“SE aquela bola tivesse
entrado!”. “SE o juiz não tivesse errado!”. “SE o lateral acompanhasse a
jogada!”. Muitas são as reclamações pós-jogo de eventos cruciais numa partida
de futebol que poderiam mudar o resultado de uma partida e, quiçá, de um torneio.
É por isso que dentre os textos
especiais devido à décima nona edição da Copa do Mundo de Futebol, eu criei antes do mundial da África do Sul no falecido blog Por Trás o Gol uma série de textos com o objetivo de fazer o SE entrar na história, com o que poderia ter ocorrido em cada uma das edições da Copa do Mundo caso uma
possibilidade qualquer - de uma jogada, política, de um erro, etc – tivesse se
tornado real.
Cheguei até a Copa de 1950. Na verdade parei, por admiração, na Copa do Mundo FIFA de 1950, e também por conta do excesso de trabalhos. Para voltar a ela, republico os textos já produzidos ao menos uma vez por menos, torcendo para conseguir chegar até junho do ano que vem na Copa do Mundo de 2010.
Ah, friso que os textos da série E Se... não tem nenhuma intenção de se tornar referência histórica, ou seja, não adianta comentar, como fizeram no outro espaço, que eu estava errado. Eu não só sei disso, como afirmo que a intenção é esta. Sejamos criativos, amig@s! Como dizia no primeiro texto, a coluna E se... não chegou para mudar a história do futebol, mas para contar o seu principal evento de uma forma diferente.
Para começar, nada melhor do que uma “carta” escrita por alguém que foi o grande responsável pela existência das Copas do Mundo de Futebol. Já pararam para pensar SE ele não tivesse existido?
Olhar hoje o football como esse fenômeno capaz de movimentar tantas pessoas ao
redor do globo e, consequentemente, tanto dinheiro é assaz prazeroso, assim
como é assustador.
Já foi bastante difícil convencer
aos ingleses que o esporte não era exclusivo deles, apesar de terem criado a
maioria das regras e de o terem mandado para vários países. Não é à toa que o
nome de sua entidade maior é em duas línguas (Federátion Internacional Football Association). Imagina quando me
deu na telha que deveríamos criar um torneio mundial...
A ideia era grandiosa:
transformar o football em um fenômeno
capaz de juntar em quinze dias jogadores de vários lugares do mundo para
descobrir quem joga melhor. Hoje seria fácil, após 80 anos de disputa e com
tantas seleções se enfrentando no desejo de disputar uma competição desse
porte. Mas foi em 1914 que, enquanto presidente da FIFA, resolvi fazer do
esporte algo realmente internacional.
Quantas tentativas frustradas...
Ah, SE o meu desejo não tivesse
vindo num dos primeiros momentos da humanidade. Aquela guerra no continente
europeu acabou com qualquer possibilidade de realização, até mesmo porque nem o
meu país teria condições de pensar em atividade física que não fosse a que
vislumbrasse a defesa ou a conquista de territórios.
E isso me custou longos anos. Não
foi fácil reconstruir os países após a Primeira Guerra. Pelo menos, foi tempo suficiente
para que outras regiões do planeta pudessem aprimorar o seu jeter, a sua maneira de jogar. O Brasil
mesmo, maior vencedor com a pelote nos pés,
ganhou seu primeiro título internacional em 1919.
Mas não tirava da cabeça que
tinha que realizar um torneio mundial de football.
Afinal, logo, logo, as Olimpíadas voltaram a ser realizadas e cada vez mais
pessoas de vários países do mundo participavam, mesmo após longas viagens de
navio.
A ideia continuava. Faltava
alguém que quisesse assumir a responsabilidade, um país-sede. Anos após anos e
nada de ninguém querer arriscar num primeiro evento deste porte para um esporte
específico.
Não sei SE teria conseguido achar
alguém caso o Uruguai não montasse aquele timaço na década de 20! Dois títulos
olímpicos seguidos no continente dos criadores do futebol fizeram com que o
Governo daquele país assumisse a realização de um torneio mundial exclusivo e,
ainda mais, que assumisse os custos sozinhos e dividisse os lucros com os
demais concorrentes.
É claro que SE 1930 não fosse o
ano do centenário da independência do Uruguai – daí o nome de Estádio
Centenário – seria bem mais difícil para que eles aceitassem.
O nome do torneio World Cup é também derivado dos
ingleses. O Cup vem do nome do
primeiro torneio internacional de seleções da história, surgido em 1872,
realizado pelos países que formam a Grã-Bretanha. Assim, o torneio seria uma
ampliação dessa copa britânica.
Pena que nem os ingleses nem a
maioria dos europeus quiseram participar da primeira disputa. SE eles tivessem
tido a coragem de França, Bélgica, Iugoslávia e Romênia seria um evento maior
ainda. E pensar que desistir de uma Copa do Mundo é quase impensável nos dias
de vocês...
A taça era linda! Uma mulher com
asas representando a vitória, que recebera o mesmo nome do evento, que demorou três
meses para ficar pronta (fevereiro a abril de 1930) - esculpida pelo artesão
francês Abel Lefleur, a nossa contribuição para a disputa. Bem mais tempo que o
gasto para o Pickles a achar, já enquanto Jules
Rimet, na Inglaterra e para alguns brasileiros a derreterem depois.
Treze seleções disputaram a
primeira edição das Copas...
Excuse, mas tenho que parar de escrever agora.
Jules Rimet”
SE o francês Jules Rimet não
tivesse sido tão obstinado na tentativa de criar um evento tão grandioso, os
seus sonhos transformados na realidade atual, é provável que não discutiríamos
com tanto afinco a realização de uma partida de futebol, quiçá de um torneio
mundial. Por isso esta pequena homenagem.
Aguarde os próximos textos da série E se... e descubra quem poderia ter sido campeão mundial SE determinada coisa tivesse acontecido de uma maneira diferente. Depois da Copa das Confederações, em julho, traremos a da Copa do Mundo de 1930. Poucos jogos e a coincidência na língua e
nas listras azuis, brancas e no sol das bandeiras sendo menor que os problemas
com qual bola jogar.
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