradeira.

Dias antes alguém falou para mim: "Você leva tudo a sério, esse é o problema". Eu estava/estou há semanas com dores de cabeça; dormindo menos que deveria, mas de forma natural; e cada vez mais irritado com as coisas e problemas do dia a dia do trabalho, que deixam a cabeça a ponto de explodir. Foi a volta da sensação de que nada adianta trabalhar tanto, dedicar-me tanto. Sempre haverá algo pendente para alguém reclamar ou para eu ficar frustrado, em qualquer área.

Venho num processo desde julho do ano passado de aprender a me respeitar, independente de quem seja meu ou minha interlocutorx, e respeitar os limites da minha mente. Surpreendi-me ao ter percebido que não é possível seguir em 200% para nada, já que o corpo não aguenta. Com raros momentos de exceção - caso do futebol, em que saio do 80 racional para ir ao 8 não racional rapidamente -, não consigo viver, pois não chego ao meio termo entre o 8 ou 80.

Sofri para fazer um artigo, cuja ideia vinha de meses. Algo que faz parte do meu trabalho, que eu gosto, mas que a mente, que sobreviveu a um ano muito complicado como foi o do ano passado, mesmo com todos os alertas ligados de ter chegado ao limite, não liberou espaço para isso em 2016.

Em conversa com amigos, numa reunião de pesquisa antes da do Leia Mulheres, ao contar isso, um me disse que eu deveria encarar. Respondi que não, que tenho que respeitar a minha mente. Repetiu isso ao nos despedirmos. Citei que uma pessoa havia me dito que eu levo tudo a sério, o outro amigo perguntou quantos anos esta pessoa me conhecia e a deu razão, com mais anos de certo convívio comigo - ainda que nunca tenha me dito isso antes.

Viver foi o compromisso que eu assumi comigo mesmo após a devastação da mente que me ocorreu ano passado. É algo muito difícil, pois são 28 anos e 3 meses mais empurrando a vida do jeito que dá do que a vivendo. Mas as conversas desta semana me relembraram o porquê de eu não querer mais ser um "Jonas".

terça-feira, 5 de julho de 2016

Um mês para ser lembrado

6h45 da manhã, bem gelado e eu evitando olhar para a saída porque estava nervoso e tímido. Fui para a esteira das malas e, por culpa da curiosidade, olhe para trás. Lá estava. Na frente, cara de cansada, linda e lá. A mala demorou, mas chegou. Saí empurrando a mala e, quando me viu, ela deu um sorriso que sei que só ela dá, tímido, e que sempre gostei. Três anos cujos últimos seis meses haviam sido ainda com mais vontade do reencontro. Três anos que não caberiam naquele abraço, atrapalhado pela mochila nas minhas costas e por tanta roupa para aquecer. Conversa sem jeito até a saída e a dúvida entre pegar ou não o ônibus. E eu resolvi pedir algo que desejava há 4 anos. Ela quis, mas ficou quieta depois, meio tímida. Fomos à casa de um amigo. Sozinhos, abraçou-se com o urso panda de pelúcia e ali ficou um tempo. Dali em diante, foi tudo ainda melhor que o imaginado. Aqueles 9 dias iniciais, completados por outros 3 dias, momentos depois. Com vontades de me socar, com irritações, com insegurança, mas com muita vontade de estar junto e sensação de bem estar. Um mês para ser lembrado.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Felicidade Clandestina

Primeiro entrou a mãe no ônibus, segurando um bebê que preferia ficar em pé, ainda que no colo. Depois, a tia e, por último, ela. Menos de 3 anos, olhos puxadinhos, cabelos negros como uma índia. Eu lia "Felicidade Clandestina", de Clarice Lispector, no banco mais para trás e do lado.

Agoniada, também não queria ficar sentada. Nada de colo da tia. Nada de ficar sentada entre a mãe e a tia. Queria ficar de pé. Até ver que eu estava lendo. Aproximou-se uma vez. "Deixa o moço, ele está lendo". Aproximou-se uma segunda, mesma negativa. Até que a tia deixou.

Subiu de frente ao banco, escalando-o até conseguir chegar nele, com as pernas balançando. Olhou para mim, olhou para o livro. Ficou de joelhos e ficou mais perto. "Deixa o moço ler o livro dele". Não adiantava.

Parei de ler. Encantou-se com o marca-página laranja, que tinha algumas coisas saindo da cabeça de uma menina, entre balões, pássaros e outras coisas. "Devolve o marca-página do moço". Devolveu.

Voltou a me olhar lendo o livro. Parei de ler de novo e mostrei o livro a ela. Ela o pegou. Passei o dedo dela na capa, cujas letras foram impressas diferentes. Ela virou o livro e ficou tocando a foto de Clarice, as letras na contra-capa. "Devolve o livro para o moço, você nem sabe ler ainda, não tem nem 3 anos". Ela devolveu.

Mas pegava de volta. Folheou para um lado, folheou para o outro. Eu atento para não desmarcar a página que estava lendo, até ela aprender que podia mexer no livro, mas sempre deixando o marca-página no lugar certo. Virou o livro de lado, folheou de novo. Eu só pensava na curiosidade dela em relação ao que tanto me prendia a atenção e que ela não fazia ideia.

Na capa, a menina voando em cima segurando um livro, ela mostrou à tia. "Devolve o livro para o moço guardar". Devolveu. Brinquei em fazer subir e descer o marca-página atrás do livro e ela feliz da vida com isso. "Venha pra cá". Balançava a cabeça que não.

Guardei o marca-página e ela voltou a se levantar, buscando outras cadeiras, ao lado e à frente da família. Quer melhor "felicidade clandestina"?

domingo, 29 de maio de 2016

Avaliação da prática docente 2015.2

Ao final das atividades de aula, como no semestre passado, pedi para que xs estudantes me avaliassem, a partir dos critérios que elaborei para o formulário de 2015.1, acrescentando a avaliação do monitor, que não exporei aqui. Obtive 34 respostas, num conjunto de 63 estudantes, porcentagem um pouco maior que no semestre anterior (53%).

Metodologia de pesquisa/Prelúdio
Este semestre foi muito mais tranquilo que os anteriores. Primeiro que desde o de 2014.1 que um período letivo não tinha qualquer interrupção. Foram: paralisação estudantil, recesso de final de ano e greve docente. Como cheguei a comentar em sala, especialmente na parte de Informática, em algumas semanas eu tinha que conferir se não tinha dado o assunto na anterior, pois ainda estava muito presente na memória.

As duas turmas também ajudaram, participando mais das aulas e sendo mais responsáveis com os trabalhos apresentados, o que até justifica uma relação boa deste período. Em parte, elxs puderam ter um pouco mais de concentração também por conta da falta de uma das disciplinas, tornando o período mais leve de leituras.

Além disso, do ponto de vista pessoal, estou evoluindo, graças à terapia e algumas ajudas em especial. Aprender a lidar com o meu excesso de cobrança, pessimismo, baixa autoestima e vontade de pegar tudo de trabalho não vem sendo fácil e, de vez em quanto, a minha cabeça tem que mandar mensagem de erro para parar, descansar e/ou me divertir.

Foram bem menos momentos sem vontade de sair da cama - ainda que o cansaço físico e mental tenha me exigido alguns minutos a mais na cama. Quase nenhuma vontade de abandonar tudo, do nada, e maior tranquilidade para começar a tentar a viver.

Claro que no meio disso tudo vieram outros problemas. O acidente de janeiro que me livrei sem graves problemas na coluna por sorte foi o que mais me baqueou, física e psicologicamente. Ainda hoje a coluna e a cervical, em particular, estão muito sensíveis. O período que se seguiu era de aprontar coisas para seleção do doutorado e, também por sorte, não havia aulas na semana seguinte ao acidente. Então, fui por um dia, mas não precisei repor aulas posteriormente. E a semana depois foi do Carnaval, quando pude relaxar um pouquinho - apesar das coisas em casa para me virar e fazer -, mas com uma cabeça mais suscetível a pensamentos ruins, ainda que de certa forma com razão.

De lá para cá, segui adiante e coloquei na mente que era isso que tinha de fazer. Encontros, desencontros e instabilidades alheias seguem, mas talvez eu esteja aprendendo a lidar melhor até com isso.

Como apontei no semestre passado, não seria justificativa para aulas ruins, mas é bem melhor trabalhar estando bem - ainda mais com as coisas a resolver da coordenação acadêmica, a partir de abril.

LIC
Este semestre só lecionei Lógica, Informática e Comunicação (LIC). Como nas demais disciplinas do tronco inicial, são 6 horas de aula semanais, quatro num dia e duas no outro, o que abre mais espaço para recursos multimídia e um pouco mais de tempo para algum debate a ser preparado.

Não haviam "respostas obrigatórias" para fechar o questionário, então haverá perguntas com mais ou menos respostas que outras, de 1 (péssimo) a 5 (ótimo), menos no de monitoria, que incluí o 1 para "não procurei o monitor"; e a última pergunta, aberta. Vamos aos dados...

- Figura 1: Prática Docente e Ação didática

Incluí na Prática Docente o "(Avaliação geral)", para tentar explicitar melhor, apesar que talvez eu tenha que jogar esta pergunta ao final. Resultados semelhantes para "Prática Docente" e "Ação Didática", a primeira com duas pessoas escolhendo "ótimo" a mais. Quanto ao segundo ponto, ainda há coisas a aprimorar ou substituir, normal, já que o processo é contínuo. Cheguei a substituir um momento de participação por comentário em mídia social; em compensação, não houve atividade puramente digital, como nos semestres anteriores, em que usei este blog. O parco tempo entre semestres acaba prejudicando uma melhor preparação das atividades dele, mas costumo olhar os conteúdos antes de cada semana, tentando mudar vídeos e imagens, quando isso é possível.

- Figura 2: Construção do conhecimento e relação professor-discente

"Construção do conhecimento" tem os mesmos resultados do tópico anterior, mas repito que a disciplina "Frankstein" acaba prejudicando uma melhor relação entre os conteúdos, ainda que neste semestre tenha conseguido até o fim resgatar os conteúdos anteriores de Lógica e Comunicação na parte de Informática com maior tranquilidade. Modifiquei ordens de conteúdos nas três partes também, seguindo uma ordem melhor. Curiosamente, vejo que ainda preciso melhorar no tópico de Comunicação.

Quando à "Relação professor-discente", creio que foi tranquila, tanto em sala de aula quanto através de mensagens ou e-mails. Ajuda também o fato de eu estar melhor comigo mesmo, tendo maior tranquilidade.

- Figura 3: Métodos de avaliação
"Métodos de avaliação" teve uma avaliação até bem positiva, normalmente é o ponto problemático. A AB1 seguiu o modelo dos semestres anteriores, com parte em grupo (debate) e parte individual; já na AB2, distribui mais a nota em diversas atividades, passando o trabalho de Comunicação para a segunda parte da disciplina, por isso, inclusive, que houve uma atividade que não estava prevista inicialmente. Mantive a pontuação por participação em sala de aula, incluindo aí comentários nas mídias sociais de um caso em específico; mas tirei uma das atividades de informática, que acabou ficando quase que centralizada nas apresentações do seminário.

- Figura 4: Avaliação de conteúdos de Lógica e Comunicação
Aqui, os resultados de "bom" e "ótimo" se aproximam, com um ruim em cada. Incluo o "lembra" na pergunta até pela divisão clara das três partes. Já tinha aparecido no período passado e houve comentário em aula este semestre, que Comunicação tem algumas partes mais amarradas. Os gráficos não mostram isso, mas creio que me preocupo em explicar mais detalhadamente Lógica, mais complicada, e deixo a Comunicação um pouco menos, por ser minha área de segurança. Além disso, optei por adiantar uma semana para deixar a penúltima livre para que se organizassem para o seminários, juntando os conteúdos de Comunicação para três semanas (seriam 4 de aula). Preciso melhorar essa divisão e pensar melhor nesse conjunto de aulas de uma vez, pois é cansativo para mim e para o fluxo do trecho.

- Figura 5: Avaliação de conteúdo de Informática e conteúdo da disciplina
A avaliação de Informática segue os parâmetros anteriores, com algumas outras atualizações sendo necessárias. Acabei deixando só os textos dos seminários para apresentação, além de outro de filósofa sobre as mídias sociais, flexibilizando o conteúdo. Percebi, especialmente em alguns trabalhos, que uma escolha melhor de texto-base desta parte é necessária.

Quanto à construção da formação, pesa o fato de ser algo diferente para os cursos (Contabilidade e Economia), em que até tentamos puxar algo para a área de gestão, mas realmente não é o perfil das disciplinas de 1º período, por enquanto, mais gerais. A ideia é estimular o pensar ao redor, problematizar o que conforma a sociedade. Esperamos que ao final do curso, mantenham tal avaliação sobre a utilidade da disciplina, e não pensem que foi tempo "perdido".

- Figura 6: O que devo mudar na minha prática pedagógica?

 
 
 
 
 
Ficar encostado no quadro, colocar as mãos para trás ou no bolso, etc. O meu jeito tímido/reservado aparece de vez em quando, acho até que neste semestre tenha voltado com um pouquinho mais de força. Além disso, por conta do problema nas costas, foi necessário sentar em alguns momentos de aulas ou ao menos encostar em algo.

O controle de sala de aula é um exercício diário de paciência. Até para me poupar, opto por diminuir a voz ou parar, até que percebam o incômodo. Gritar só numa condição extrema. O maior ou menor barulho em sala depende muito do dia da turma. Há momentos que todo mundo está empolgado e outros que têm dois ou três cochilando.

Algo que acontece com maior frequência é a fuga para outros assuntos. Eu tento ter esse cuidado, porque eu mesmo posso levar a isso; mas em outros acaba sendo por característica da turma e sou eu que tenho que puxar de volta ao assunto. Para mim, é complicado não deixar alguém falar, após certo debate, especialmente se há posicionamento contrário, então tendo a permitir a fala e depois puxar de volta ao assunto. Nem sempre é tão rápido, realmente.

Das atividades, deixei que quem não viesse as entregasse depois. Fui mais rígido quanto às previamente marcadas, modificando o tema do trabalho a ser entregue por considerar que seria mais tempo para escrever e mais opções de consulta que presencialmente na sala de aula, evitando maiores injustiças. Sobre mediar as avaliações entre comentários e textos, tento a cada semestre fazer isso, pois há quem tenha maior facilidade num tipo que no outro, não à toa que a participação em sala gera pontuação extra, a não ser em casos específicos, como debate e seminário.

A frequente crítica sobre futebol rs. É o que gosto, meu cano de escape, e, além de tudo, tenho a desculpa de estudá-lo, é o meu principal objeto de estudo, então fica mais fácil de trazer exemplos dele. Acho que falo até muito pouco do Palmeiras dado o meu amor por ele. Só não posso me controlar antes da aula e nos intervalos, ainda mais num semestre em que o debate Palmeiras X Corinthians foi mais presente rs.