sexta-feira, 23 de maio de 2014

[Copa] E se em 1950... Parte 1

Já falei várias vezes que se tivesse uma chance de voltar no tempo e a um lugar em específico seria ao Maracanã na tarde do dia 16 de julho de 1950. Li alguns livros, vi curtas e quando aparece algo sobre o a Copa do Mundo FIFA Brasil 1950 tento acompanhar. Do mesmo jeito que há 4 anos, é bem provável que a série "E se..." pare neste mundial. Ao menos, aos leitores deste blog posso oferecer um pouco mais que nos causos anteriores, com este "E se em 1950..." sendo em três partes.

As atividades do dia a dia acabaram por fazer com que a série “E se...” não consiga ser encerrada antes da 19ª 20ª edição da Copa do Mundo de futebol masculino. Além disso, o torneio realizado no Brasil, em 1950, como já coloquei algumas vezes, acabou por me chamar a atenção bem mais que qualquer outro até aqui, daí que tenha ganho um espaço bem maior dentro dos nossos textos sobre os Mundiais. Mesmo com tanto “apego” ao excepcional mito que virou o torneio para os brasileiros, não fugiremos de fazer o “E se...” sobre o torneio realizado no Brasil. 

1950 era ano de eleições neste país e nada melhor que um título mundial para que os políticos se aproveitassem das imagens dos heróis campeões mundiais para conquistar os cargos. Para se ter uma ideia, o nome oficial do Maracanã era Estádio Mendes de Morais, governador da ainda capital federal – o que não o impediu de levar uma imensa vaia antes da final, afinal, como diria Nelson Rodrigues, torcedor brasileiro vaia até minuto de silêncio.

Para variar, as obras dos estádios demoraram a ficar prontas, imagina então para algo tão monumental como deveria ser o estádio que tinha o rio Maracanã bem próximo. Segundo arquivos de revistas da época, dois anos antes da realização da Copa do Mundo havia a grande preocupação do principal palco do torneio ficar pronto. Mas ficou.

34 seleções manifestaram interesse em disputar as eliminatórias para estar aqui no Brasil em 1950, mas os estragos da Segunda Guerra Mundial ainda estavam presentes em algumas nações. Assim, apenas 13 seleções participaram daquela edição – mesmo classificada, a Escócia desistiu. Destaque para os campeões mundiais, Uruguai e Itália, e para a primeira participação da Inglaterra. Os inventores do futebol se achavam superiores à FIFA e não disputaram as edições anteriores.

Após vencerem os chilenos na primeira rodada por 2 a 0, foi justamente em jogo dos ingleses que veio a primeira grande surpresa da história. Graças a um gol de um lavador de pratos haitiano, Gaetjens, os Estados Unidos venceram a Inglaterra por um a zero, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. Também perderiam para os espanhóis pelo mesmo placar e seriam eliminados ainda na primeira fase. A Espanha se classificou no grupo 2 após três vitórias.

Pelo grupo 3, a Suécia se deu melhor no “triangular” contra Itália e Paraguai. Os detentores de 66% dos títulos mundiais disputados estavam fora também na primeira fase ao perderem para os suecos na primeira partida de ambos, por 3 a 2.

Já pelo grupo 4, com a desistência da Escócia, Uruguai e Bolívia fizeram jogo único, onde a Celeste Olímpica foi impiediosa e goleou pro 8 a 0. É, se a Bolívia até a década passada era o saco de pancadas sul-americano, imagina em 1950!


BRASIL

O Brasil estava no grupo 1, acompanhado de México, Suíça e Iugoslávia. O curioso é que foram três escalações diferentes. Os onze titulares da final só jogaram as últimas quatro partidas juntos. Zizinho, o craque de então, só estreou no jogo contra a Iugoslávia.

Desta fase, no primeiro jogo, com público de mais de 80 mil pessoas no Maracanã, o Brasil venceu tranquilamente o México por 4 a 0, após só fazer 1 a 0 no primeiro tempo. O jogador do Vasco Ademir (duas vezes), o palmeirense Jair da Rosa Pinto e o corintiano Baltazar fizeram os gols.

Para o jogo seguinte, em São Paulo, o técnico Flávio Costa foi obrigado a escalar jogadores paulistas para o confronto contra a Suíça como forma de agradar os dirigentes paulistas. Assim, entrou o meio-campo do São Paulo, com Bauer, Rui e Noronha. Única diferença para essa “regra” foi a entrada do vascaíno Alfredo e a saída do palmeirense Jair. Nilton Santos, lateral-esquerdo do Botafogo, fora convocado como reserva do capitão e lateral-direito Augusto e não entraria em nenhuma partida.

Conta-se que na época era muito difícil saber de notícias de outros Estados. Era como se vivêssemos em vários países diferentes, mesmo que o outro estado fosse São Paulo. No jogo, o Brasil apenas empatou por 2 a 2, com gols de Alfredo e Baltazar e dois de Fatton para os suíços, que haviam perdido para a Iugoslávia e venceriam os mexicanos na rodada seguinte.

Para os “estrangeiros” que entraram na base vascaína do time, ficou a raiva carioca de não terem dado certo. Assim, o time a partir da partida seguinte seria formado com os onze que seguiriam até a final, num tempo em que as substituições eram proibidas: Barbosa (Vasco); Augusto (Vasco) e Juvenal (Flamengo); Bauer (São Paulo), Danilo (Vasco) e Bigode (Flamengo); Maneca (Vasco), Zizinho (Bangu), Ademir (Vasco), Jair (Palmeiras) e Chico (Vasco).

O Brasil se classificou à vista de 139 mil pessoas com uma vitória por 2 a 0 sobre a Iugoslávia, gols de Ademir e Zizinho.

O regulamento do campeonato fora um dos mais dados de “presente” para qualquer um, pois permitia até um pequeno tropeço na fase final. Um quadrangular entre Brasil, Uruguai, Espanha e Suécia decidiria a primeira edição de Copa do Mundo após a Segunda Guerra Mundial. Sobre isso falaremos no texto seguinte...

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