domingo, 23 de novembro de 2008
Fome: ainda um tema proibido?
Fome: um tema proibido – últimos escritos de Josué de Castro
Fome ... - Parte II
(CASTRO, Josué de. Fome: um tema proibido – últimos escritos de Josué de Castro. Anna Maria de Castro (org.). 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, 242 p.).
domingo, 9 de novembro de 2008
Enforca um, elege o outro
O que mais ouvimos é que o dia 04 de novembro de 2008 marcará a história da humanidade. Neste dia, 66% da população “votante” dos Estados Unidos foi às urnas e com ampla vantagem elegeu o primeiro presidente negro da história estadunidense.
Há quase vinte anos atrás os Estados Unidos “alimentavam” com armas o Iraque de Saddam Hussein contra o Irã na Guerra do Golfo. Décadas depois, seu presidente resolve inventar uma estória gigantesca, com muita ficção, para que o mundo inteiro aceitasse ou participasse de uma corrida maluca até garantir seu enforcamento.
Mas, em meio a tanta esperança, em plena “revolução democrática” (Arnaldo Jabor), porque citar algo que só lembra o passado? Ah, você pode pensar: “para demonstrar que, como disse o próprio Obama, ‘a hora da mudança chegou à América’. A era Bush chegou ao fim”.
Engano vosso.
De forma superficial, Barack e Saddam têm, ao menos, uma coisa em comum: ambos possuem o sobrenome Hussein e representam povos segregados na histórica estadunidense, os negros e os árabes. Para um, a resposta foi o enforcamento; para o outro, a aclamação mundial.
Calma, ávidos defensores do democrata, não cairemos no discurso desesperado mccaniano e dizer também que Obama tem ligações com algum terrorista. A questão que os une é a facilidade do pessoal lá de cima, os desenvolvidos Estados Unidos, de armar simples mortais, seja através de armas ou de um poder político e confiança antes inimaginável.
Exageros aos montes aparecem agora. Os míseros onze anos de política de Barack o fizeram chegar ao posto mais importante do mundo. Um negro chegando ao maior posto do mundo, seria a prova de que “a vitória está ao alcance de todos” (Jornal Nacional). Porém, quem faz parte desse todos?
Obama vem de origem familiar pobre, é verdade, mas tem ao seu lado o arsenal de um dos maiores partidos políticos do mundo, um lado da polaridade eleitoral americana, os Democratas, que estão longe de ser um partido que sempre defendeu a igualdade entre os povos.
Mas isso é o partido, não o sujeito, certo?
Então vamos à parte prática: quais são as propostas de Barack Hussein Obama Jr. que possam gerar uma transformação real para a população, nesta incluindo o mundo inteiro, afoito pela sua vitória? Tirar as tropas do Iraque daqui a cinco, seis meses, modifica a vida dos quenianos que tanto vibraram com a sua eleição?
Acho que não. Os estadunidenses não votariam em Obama, em plena grande crise econômica, se ele pensasse em dividir com os demais países as riquezas que tanto tentam demonstrar. Não só os votos dos negros, dos desempregados deram-lhe a diferença de mais que o dobro de delegados em relação ao seu adversário. A elite também o escolheu e nós, brasileiros, sabemos muito bem o quão é importante o apoio dessas elites. Perguntem aos banqueiros do Lula.
Falando no presidente brasileiro, uma relação pertinente. Brito Júnior, no programa de variedades em que trabalha, afirmou que o resultado eleitoral era a realização do sonho de Martin Luther King, da união entre brancos e negros, “a chegada dos negros ao poder”. Quer dizer que o Lula no poder, é o operariado no poder? Aproveitem para perguntar isso também aos banqueiros dele.
Não há dúvidas que Barack Hussein Obama Jr. quebra paradigmas ao ser alguém de cor negra se tornando presidente de uma das nações com imenso apartheid social. Assim como não haverá dúvidas, isso o futuro nos dirá, a quem as suas decisões realmente servirão. Perguntem aos banqueiros, desta vez aos americanos.