Sábado à noite, temperatura agradável. Refletores jogando suas luzes em corpos já cansados. Já haviam passado vários minutos.
O time adversário vai inteiro para o ataque. Uma jogada bem trabalhada pode garantir o gol da vitória. Porém, qualquer passe errado pode gerar um contra-ataque fulminante.
Consigo roubar a bola. Olho para frente e vejo a alguns metros um jogador do meu time sozinho para recebê-la. Dou o passe em diagonal, do lado esquerdo da defesa para o meio, na direção do gol.
Este colega de time é jornalista cultural, escreve sobre cinema.
Neste momento, como espectadores de uma grande cena que viria a acontecer, todos param e só observam. Até mesmo porque ninguém aguentaria acompanhar a jogada.
Como Forrest Gump, ele correu, correu e correu. Todos surpresos pelo pique que ele dava. A terra subia, afinal de gramado só existiam algumas míseras gramas, a maior parte era terrão mesmo.
Faltando poucos metros para terminar o campo, todos passaram a acreditar que ele chegaria. Faria o gol que ninguém ali, nem mesmo se tivesse fôlego, faria.
A bola passa na frente dele. É o momento de colocar o pé. Só um mísero toque seria o suficiente para a pelota entrar. Parece que o mundo inteiro pára naqueles milésimos de segundo. O ápice do espetáculo aconteceria. E, no caso do futebol, o momento que vale um Oscar é o gol.
A dois metros de distância do gol, algo mais inusitado ainda acontece.
A bola passa. Ele não consegue tocá-la.
Além disso, devido à velocidade que vinha, o corpo desequilibra e ele cai. Sua cabeça, sem querer, vai à direção da bola que passa raspando a trave, quer dizer, um dos cones que a representavam.
Com certeza seria o gol mais estranho que já vi de perto. Será que a bola ainda assim entraria?
Ela mais uma vez passa perto, segue um caminho entre sua cabeça e o cone. A bola não entrou.
Do que poderia ser o gol mais bonito do dia, e mais surpreendente também, só sobraram os comentários no “intervalo” e um grande arranhão no joelho do colega jornalista.
Agora podemos trocar a película, este filme não teve final feliz.
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