sexta-feira, 31 de maio de 2013

Painel temático Estudos críticos, comunicação e esportes - Ulepicc BR 2013

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Já comentei num texto aqui do blog sobre a experiência de mediar uma mesa num evento mais amplos - em que eu não fazia parte da organização. Olhando o site da Ulepicc Brasil encontrei toda a mesa "Estudos críticos, comunicação e esportes", que teve a participação de: Prof. Dr. João Batista de Abreu (UFF), Prof. Dr. Edison Gastaldo (UFRRJ), Prof. Dr. Ricardo Ferreira Freitas (UERJ).

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O problema das TVs com as mídias sociais

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Num mesmo mês, Rede Globo e Rede Record tomaram decisões diferentes quanto à utilização de sites de redes sociais e a preocupação com as novas mídias. Enquanto a primeira explicou o porquê de não difundir conteúdo (links) pelo Facebook, a segunda criou a diretoria geral de novas mídias. No fundo da questão, a dificuldade da centralizada televisão de achar o caminho (e mais receita) noutro meio de comunicação com possibilidade de mais diálogo.

O problema para o desenvolvimento da indústria cultural está na criação de um modelo de negócio que seja satisfatório, que faça valer a pena os gastos na criação e na evolução de novas ferramentas de comunicação, seja na criação de aplicativos e demais novos produtos ou no desenvolvimento dos meios de comunicação já existentes, caso da TV digital e da TV conectada e suas (controversas) possibilidades de interação.

Quem acompanha os sites de redes sociais sabe o quanto o diálogo dos grandes meios de comunicação, as TVs em particular, ainda parecem gelados, comparando com a própria fluidez que caracterizam esses espaços. Há pouco diálogo e, no máximo, o retuíte do que alguém postou promovendo algum programa, não sendo aberto a respostas, por exemplo, a possíveis críticas. Assim, os artistas atraem mais seguidores/fãs que a emissora ou um determinado programa, seguindo a própria tendência dos sites de redes sociais, mais dedicados ao diálogo interpessoal.

Desafio seria um braço multiplataforma

O CEO do Globo.com, Juarez Queiroz (no Meio e Mensagem), ao justificar o fato de a emissora não linkar nenhum de seus vídeos no Facebook, afirmou que este espaço pouco representava para a distribuição da Globo, de 1% a 2%. Além disso, destacou que a estrutura desta mídia social não permite que as informações da emissora aparecessem no início do feed dos usuários. No caso das fanpages, elas estariam abertas a receberem publicidade de outras marcas e produtos, inclusive concorrentes, aproveitando-se de sua quantidade de fãs.

Por serem internacionais, as Organizações Globo não acreditam numa mudança deste modelo de negócio para o Brasil, optando por não investir na publicidade do conteúdo que ia para o Globo.com.

No caso da Record, se há a expansão das atividades de Antonio Guerreiro, também diretor-geral do R7, enquanto diretor de novas mídias, o intuito é expandir a produção de conteúdo num processo de maior convergência da produção de audiovisual, também através do mobile, das smart TVs e dos games. Segundo ele, em entrevista ao Comunique-se, o desafio seria montar um braço multiplataforma que possibilite o lançamento de um produto televisivo também em outras mídias, especialmente a internet.

A saída da General Motors do Facebook

Ao contrário do CEO da Globo, Guerreiro crê na importância das redes sociais na audiência do R7, destacando que o mais importante seria as pessoas falarem sobre a programação: “Quando corto a conexão com a rede social, corto a ligação de inúmeras pessoas com a minha marca”.

Ainda assim, comprovando os problemas da adaptação ao novo modelo de negócio que as mídias sociais exigem, em dezembro do ano passado, a Rede Record passou a proibir a divulgação de blogs, sites e mídias sociais particulares de seus contratados, especialmente os que ganhavam dinheiro a partir da venda de tuítes, de maneira a priorizar as ferramentas ligadas à emissora na internet.

Pensar estas relações entre as empresas da ainda maior indústria cultural do país com as novas possibilidades de comunicação, com destaque para mídias sociais como Twitter, Facebook e Youtube, é de profunda necessidade por se tratar de um processo muito difícil de ser identificado no atual momento por estarmos diante de uma transformação. Mesmo as mídias sociais têm dificuldades em conseguir atrair investidores/patrocinadores para elas. Prova disso foi a saída dos investimentos da General Motors do Facebook em 2012, três dias antes da oferta pública de ações da empresa de Mark Zuckerberg, por não concordar com a maneira que a publicidade era feita. O grupo só retornou em abril deste ano.

A venda de conteúdo audiovisual

O Twitter também passou por alterações recentes de maneira a criar um modelo de negócio. Neste caso, a dificuldade era porque havia uma série de outros produtos, não pertencentes aos criadores da ferramenta, que permitiam o acesso a ela. Assim, por mais que o fluxo de tuítes fosse muito grande, boa parte deles poderia ser gerada por outros sites. Assim, uma das opções foi comprar a TweetDeck, uma ferramenta de gestão de tuítes, em 2011.

A associação com outras mídias gera maior movimentação dos internautas, como comprova vários exemplos de acompanhamento de programas televisivos, caso do sucesso de Avenida Brasil e de algumas telenovelas também nas mídias sociais.

Para citar um exemplo de outro importante produto midiático no Brasil, segundo pesquisa Esporte Clube Ibope Media divulgada em 2011, das pessoas que assistem esporte pela TV ou na arena, 58% o faz de maneira a consumir simultaneamente mais de um meio de comunicação, com maior sobreposição de TV + internet, que representa 30% do valor anterior, superando a dupla TV + rádio, mais tradicional, com 16%.

Nos Estados Unidos, infográfico da Morrison Foerster’s Socially Aware demonstra que 65% das pessoas que possuem tabletes assistem TV navegando pela internet, sendo que 10% deles acessam os sites ligados às empresas que veem, enquanto que 29% está usando o Facebook vendo TV.

Saber utilizar as mídias sociais e as novas alternativas oriundas das recentes alterações na própria TV, através da digitalização deste meio e da TV conectada, pode abrir novos espaços para a venda de conteúdo audiovisual. Como fazer isso é um quebra-cabeça que os grupos de comunicação mais tradicionais teimam em tentar montar sem levar em consideração as idiossincrasias que marcam estas transformações no comunicar.

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[Texto originalmente publicado no Observatório da Imprensa]

terça-feira, 28 de maio de 2013

[Circo a motor] A tradição de Mônaco e a vitória depois de 30 anos

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Se falamos de tradição em Indianápolis, Mônaco só permanece na Fórmula 1 por conta disso, inclusive porque a maioria dos pilotos e até mesmo dos jornalistas envolvidos com a categoria (né Galvão Bueno?) moram ou têm casa por lá. Fora que o principado deve dar muita grana anualmente para Bernie Eclestone e companhia para a corrida seguir pelas ruas do principado - que voltará a gastar muito dinheiro com seu time de futebol para a próxima temporada.

Acabamos não falando da supremacia da Ferrari em Barcelona. Vitória de Fernando Alonso e 3º lugar de Felipe Massa, com Vettel em 4º e Raikkonen em 2º seguindo na liderança do campeonato. Para Mônaco, onde o treino praticamente define a classificação final da corrida, os indícios da quinta-feira - já que na sexta todo mundo tem que se recuperar das farras - eram que a equipe ficaria na briga com a Mercedes pela pole.

Muito longe disso. Massa bateu forte na Saint Devote no último treino livre e não deu tempo para a Ferrari recuperar o carro. Na hora do vamos ver, mais uma poleposition da Mercedes, a terceira seguida de Rosberg, com direito a dobradinha com Hamilton. Na segunda fila, os dois carros da RBR, Vettel e Webber, que venceram as últimas 3 corridas no principado. Alonso só aparecia em sexto....

CORRIDA
Não tem lugar mais elitista que Mônaco. Iates, mulheres bonitas, festas e tudo isso com sol sem qualquer cobertura. Mas isso para quem está lá e pode aproveitar. Em casa, de frente à TV, com pouca expectativa de bom resultado brasileiro e de ultrapassagens, o sono logo me apareceu. Ô circo sem graça.

Cochilei, também por ter visto o UFC na madrugada anterior, e só acordei com 5 voltas. Nada de alteração na frente e Massa já engavetado por Hulkenberg lá atrás, em 18º. Quando as primeiras paradas começaram, ainda no seu início, a Ferrari de Massa batida na Saint Devote. Mesmo lugar do sábado, só que bem mais forte e desta vez por conta de um problema na suspensão esquerda.

Todo mundo para os boxes e lá Hamilton perderia duas posições para as RBRs. Todo mundo junto, mas ameaça mesmo só da 3ª posição para trás. Pelo menos a prova ganhou em graça, especialmente graças a Pérez. Do nada, uma brechinha e já era Button.


Enquanto Grosjean batia pela 4ª vez no final de semana e gerou nova bandeira amarela, Maldonado era fechado por Chilton e causaria algo inédito, mesmo para as estreitas ruas de Mônaco. A proteção de pneus pulou para a pista e gerou uma bandeira vermelha para ser recolocada. Tempo de ajeitar os afazeres domésticos, enquanto Rubinho, Galvão e Reginaldo iam enrolando o telespectador - o que há de mais difícil em transmissão ao vivo.

Corrida volta e em outra brecha e mesmo com Alonso enganando, outra posição ganha por Pérez. Sutil também ia passando com habilidade com sua Force India.

Pérez atrás de Raikkonen e na primeira tentativa, quase uma batida. O piloto finlandês, com sua supersinceridade de sempre, avisa à equipe: "Esse idiota teria batido em mim se eu não tivesse ido reto". Na segunda vez, não houve jeito, batida e Raikkonen vendo pontos importantes indo embora.

Se Alonso sofria para se manter, perdendo mais uma posição, agora para Button, Raikkonen tinha poucas voltas para ganhar cinco posições e entrar nos pontos. Melhor do que falar, é mostrar como ele chegou ao 10º lugar e a 23ª corrida seguida na zona de pontuação:



Rosberg completava tranquilo em primeiro, repetindo a vitória de 30 anos atrás do pai, Keke Rosberg, chegando ao alto do pódio antes de Hamilton em 2013, o quarto vencedor do ano (os outros são Vettel, Alonso e Raikkonen). Para Vettel, apesar do segundo lugar, foi um resultado muito bom para o campeonato, com 107 pontos, contra 86 de Raikkonen e 78 de Alonso, que chegou em 7º. Webber completou o pódio, com Sutil, Button, Vergne e di Resta completando a zona de pontuação. 

POLÊMICA
Por mais que os rivais admitam que a vitória da Mercedes em Mônaco não foi por conta disso. Deu muito o que falar, e ainda dará, os treinos secretos feitos pela equipe com os pneus da Pirelli após o GP de Barcelona. Foram 1000 voltas com o carro deste ano porque a equipe sofria muito com os pneus, assim como a RBR.

Por mais desculpas que deem, em tempos de restrição a treinos para conter os gastos e com os pneus sendo preponderantes nas corridas - a ponto de Vettel só poder fazer uma volta com potencial máximo numa corrida - é muita vantagem para a equipe cujo carro mais desgasta pneus. Mesmo sendo mais rápida nos treinos em 2013, a Mercedes perde muito ritmo nas provas por conta disso, ao contrário, por exemplo, da Lottus.

Resta saber o que a FIA fará em relação a isso.

O circo monta a sua tenda no Canadá, daqui a duas semanas.

domingo, 26 de maio de 2013

[Circo a motor] "Eu busquei esta vitória durante toda a minha vida"

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Arte sob foto de Jeff Haynes/Reuters
3 ligamentos da mão sendo parcialmente rompidos e sem a possibilidade de realizar cirurgia. Tempo de tratamento: 8 meses. A corrida seguinte em casa: no Brasil. Corrida sob analgésico, liderança e na última parada erro de cálculos da equipe e pane seca no carro. O que esperar ao assumir a ponta de uma das principais corridas do mundo a 3 voltas do final?

Fazia tempo que eu não falava da Fórmula Indy aqui - a última vez foi em 2010, após o primeiro GP de São Paulo. Tenho alguns motivos para isso, afinal também nesta categoria há reflexos da falta de produção de novos talentos no automobilismo do país. Se Hélio Castroneves segue na Penske, uma das principais equipes da categoria, Tony Kanaan saiu da Andretti e foi para a média KV Racing, e Bia Figueiredo corre apenas algumas provas da temporada. Barrichello optou voltar ao Brasil, para a Stock Car, que fazer uma temporada no limite financeiro - como, dizem, seu amigo Kanaan deve fazer este ano.

Mas 500 milhas de Indianápolis é especial. A 97ª edição desta prova centenária seguiu a tradição, dentre as várias construídas para este evento, e nos deu emoções nas voltas finais, ainda que bem menos que em 2011, quando Hildebrand quase venceu mesmo batendo o carro. Ainda bem para nós brasileiros, que vimos um conterrâneo voltar a vencer após 4 anos.

Foto: Geoff Miller/Reuters
NA DISPUTA SEMPRE
Tony Kanaan pulou da 12ª para a 5ª posição já na primeira volta, confirmando ser um dos melhores caras em largadas, seja do início ou após bandeiras amarelas, da Indy. Dali em diante, sempre estava no jogo pelo revezamento na liderança, que é muito comum numa prova de 200 voltas e com algumas paradas por bandeiras amarelas - e, às vezes, com paralisações por conta da chuva.

Acompanhavam-no, geralmente, Marco Andretti e Hunter-Reay, além de outros na disputa em determinados momentos, quando após os pit stops o carro reagia melhor, caso de Hélio Castroneves, tricampeão da prova, que liderou por uma ou duas voltas, apesar de sempre ter ficado entre os 10 primeiros.

Líder antes da primeira parada, de cara para o vento, mas consumindo mais combustível, Tony foi o primeiro a ir aos boxes, perdendo algumas posições para quem conseguia poupar mais. A estratégia era tão preocupante que chegou ao ponto de num bom trecho da corrida os pilotos andarem mais lentos e não quererem assumir a ponta, algo poucas vezes visto em qualquer categoria. Mas a diferença poderia ser crucial no final, com menos tempo parado para colocar combustível no tanque até o final.

Mas as coisas mudaram depois da volta de número 170. Quem estava entre os 6, 7 primeiros sabia que teria que ficar entre os 3 para ter alguma chance de colocar o rosto no lendário troféu da prova. Tony seguia no bolo, com Andretti, o estreante Muñoz e Hunter-Reay, mas sempre disputando pela vitória.

Faltando 7 voltas, bandeira amarela por conta de batida de Graham Rahal, com a liderança de Hunter-Reay e Tony Kanaan em segundo. Há 4 voltas do fim, bandeira verde, ultrapassagem dupla, dele e de Muñoz no então líder e bastava ter calma para completar em primeiro faltando 3 voltas. Pela lógica das ultrapassagens, ele deveria ter o cuidado de reassumir a ponta na última volta...

Não foi preciso. Dario Franchitti, também tricampeão da prova, bateu lá atrás e provocou nova bandeira amarela. Tony completou mais uma volta antes de acompanhar o pace car e recebeu a bandeira quadriculada que esperou por 12 anos. Festa na clássica comemoração com o leite da vitória e muita emoção. 

Para finalizar este texto, algumas frases do piloto baiano de 38 anos e as voltas finais, com narração de Luciano do Valle e comentários de Felipe Giaffone na Band:

"Eu busquei esta vitória durante toda a minha vida. Mas, nos últimos anos, eu estava meio que tranquilo com o fato de que talvez nunca tivesse a chance de vencer aqui. Podemos rejeitar aquela teoria de que bons moços nunca vencem. Provamos que a teoria está errada".

"Eu estava olhando para o público e foi inacreditável. Estou sem palavras. Eu consegui!".

"Isso significa muito para muita gente. Eu senti que eles queriam a vitória. É um pouco egoísta porque sou que fico com o troféu, né. Mas eu pude levar alegria a eles e acho que a melhor coisa foi poder levar a eles uma corrida empolgante."

"Maravilhoso! A última volta foi a mais longa da minha vida. Prometi ao meu filho um troféu e esse será um muito bom".

sábado, 25 de maio de 2013

As lições e o estilo literário dos relatórios do prefeito Graciliano

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tratamos neste espaço de vários livros de Graciliano, inclusive tentamos recriar numa crônica a bronca que enquanto prefeito dera em seu pai. Chegou a hora de tratar da produção que chamou a atenção para o homem natural de Quebrangulo, que estava bem distante de querer os holofotes para si.

A situação de como Graciliano foi parar na prefeitura é assim descrita por Moraes:

“Uma competente articulação política levaria Graciliano a concorrer à prefeitura de Palmeira dos Índios nas eleições de 1927. A sucessão municipal estava em pauta desde que o prefeito Lauro de Almeida Lima fora assassinado, em fevereiro de 1926, após desentendimento com o fiscal de tributos João Ferreira de Gusmão e Melo. Este em seguida seria fuzilado pelo delegado de polícia local. O banho de sangue traumatizara a cidade. O vice-prefeito Manuel Sampaio Luz assumira para cumprir o terço restante do mandato” (52).


Aos 36 anos, Graciliano Ramos era prefeito de Palmeira dos Índios, mesmo sem querer e sem se preocupar em fazer política como ocorria tradicionalmente no país, quando escreveu o relatório referente ao primeiro ano de mandato, enviado ao governador como uma espécie de prestação de contas. No ano seguinte, a mesma coisa, outro relato ao governador Alvaro Paes. Foi graças a algo que os políticos de hoje seguem não fazendo, que o estilo literário de Graciliano passou a gerar interesse aos editores brasileiros.

Tive acesso a estes relatórios através da 3ª edição de Viventes das Alagoas, obra publicada postumamente recheada de crônicas do autor, que tentarei comentar posteriormente. Ao final, constam os dois relatórios, recheados com o cuidado com os números e de sarcasmo para contar como foi levado cada ano de gestão. Uma aula para os políticos de hoje, numa época que Lei de Responsabilidade Fiscal estava longe de ser obrigação, ainda mais prestar esclarecimentos a cada ano no Executivo - que Graciliano abandonaria ainda no 3º ano para trabalhar na Imprensa Oficial, em Maceió.

Apesar de poucas páginas, ouso apontar os parágrafos que me chamaram a atenção ao longo de uma leitura, que gerou algumas risadas impensáveis para um documento oficial.

PRIMEIRO RELATÓRIO
As dificuldades encontradas numa prefeitura do interior de um Estado tão pobre quanto Alagoas - algo não tão diferente dos dias atuais - foi demonstrada já no início. Ainda que Graciliano Ramos vá demonstrar os gastos realizados com obras essenciais, ele opta por justificar o porquê de não ter feito mais coisas:

“Não foram muitos [trabalhos realizados], que os nossos recursos são exíguos. Assim minguados, entretanto, quase insensíveis ao observador afastado, que desconheça as condições em que o Município se achava, muito me custaram” (183).

A justificativa para que a cidade não estivesse numa situação melhor e, também, que ele pudesse desenvolver de uma maneira ainda melhor a sua gestão aparece com argumentos que bem poderiam seguir ao longo destas mais de 8 décadas transcorridas e ainda para várias cidades do Brasil:

“Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores de impostos, o Comandante do Destacamento, os soldados, outros que desejassem administrar. Cada pedaço do Município tinha a sua administração particular, com Prefeitos Coronéis e Prefeitos inspetores e quarteirões. Os fiscais, esses, resolviam questões de polícia advogavam” (183).

Neste primeiro relatório ele vai reclamar ainda que "os devedores são cabeçudos", "pagam ao Município se querem, quando querem e como querem", fazendo com que fossem gastos recursos para realizar as cobranças. 

Lembra-se aqui que, segundo Moraes [na biografia O Velho Graça], Graciliano se dedicou tanto às contas e às obras da prefeitura que viu o negócio da família falir, por falta de tempo para tomar conta pessoalmente. Já na prefeitura ocorria o inverso. Ainda que as receitas tenham superados as despesas, ele, humilde e sarcasticamente, deixa aberta a possibilidade de deixar o cargo para outrem ao mesmo tempo que critica o nepotismo existente - algo que também só vem a ser proibido muito tempo depois: 

“Convenho em que o dinheiro do povo poderia ser mais útil se estivesse nas mãos, ou nos bolsos, de outro menos incompetente do que eu; em todo o caso, transformando-o em pedra, cal, cimento, etc., sempre procedo melhor que se o distribuísse com os meus parentes, que necessitam, coitados” (190).

Por fim, destaco o fato de não existir nenhuma legislação coerente com o novo século, afinal os calhamaços de leis eram da época do Império, que dificilmente era encontrada e serviria para os novos tempos:

“Constava a existência de um código municipal, coisa inatingível e obscura. Procurei, rebusquei, esquadrinhei, estive quase a recorrer ao espiritismo, convenci-me de que o código era uma espécie de lobisomem” (191).

Com 11 contos em caixa e "procurando sempre os caminhos mais curtos", com as curvas nas estradas só quando não era possível ter retas (191), ele encaminhou o relatório no dia 08 de janeiro de 1930.


SEGUNDO RELATÓRIO
Provavelmente, a surpresa causada pelo primeiro relatório não tenha sido a mesma quando Alvaro Paes recebeu o segundo. Afinal, se hoje em dia é difícil imaginar um prefeito realizar tal fato, imagina naquela época, e com tanto detalhamento e certo preciosismo crítico.

Enviado em janeiro de 1930, há repetição de reclamações, um bom relato sobre a sociedade do interior do Nordeste do período e, principalmente, um importante discurso sobre como as pessoas pobres eram mais prejudicadas sempre. Isso aparecendo desde o início, quando ele fala sobre o aumento da receita de 68 para quase 97 contos:

“E não empreguei rigores excessivos. Fiz apenas isto: extinguiu favores largamente concedidos a pessoas que não precisavam deles e pus termo às extorsões que afligiam os matutos de pequeno valor, ordinariamente raspados, escorchados, esbrugados pelos exatores” (199).

Aqui, agora com ainda mais conhecimento da prática, já que o prefeito acompanhava as obras de perto, ele volta a criticar como os seus antecessores desperdiçavam dinheiro público, ao citar as estradas que existiam até antes da chegada dele, que eram "uma teia de aranha de veredas muito pitorescas, que se torcem em curvas caprichosas, sobem montes e descem vales de maneira incrível" (202).

Assim:

“Dos administradores que me precederam uns dedicaram-se a obras urbanas; outros, inimigos de inovações, não se dedicaram a nada.
“Nenhum, creio eu, chegou a trabalhar nos subúrbios.
“Encontrei em decadência regiões outrora prósperas; terras aráveis entregues a animais, que nelas vivam quase em estado selvagem. A população minguada, ou emigrava para o Sul do País ou se fixava nos municípios vizinhos, nos povoados que nasciam perto das fronteiras e que eram para nós umas sanguessugas. Vegetavam em lastimável abandono alguns agregados humanos.
“E o palmeirense afirmava, convicto, que isto era a princesa do sertão. Uma princesa, vá lá, mas princesa muito nua, muito madraça, muito suja e muito escavada” (203). 

Mesmo com as obras, os munícipes estranham tantas melhorias, mal acostumados com alguém a fazer bens públicos, no entendimento de que "se aquilo [rodovia de Sant'Ana] não era péssimo, com certeza sairia caro, não poderia ser executado pelo município" (204). 

Segue ele dizendo que após as obras, a conversa era outra, em que justificavam que aquilo só tinha sido possível graças ao aumento dos impostos ou que elas eram pagas pelos Estado. O sarcasmo volta a aparecer quando ele admite que se convencerá de que não foi ele que as realizou, dando uma aula logo em seguida: 

“Já estou convencido. Não fui eu, primeiramente porque o dinheiro despendido era do povo, em segundo lugar porque se tornaram fácil a minha tarefa uns pobres homens que se esfalfam para não perder salários miseráveis” (204).

Por fim, trago o tópico "POBRE POVO SOFREDOR", dedicado a traçar as características das pessoas que poderiam pagar impostos, a elite da sua terra, que serão tipificadas nas obras que virão a seguir:

“É uma interessante classe de contribuintes, módica em número, mas bastante forte. Pertencem a ela negociantes, proprietários, industriais, agiotas que esfolam o próximo com juros de judeu.

“Bem comido, bem bebido, o pobre povo sofredor quer escolas, quer luz, quer estradas, quer higiene. É exigente e resmungão.

“Como ninguém ignora que se não obtém de graça as coisas exigidas, cada um dos membros desta respeitável classe acha que os impostos devem ser pagos pelos outros” (206).

Se em 30 de abril, Graciliano Ramos sairia da prefeitura de Palmeira dos Índios pensando que teria mais tranquilidade na vida e, especialmente, financeiramente para a família, estava errado. Até o final da ida, nada de tranquilidade, sendo preso e passando por várias dificuldades para sobreviver fosse em Alagoas ou no Rio de Janeiro.

Porém, nasceria grandes obras de alguém que já dava pistas de ser um grande retratista da vida social do interior do país, compondo a partir da década de 1930 o conjunto de artistas regionalistas do modernismo, ainda que mais velho que seus contemporâneos.


REFERÊNCIAS
MORAES, Dênis de. O velho Graça: Uma Biografia de Graciliano Ramos. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993.

RAMOS, Graciliano. 2º Relatório ao Governo Alvaro Paes – 1930. In: ______. Viventes das Alagoas. 3.ed. Prefácio de Tristão de Athayde. (Obra póstuma). São Paulo: Martins, 1970. p. 197-207.

RAMOS, Graciliano. Relatório ao Governo do Estado de Alagoas – 1929. In: ______. Viventes das Alagoas. 3.ed. Prefácio de Tristão de Athayde. (Obra póstuma). São Paulo: Martins, 1970. p. 181-196.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Quem mandou provocar?

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Dentre a minha coleção é claro que o time que tem mais exemplares é o Palmeiras. Nesta viagem a Teresina acabei por levar a camisa que representa o período em que me tornei palmeirense. Deixei para usar na volta para Maceió e passei a observar os olhares alheios. 

Andei pelas ruas de Teresina - e encontrei outra palmeirense no caminho, a quem me deu algumas informações -, andei de táxi e fechei a conta no hotel. Até o aeroporto, nenhuma pergunta ou brincadeira sobre o time.Nos aeroportos, contando a conexão para Brasília, alguns olhares curiosos, mas nenhuma palavra sobre. 

Como no voo de saída de Teresina, estava na cadeira do meio, pedi licença para o rapaz à frente, que de pronto se afastou. Ele me perguntou se o C era no corredor ou na janela, respondi, já percebendo que o sotaque era de outro país. Ficamos esperando se alguém da poltrona A chegava, mas nada.

Assim que ele sentou, veio com o "Palmeirense? Corajoso, hein". A resposta já pronta veio em seguida:

- Sempre palmeirense, independente da situação. Afinal, já enfrentamos uma Série B antes e passamos por ela.

Puxar assunto de futebol com alguém que nem eu é ter a certeza que vai perder, ao menos, uma dúzia de minutos. E foi o que ocorreu. Primeiro perguntei de que lugar ele era, respondendo-me ser da Alemanha, o que automaticamente gerou a pergunta sobre a Liga dos Campeões, cuja final será decidida entre os alemães Bayern de Munique e Borussia Dortmund.

- O futebol alemão está num bom momento, final da Champions neste sábado... Torce para algum time lá, de repente algum dos dois?

- Não, estava torcendo para os dois, até mesmo pelo tempo que estou no Brasil

Ele me disse ainda que estava há 30 anos aqui e mantinha algumas coisas da cultura original por ter saído de lá aos 20. Apontando para mim as diferenças entre as formações dos jogadores de futebol de lá e os daqui. Mostrou indignação que a seleção brasileira não se preocupa em formar jogadores, incentivando desde a base. 

No caso do interior então - ele mora em Parnaíba, cujo time é o atual bicampeão local, no litoral piauiense -, os clubes se mantêm através das prefeituras, que não trocam o valor dado por nada. O ideal seria criar campeonatos de base, como ocorre na Alemanha, e campeonatos para as comunidades mesmo, com várias idades, independentemente de ser profissional. Segundo ele, o esporte pode ajudar a formar o cidadão do futuro, mas não há o interesse nisso.

Daí a discutir a situação conjuntural do Brasil, com a clara falta de preocupação na formação educacional das pessoas, de forma que elas não podem mudar sua situação, "pensar com isso aqui", apontava para a cabeça, "pensar por si próprio". Isso num país como este, cheio de opções naturais, porém, cujos interesses financeiros se sobressaem. Ele destacou Belo Monte e a transposição do Rio São Francisco, além de uma usina eólica que será construída numa ilha do Piauí em meio a uma cachoeira mesmo tendo muito terreno vazio nesta mesma ilha.

Assim foi passando o tempo, falando da formação educacional, da guinada do PT, dos problemas das universidades no Brasil, que não formariam adequadamente seus profissionais, a deficiência na área de saúde por conta de tantos gastos com obras, que permitem desvios e um zilhão de outros problemas.

Até que ele resolveu parar, porque tem muito o que falar mal de como é (mal) administrado o país. Quem mandou provocar?

A Rede Globo e o direito de transmitir o Brasileirão e a Copa do Mundo

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

A volta do futebol à rede pública de TV

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Com o término dos campeonatos estaduais no final de semana, as atenções passarão a se voltar para as quatro divisões do Campeonato Brasileiro, por mais que estas parem durante a Copa das Confederações. A novidade, em termos de transmissão televisiva, é o retorno da TV Brasil como exibidora da Série C, que começa no dia 1º de junho. A emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) chegou a transmitir a fase final da terceira divisão em 2010, mas não comprou os direitos de transmissão do torneio em 2011, alegando que os valores eram muito altos (entre R$ 14 milhões e R$ 16 milhões). Além disso, no mesmo ano a emissora pública cobriu os Jogos Mundiais Militares, que requereram grande investimento.

Com as duas principais divisões nacionais organizadas no sistema de pontos corridos há algum tempo, a Série C vai para o seu segundo ano com dois grupos regionalizados com 10 clubes cada. Desde o ano passado, a SporTV transmite partidas do torneio pela TV fechada. O apelo a ele está com a presença de clubes populares em seus estados, como Santa Cruz (PE), Fortaleza (CE), Sampaio Correia (MA), Guarani (SP), Vila Nova (GO) e CRB (AL). A divisão da cota dos direitos de transmissão é um importante acréscimo à renda dos clubes, que sonham por voos mais altos, e valores mais altos, nas séries superiores, cujo número de rodadas, e de transmissões, é maior.

A TV Brasil deve transmitir dois jogos por rodada, um no sábado e outro no domingo, além de liberar a transmissão local de partidas de clubes dos Estados das emissoras que fazem parte da Rede Pública de Televisão. Recorda-se que no Acre e no Pará, respectivamente a TV Aldeia e a TV Cultura, transmitem as participações dos clubes locais nos estaduais e em torneios nacionais.

7 milhões de euros
O possível questionamento a investimentos de uma rede pública de comunicação no futebol pode ser combatido com a importância deste programa para a atração da audiência, não à toa gerando tantas brigas para a aquisição de seus direitos de transmissão. Através de um elemento popular, pode-se conquistar a audiência para outros programas da emissora e, principalmente, o reconhecimento dela por parte da população, por mais que já esteja com cinco anos de existência, dadas as dificuldades históricas para a comunicação não comercial no Brasil.

Lembra-se ainda que a aquisição de direitos de transmissão de eventos esportivos por emissoras não privadas é comum em outras partes do mundo, principalmente porque em outros países a radiodifusão se desenvolveu por muito tempo através do monopólio estatal. Ainda assim, décadas depois da abertura deste mercado, pode-se saber de notícias sobre a aquisição do direito de exibir eventos por parte de emissoras públicas.

Em março deste ano, a federação alemã de futebol confirmou que a ARD, rádio pública com 10 emissoras espalhadas por toda a Alemanha, comprou em leilão três dos quatro pacotes de direitos oferecidos na cobertura da primeira e da segunda divisão do campeonato local, a Supercopa da Alemanha e o playoff do rebaixamento. Especula-se que serão pagos 7 milhões de euros.

O fortalecimento da rede pública
O contrato de lá permite que a emissora transmita as partidas na íntegra e tenha privilégios na entrevista com jogadores, ainda que isto não ocorra de forma exclusiva. O pacote restante foi para a transmissão de áudio pela internet, que ficou com o Sport1.

No Brasil, apesar das tentativas do Atlético-PR sob o comando de Mario César Petraglia, não há limites para a transmissão das rádios. O que deve mudar apenas com os torneios Fifa, em que apenas as emissoras que adquirirem os direitos poderão transmitir os jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, o que faz com que emissoras formem pools de transmissão.

Voltando às transmissões da TV Brasil, o Comitê Olímpico Internacional vendeu os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, a serem realizados no Rio de Janeiro, para Globo, Record e Band, mas libera as imagens para as emissoras públicas, independente do tempo e da logomarca da responsável pela transmissão. Será outra boa oportunidade para o crescimento e o fortalecimento de uma rede pública de televisão, sob a perspectiva do operador nacional digital.


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[Texto originalmente publicado no Observatório da Imprensa]

segunda-feira, 20 de maio de 2013

[Viagens] Do Poty ao Parnaíba e mais conhecimento

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Abandonei o El Dorado, mas ainda não os relatos de viagens. Ainda mais quando esta vem de um convite até então inesperado e para um Estado que, apesar de conhecer tanta gente procedente dele, eu nunca sonhara em pisar. Nenhum conceito pré-concebido, falta de maior conhecimento sobre ele mesmo.

Isso acaba refletindo dificuldades gerais do Brasil. Uma delas é quanto às alternativas de transporte. Tomei um susto ao ver as opções de voos de Maceió para cá, ambas no Nordeste. Alternativas com conexões bem justas ou com conexões bem largas, até 10 horas de espera em outro lugar no meio do caminho, que não fica na região.


Brasília foi o ponto de parada. Aeroporto ainda em obras, muita, mas muita gente mesmo, apesar de ainda ser segunda-feira, a ponto de ter tráfego no banheiro (!). Olha que lá é capital da Copa das Confederações, o jogo de abertura, e de outras 7 partidas da Copa do Mundo FIFA do ano que vem...

Outro problema é a falta de olhos dos grandes centros do país para locais mais periféricos, como se fossem Estados em desenvolvimento dentro do desenvolvido Brasil, uma divisão dentro da divisão. Ouvimos muito muito pouco sobre o Piauí, acho que lembro de algo recente apenas os protestos contra o aumento da passagem de ônibus. Assim, muito pouco sabemos sobre o Estado porque os meios de comunicação, que produzem a partir do eixo Rio-São Paulo, pouco falam sobre as demais partes do país.

Tudo bem que o meu convívio com pessoas vindas de Teresina garantiram no início do ano um bom papo sobre os mitos e as histórias locais, ainda assim, muito pouco quando comparado com o conhecer de perto. Bastaram poucas horas de passeio por aqui para perceber isso.


Na cidade, os caminhos são próximos, com pouco tempo entre as localidades sem ser na hora de forte trânsito - um mal que vem com o crescimento das cidades, esta próxima a 1 milhão de habitantes. Porém, há uma divisão também nela. Um trecho mais elitizado e outro mais popular que, ainda assim, é bem mais limpo que em outras cidades por aí e com maior atratividade, casos de praças e quadras.

O Piaui mais velho, na verdade Poty velho, região de pescadores que moravam aqui quando Teresina foi reconhecida como uma cidade, foi o que mais me interessou - apesar do nome da cidade ser em homenagem à imperatriz Teresa Cristina. Disseram-me que na disputa entre litoral e interior, escolheram montar uma cidade no meio do caminho e assim teria sido feito.

Ainda há a vila de pescadores, homens jogando dominó nas calçadas, meninos brincando descalços nas praças e interessantes propostas de desenvolvimento. Há cultivos de hortaliças de forma comunitária e a reformulação do mercado de artesanatos com barro, em que as oficinas ficam ao fundo das lojas, algumas delas com acesso para os turistas.

Fomos já no final do expediente, ainda assim, as pessoas foram muito hospitaleiras e responderam as perguntas feitas. Numa das oficinas, a mais cheia delas, encontramos um senhor sem camisa. Perguntei se ele tinha aprendido a fazer aquilo pela herança familiar e ele respondeu que aprendeu após casar com a mulher, produzindo geralmente das 7h da manhã às 10h ou 12h da noite!!! Não é à toa que havia tantas peças ali. Ah, a mulher é piauiense, mas ele saiu do Ceará para cá.

Já ia esquecendo de contar a visita ao mirante do encontro dos rios Poty e Parnaíba, local que também sofreu bastante com a seca que assolou esta parte de cima do país, a ponto de estar numa condição, com ilhotas, que seriam normais para o período mais forte sem chuvas, em setembro.

Lá tem um restaurante flutuante, para quem deseja comer pescado tirado ali, de rios que estavam bem limpos - especialmente quando comparo com as lagoas de Alagoas -, afinal ainda não há lixo industrial sendo jogado neles.

Neste espaço há uma loja para vender lembranças dos mais diversos tipos e a escultura do Cabeça de Cuia, que acabei não tirando foto, mas é uma importante lenda piauiense. Os pescadores dizem que o encontram no rio. A história é a seguinte:

Sua família era necessitada. Um certo dia, chegando para almoço, sua mãe lhe serviu, como de costume, uma sopa rala, com ossos, já que faltava carne na sua casa frequentemente. Nesse dia ele se revoltou, e no meio da discussão com sua mãe, arremessou o osso contra ela, atingindo-a na cabeça e matando-a. Antes de morrer sua mãe lhe amaldiçoou a ficar vagando no rio e também como efeito da maldição, Crispim ficou com a cabeça muito grande, do tamanho de uma cuia, daí o nome "cabeça de cuia". A mãe ainda lhe disse que sua perna penduraria até que ele se relacionasse sexualmente com sete Marias virgens.

Assim, a estátua tem ele gigantesco, com a cabeça de cuia e sete virgens o cercando. Quer dizer, uma ou outra já grávida, o cercando.

Ah, é preciso dizer que a cidade está realmente crescendo, caso da ampliação de um dos shoppings, cuja obra não pode ser fotografada nem filmada, sabe-se lá o porquê; um novo parque, inaugurado este mês, o Potycabana, que passei perto, mas estava com os portões fechados - ao menos no caminho que percorri a pé; e uma ponte estaiada, como aquela de São Paulo que tem o nome de um da Folha, só que com um mirante lá no alto para ver a cidade por inteiro.

Por fim, realmente, a cidade é muito quente. Saí de Maceió, no início da manhã, com uns 21º C, passei por Brasília com 18º C e cheguei aqui com uns 35º C - por mais que o relógio da rua anunciasse 38º C. Ao menos, a experiência dos verões em São Leopoldo-RS e seu calor que chegou a superar os 40º C, servem para aclimatação para uma viagem como esta.


No fim, tomar de novo cajuína, ainda que com gosto bem pior que da última lembrança - e com muita saudade da tubaína -, broa de milho e bolo de macaxeira após tanto tempo, além de queijadinha. Coisas que a padaria lá perto de casa não tinha - vá lá que já comi brasileiras, pelo menos...

Dependendo dos compromissos, pode ser que eu volte a escrever algo sobre esta viagem ao longo dos dias. Caso não, ao menos a apresentação de quarta-feira à noite eu postarei por aqui. Até mais!

sábado, 18 de maio de 2013

[Alagoano 2013] Super herói definido no duelo dos pênaltis!

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Com 4 a 2 no primeiro jogo, The CRB Flash surgia como franco favorito para levar o bicampeonato alagoano. Sem partidas ao longo da semana, tudo se voltou à disputa final, a ser realizada neste sábado.

Do lado que possuía a vantagem, a ideia defendida publicamente era garantir o título:

- Demos o primeiro passo, hora de aproveitar que a maior da torcida será nossa na próxima partida e levar mais um título - afirmava Wally Cock.

Do outro lado, buscava-se forças para a recuperação e, principalmente, calar os arquirrivais:

- Não tem ninguém morto aqui. Do mesmo jeito que ele fez 4, podemos fazer 2, 3, 5. Fora que não há vantagem de saldo de gols - afirmava Clark CSA Kent.

Para apimentar ainda mais o clássico - ou dar o tempero da bagunça e das trapalhadas dos dirigentes locais -, houve uma denúncia por parte de Super Blue Man de que a arma Denílson, do ataque adversário, estaria irregular desde o ano passado. Houve até desafio por parte de um advogado contratado pelo super herói que mais ganhou títulos do Estado:

- Eu rasgo o meu diploma se eu estiver errado.

O Tribunal de Justiça Desportiva não acatou o pedido inicial e a partida teria de ser resolvida mesmo dentro de campo - por mais que este assunto possa voltar mais à frente. (Vai entender, o Tinga, do Cruzeiro, não poderia ter jogada em Maceió pela Copa do Brasil porque estaria suspenso após o Brasileiro do ano passado. A diretoria azulina não entrou na justiça, na prática, porque fechou uma parceria com o clube mineiro...).

CHANCES DESPERDIÇADAS
A única alteração dos poderes postos a campo foi de Super Blue Man. A lateral-esquerda seria ocupada por Rogerinho, não mais por Fabiano. De resto, ao menos para o início da primeira etapa, todas as peças iguais. Dentro de campo, início de pressão de Clark CSA Kent, que rapidamente foi contida por The CRB Flash, que passou a gastar oportunidades de resolver a batalha.

Para se ter uma ideia, CSA chegou apenas 3 vezes: aos 11, com Rodolfo batendo falta próxima à área para fora; aos 26, com Robson lançando da direita para o cabeceio de Diego Clementino, com a bola indo na trave, mas o jogador estava impedido; e aos 39, em que o cruzamento da esquerda de Adalberto passou pela cabeça de Leandro, com a bola indo para fora.

As chances de The CRB Flash foram inúmeras, do tamanho da displicência na frente do gol, por conta disso, vou relatas a seguir as chances mais perigosas: aos 12, Carlão recebeu na direita, fintou o marcado, mas chutou por cima do gol; aos 17, Paulo Sérgio cruzou da direita, Schwenck triscou de cbeça e Carlão chegou de peixinho cabeceando para fora; aos 28, João Victor tabelou com Walter Minhoca na esquerda, aquele invadiu a área e chutou truncado para fora; aos 36, Schwenck recebeu um presente da defesa azulina, mas, dentro da área, chutou por cima do gol; por fim, aos 43, João Victor apareceu sozinho dentro da área, achou que estava impedido e perdeu o ângulo para o chute, tocando para trás, Jairo matou errado e Flávio encaixou.

A primeira etapa ainda teve duas substituições por lesões. Do lado de The CRB Flash, o "Sr. Batalha dos Aflitos" Galatto saiu para a entrada do goleiro Thiago. Do outro lado, Leandrinho sentiu o joelho e saiu para a entrada do meia Marielson.

MAIS DESPERDÍCIO E GOL ÚNICO
Para o inicio da segunda etapa, Clark CSA Kent tentou mostrar que poderia chegar para valer e levar a batalha para mais 30 minutos. No primeiro minuto, Everaldo, o poder artilheiro do campeonato, passou pela marcação e chutou perto do gol.

Mas The CRB Flash continuava golpeando com perigo. Aos 6, Schwenck roubou a bola na esquerda, avançou e cruzou na cabeça de Carlão, que mandou para fora num lance que Flávio só contou com o super sopro de Super Blue Man para afastar.

Antes de chegar aos 10 minutos, Clark CSA Kent teria duas chances. Na primeira, aos 9, cruzamento para a área e a marcação do adversário cabeceou para trás, com a bola indo na trave!!! Após a cobrança do escanteio, recuo para Marielson encher o pé de fora da área, mas a bola foi para fora.

A partir daí mais chances para The CRB Flash acabar com a disputa. Aos 13, Johnnattan enfiou boa bola para Schwenck chutar de três dedos e Flávio defender com a ponta de um das mãos. 4 minutos depois foi a vez de Paulo Sérgio arriscar de fora da área e mandar para fora. Aos 23, Pikachu, que entrou novamente no 2º tempo, girou prensado e Flávio só encaixou.

Mas a grande chance para Wally Cock veio mesmo aos 32. Johnnattan invadiu a área e tocou na saída de Flávio, mas torto, com a bola indo para fora.

A punição da bola, como dizem uns por aí, veio aos 34 minutos. Contragolpe de Super Blue Man, Diego Clementino só ajeitou para Elyeser adentrar a área chutando forte para o gol! Clark CSA Kent 1 a 0.

The CRB Flash até pressionou nos minutos finais, mas a partida terminou com 1 a 0 para Super Blue Man. Como o regulamento não diferencia o saldo de gols, a batalha ganharia mais 30 épicos minutos. Ou nem tão épicos assim...

CUIDADO
Dos dois lados prevaleceu a cautela, com raras chances nas duas etapas, ainda com maioria para Wally Cock. No início das duas etapas extras, com Denilson ganhando da marcação e chutando rasteiro e João Victor cabeceando para fora, respectivamente. Mesmo caminho de cabeceio de Denílson após cobrança de falta de Paulo Sérgio, aos 10 da segunda etapa; e de chute de Pikachu aos 11. No lance final, Paulo Sérgio cobrou falta e Flávio encaixou.

Super Blue Man só chegou uma vez, com Anderson arriscando chute de fora da área aos 8 minutos, com a bola indo para fora. Além de uma chegada de Diego Clementino, que foi bem travado pela defesa adversária, após aparecer livre dentro da área.
PENAIS
As emoções da definição do super herói da Liga da Justiça Alagoana em 2013 seguiram para o duelo de 11m, pela segunda vez na história dos super confrontos - na primeira, em 2006, o Hulk venceu Super Blue Man, em Coruripe. 

Nas primeiras cobranças de ambos, um gol para cada lado. Alex Henrique bateu primeiro, por Super Blue Man, e mandou no canto direito de Thiago, que pulou para o outro lado. Denílson bateu em seguida, também deslocando Flávio, mas no lado oposto.

Na segunda cobrança, o zagueiro Adalberto correu para bola, bateu forte na direita, mas Thiago acertou o canto e espalmou. Primeira cobrança desperdiçada e vantagem confirmada por Paulo Sérgio para The CRB Flash. Bola no canto esquerdo, sem chances de defesa.

Terceira cobrança de Clark CSA Kent e de novo com goleiro deslocado para o lado oposto. Desta vez foi Diego Clementino, empatando o confronto. Na hora de Wally Cock, Johnnattan foi para a cobrança, bateu na direita e foi a vez de Flávio espalmar, empatando o confronto em 2 a 2.

As quartas cobranças também foram acertadas. Everaldo deslocou Thiago, batendo na direita e o goleiro indo para o outro lado. E Marcus Vinícius bateu no canto esquerdo, mas tão no canto que Flávio não conseguiu encostar na bola.

Na última cobrança, Anderson foi nela e bateu estranho na esquerda. Thiago encaixou, deixando a responsabilidade para o artilheiro do time no campeonato confirmar o título. Schwenck foi para a bola e deslocou Flávio.

The CRB Flash 4 a 3 nos pênaltis e bicampeão alagoano!


domingo, 12 de maio de 2013

[Alagoano 2013] The CRB Flash corre na frente

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15 anos. Eis a quantidade de tempo esperada pelos aficionados para acompanhar o confronto dos maiores campeões da Liga da Justiça Alagoana. A última vez que The CRB Flash e Clark CSA Kent se encontraram para decidir algo foi em 2002, num quadrangular em que o último jogava apenas para não ver o rival sair campeão. Em 1998, após uma vitoria e um empate nas partidas decisivas, o CSA conquistava seu 35º Estadual. E em 2013?

Apesar de as duas partidas serem realizadas na Sala da Justiça Alagoana, cujo nome é do maior herói que já passou nos gramados desta galáxia, King Pelé, o sorteio definiu que o primeiro confronto teria mando de campo de Super Blue Man, com sua torcida podendo adquirir 70% dos 15.040 ingressos colocados à venda. Isso empolgava o maior campeão local:

- A torcida provou na partida passada que está conosco. É hora de garantir a vantagem para ganharmos mais um título. E no ano do centenário!

Do outro lado, a luta é pelo 27º título estadual e pelo bicampeonato alagoano. The CRB Flash contaria com o retorno de quatro armas titulares: o goleiro Gallato, os laterais Paulo Sérgio e João Victor e o zagueiro/volante Audálio. A ordem era não inventar:

- Volto com o máximo possível, mas sem criar nada demais para não escorregar. Vamos ser bi custe o que custar.

Com emoções a mil nos amantes da disputa dos super heróis alagoanos, hora de acompanhar como foi o primeiro combate entre The CRB Flash e Super Blue Man.

PRIMEIRO TEMPO AZUL, MAS IGUAL NO MARCADOR
Parecia que Super Blue Man estava em sua Kripton. O super herói começou mantendo a posse de bola, tocando bonito no ataque e mal dando chances de The CRB Flash respirar, quanto mais correr. A primeira chance veio aos 7 minutos, com Everaldo errando a matada no peito, mas chutando. Porém, a batida foi torta e para fora.

Quanto a pressão estava tamanha, The CRB Flash conseguiu escapar e bem. Aos 8 minutos, Paulo Sérgio cruzou da direita e Schwenck foi muito mais rápido que os marcadores que o cercava e se esticou para empurrar a bola para o gol. The CRB Flash 1 a 0.

Dois minutos depois, ainda com Super Blue Man tão atordoado quanto quando vê kriptonita por perto, a defesa errou a saída de bola e Jairo arriscou o chute, mas Flávio encaixou bem. Depois disso, apenas uma tentativa de Schwenck sem ângulo aos 17 minutos para Wally Cock.

Se aos 12 minutos, houve boa chance de gol para Clark CSA Kent. Falta na entrada da área. Rodolfo foi para a cobrança, bateu no meio do gol, mas baixo, facilitando a vida do goleiro Galatto, que encaixou a bola; até os 35 minutos só daria o super herói com maior posse de bola no confronto.

Aos 17 minutos, Everaldo cruzou da esquerda, Diego Clementino subiu sem qualquer marcação, mas cabeceou no meio do gol, para defesa de Galatto.

4 minutos depois não houve jeito. Diego Clementino começou a jogada passando como uma flecha por dois adversários, tocou para Everaldo, de novo na esquerda, cruzar para a área. Desta vez, por baixo, Alex Henrique foi mais rápido que a marcação e empurrou ao gol. 1 a 1.

Apesar da maior posse de bola, Super Blue Man falhava na criação, enquanto The CRB Flash esperava para dar o bote. Aos 40 minutos, Paulo Sérgio chegou com cobrança de falta, que Flávio, que falhara num cabeceio anterior, defendeu.

Antes do apito final, houve outra chance para The CRB Flash. Jogada rápida de ataque e chute de Carlão no meio do gol, com defesa de Flávio. Assim, o primeiro tempo da super final da Liga da Justiça Alagoana terminou mesmo no 1 a 1.

SUPERIORIDADE ALVIRRUBRA
Se Super Blue Man dominou a primeira etapa, a segunda foi toda de The CRB Flash, especialmente com a entrada de Pikachu no lugar de Jairo, aos 8 minutos. 2 minutos depois ele já teve a chance de virar a partida após receber passe de Jonnatahn - que nome! -, mas Flávio defendeu. No rebote, Carlão errou totalmente o chute.

Quando Clark CSA Kent pensava em modificar peças no meio de campo, com a entrada de Marielson no lugar de Rodolfo, The CRB Flash chegou ao segundo gol. Aos 18 minutos, Paulo Sérgio cruzou da direita e Schwenck, mais uma vez, apareceu sozinho entre os marcadores para cabecear no canto de Flávio. 2 a 1.

E não ficou por aí. Aos 21 minutos, Éverton Luiz passou pela defesa e arriscou o chute, a bola desviou na defesa e matou Flávio. The CRB Flash 3 a 1.

Super Blue Man tentava se manter em pé. Aos 24 minutos, Elyeser, que voltou a atuar após uma catapora, arriscou de longe, mas Galatto espalmou. Mas o sufoco, e o drama para a maioria do estádio, não acabou por aí.

Aos 31 minutos, falta em dois toques para The CRB Flash, Paulo Sérgio só ajeitou para Walter Minhoca bater rasteiro. Flávio estava na bola até ela bater na perna de Everaldo e ir em direção ao gol. 4 a 1.

Enquanto seus aficionados já tinham deixado The King Pelé Stadium, os poderes de Super Blue Man tentavam mostrar que ainda havia esperança. Aos 35 minutos, Elyeser cobrou falta, houve desvio no meio do caminho e a bola sobrou para Adalberto cabecear, mas para fora.

Ainda assim, houve tempo de aos 37 minutos, a diferença ser reduzida. Cruzamento na área, Everaldo ajeitou meio que sem querer para Diego Clementino aparecer rápido e empurrar ao gol. Clark CSA Kent 2 a 4.

A empolgação durou ainda alguns minutos. Aos 40', falta cobrada na área, Galatto cortou, Marielson arriscou de primeira, mas a bola foi por cima do gol. No minuto seguinte foi a vez de Leandrinho cruzar fechado da direita, mas Galatto seguia esperto e segurou a bola.

E o primeiro super confronto terminou com um super placar para The CRB Flash. 4 a 2 em Super Blue Man e a primeira mão na taça do bicampeonato.

REGULAMENTO
Devido ao regulamento que não leva em consideração a diferença do saldo de gols nos confrontos, apesar de estar desanimado, Clark CSA Kent precisa de uma vitória simples no próximo sábado para levar a partida para a prorrogação.


O super confronto derradeiro também será no The King Pelé Stadium, mas com 70% da torcida de The CRB Flash, que joga com a vantagem do empate para sair como o super herói desta setor de super heróis.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Coleção - Camisa Nº 2

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Tudo bem que a atual fase da Seleção brasileira de futebol não seja boa, mas a segunda camisa da coleção também não era de um bom momento. 24 anos sem ganhar uma Copa do Mundo FIFA. Época de o primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar ter sofrido impeachment, morte do grande ídolo nacional meses antes (Ayrton Senna). Porém, ainda assim, havia certo interesse sobre a participação da seleção canarinho - por mais que a mídia, né Dunga?, não confiasse tanto na seleção de Parreira. 

Eu tinha 6 anos e creio que a maioria das pessoas que viveu aquela disputa final de pênaltis deve lembrar em que lugar estava. Esta camisa, especificamente, tem uma história legal a se contar. Primeiro, reparem que não há como duvidar que se trata de uma réplica, já que o modelo é parecido com a usada na Copa de 1990, além da frase de incentivo ao tetra no lado direito. Ganhei da minha madrinha, provavelmente numa das então corriqueiras viagens a Maceió.

Uma semana antes do primeiro jogo do Brasil, a única TV que tinha em casa - tempos longínquos em que os aparelhos eram muito caros... - quebrou. Isso logo depois de eu ter mudado o canal, apertando uma das 13 teclas, antes de ligá-la. Se foi por conta disso, ou não, não sei, mas que a TV parou de exibir imagens, parou. Lembro de ter comentado: "ao menos dá para ouvir a narração".

Enfim, deu tempo de consertar. Passaram os jogos e devo lembrar apenas da primeira partida contra a Suécia, em que não assistimos porque, meu pai, minha irmã e eu fomos jogar bola na garagem, enquanto o Brasil jogava mal e Romário salvava a pátria com um bico. E, óbvio, da final.

Era muito fã do Romário - segui fã, apesar do que ele fez em 2000 contra o Palmeiras e sigo com a sua (surpreendente) atuação em Brasília - e em casa tinha além dos meus pais e da minha irmã, um vizinho. Prorrogação rolando e o Viola, na época no Corinthians, entraria. Não lembro se a Copa foi depois daquela comemoração imitando o porco na final do Paulista, que eles perderiam de goleada no jogo de volta. O vizinho começou a dizer que o Romário ia sair. Eu dizia que não.

Ele seguia perturbando, perguntando se eu tiraria a camisa do Brasil se o Romário saísse. Eu repetia que não, ele não ia sair. Muito fanático na época, resmunguei, provavelmente chorei, mas o Romário não saiu do time. Bateu um pênalti que acertou as duas traves antes de entrar e o Baggio fez o que fez. Brasil tetracampeão mundial e a certeza de uma infância/adolescência com o Brasil em três finais seguidas e com dois títulos mundiais conquistados. Tempo bom que não volta mais...

Camisa 2
Brasil (Confederação Brasileira de Futebol)
Réplica
1994
Ganha em Aracaju-SE
Valor não recordado

terça-feira, 7 de maio de 2013

[Alagoano 2013] Classificação também no final

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Tanto o Fantasma do Agreste quanto Super Blue Man vinham empolgados para o derradeiro confronto semifinal da Liga da Justiça Alagoana. Do lado azulino, a tranquilidade de empatar em casa e ficar com a vaga. Do lado alvinegro, as vitória por 3 a 0 contra o time reserva do Ceará pela Copa do Brasil mostrou que o vice-campeão nordestino seguia forte.

Em meio a um estádio lotado de aficionados por ambos, como já comentado por aqui, a batalha também foi emocionante e bastante equilibrada. Como o adversário de The CRB Flash no super confronto final se classificou será rapidamente comentado a seguir.


VANTAGEM CORROÍDA
Ainda com a vantagem, Clark CSA Kent optou por focar nas suas armas ofensivas para o confronto, ainda que com os desfalques do meia/volante Marielson, do volante Elyeser (com catapora - maldita kriptonita vermelha!) e do lateral-direito Leandrinho, suspenso. O primeiro ataque foi deste super herói, com Rodriguinho chutando de fora da área, mas para fora.

Enquanto Super Blue Man pressionava, apoiado pela imensa torcida na Sala da Justiça local, o Fantasma do Agreste se aproveitou. Após escanteio do rival, saída em contra-ataque, cruzamento rasteiro de Wanderson e a pistola calibre .45, meio maltratada pela torcida no Alagoano, atirou ao gol. Didira abriu o placar e quebrou com a vantagem adversária. Kit ASA Walker 1 a 0.

Depois disso, Clark CSA Kent se perdia, com muita posse de bola, mas pouca efetividade, enquanto o Fantasma aprontava das suas e conseguia manter bem a posse da bola nos pés, perdendo, inclusive, uma boa oportunidade com Léo Gamalho, que chutou para fora.

Só aos 46 minutos veio a grande jogada do maior campeão alagoano. Cruzamento na área, Everaldo chuta no canto, mas o anel da caveira funciona através de grande defesa de Gilson. O suficiente para os aficionados de Super Blue Man ficarem eletrizados nas arquibancadas.

A segunda etapa da disputa iniciou como terminou a primeira: muita pressão de Clark CSA Kent. Só depois de 20 minutos é que o Fantasma do Agreste começou a segurar a bola e tomar o controle do jogo, mostrando que teria mais condições de aplicar o segundo tiro que levar um. Porém, como o regulamento não diferencia saldo, tanto fazia marcar ou não outro gol e o jogo terminou com vitória de Kit ASA por 1 a 0 e mais uma prorrogação a vir.


MUITAS COISAS NO FINAL...
Apesar de ter atuado no meio de semana, Kit ASA parecia mais inteiro que Clark CSA para a prorrogação. Não é à toa que a primeira chance foi dele, com Marcinho arriscando e mandando para fora.

Depois, Super Blue Man tentou, e errou, em cobrança de falta do poder mais efetivo do campeonato, Everaldo; e com Mendes parando nas mãos de Gilson.

Até que o ponteiro do relógio chegou aos 7 minutos. O zagueiro (!!!) Adalberto correu pela esquerda, passou pelo marcador e tocou para Everaldo chutar e Gilson defender mais uma vez. No rebote, a bola sobrou para Alex Henrique dar o que parecia ser o golpe final do confronto. Clark CSA Kent 1 a 0 na prorrogação.

Parecia... Aos 12 minutos, contragolpe do Fantasma e a bola chegou aos pés da sua outra pistola .45, esta comprada este ano e apresentando muita eficiência. Léo Gamalho estava cara a cara com Flávio, driblou o goleiro e chutou alto, sem ângulo. Com o super sopro, Super Blue Man conseguiu desviar o suficiente para a bola atingir a trave e se classificar para grande batalha final frente o seu maior rival dentre os super heróis.


FINAL
Após 11 anos, CSA e CRB decidirão um Campeonato Alagoano. As partidas serão nos próximos sábados (11 e 18), ambas na Sala da Justiça Alagoana, The King Pelé Stadium, com o primeiro mando de campo sendo da equipe azulina. Promessa de muito mais emoções por aí e nós contaremos como terminará esta jornada. Aguardem!